Capítulo Doze

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Rosamaria estacionou o carro em frente ao barzinho e respirou fundo antes de sair. A cabeça ainda latejava com as lembranças da briga com Camila, as palavras duras e o olhar cheio de mágoa. Era sempre difícil deixá-la para trás, mas naquele momento, ela só queria se distrair, esquecer um pouco da tempestade emocional. Encontrar Lua parecia o escape perfeito.

Ao entrar, Rosamaria logo avistou Lua sentada em uma mesa discreta no canto. Um sorriso brotou em seus lábios ao vê-la acenar, sempre tão receptiva e acolhedora. Lua tinha uma energia leve, que trazia um certo conforto, e Rosamaria estava ansiosa por isso.

— Desculpe o convite de última hora, eu estava precisando beber — disse Rosamaria, com um sorriso tímido, enquanto se aproximava e sentava à mesa.

Lua deu de ombros, rindo.

— Tá tudo bem! Fico feliz em ser a escolhida para ser a companhia da famosa Rosamaria Montibeller.

A gargalhada de Rosamaria foi alta e genuína, algo que ela não sentia fazia um tempo.

— Ah, por favor, me poupe dessa fama. Sou só eu, nada demais.

Elas pediram suas bebidas e rapidamente entraram em um papo descontraído, falando sobre coisas banais. A leveza de Lua era revigorante. Entre uma risada e outra, Rosamaria começava a relaxar, a pressão do dia se dissolvendo a cada gole.

— Sabe, tem uma festa no próximo fim de semana que a Alice vai — disse Rosamaria, interrompendo uma história engraçada de Lua sobre seu trabalho. — Ela está super animada, mas, como sempre, fico um pouco preocupada.

Lua assentiu, compreensiva.

— Eu entendo, também fico assim com a Maya. Adolescente é imprevisível, né?

Rosamaria sorriu, mas um pensamento surgiu.

— Na verdade... seria uma boa ideia se a Maya fosse também. É uma oportunidade para elas se conhecerem melhor, e assim talvez eu ficasse um pouco mais tranquila.

Lua ergueu uma sobrancelha, surpresa.

— Sério? Eu adoraria! A Maya com certeza vai adorar também. Acredito que as duas tenham juízo, bom, a Maya um pouco menos.

Rosamaria riu.

— Exatamente. Assim fico com a sensação de que uma cuida da outra.

A conversa seguiu fluindo com uma facilidade inesperada, e a intimidade entre as duas começou a se aprofundar. Havia algo sobre Lua que fez Rosamaria se sentir à vontade, como se não precisasse esconder nada. Talvez fosse a maneira como Lua olhava diretamente nos olhos dela, sem julgamentos, apenas uma calma acolhedora. E isso a atraía.

A noite foi se desenrolando, com mais algumas rodadas de bebidas e risadas compartilhadas. Em certo ponto, Rosamaria deixou os olhos vagarem pelo rosto de Lua, admirando a suavidade das suas feições e o brilho nos olhos dela sob a luz suave do bar. Havia algo mais, algo que Rosamaria não podia ignorar. Uma faísca que vinha crescendo entre elas.

— Obrigada por estar aqui hoje, Lua — Rosamaria disse baixinho, após um momento de silêncio confortável. — Eu realmente precisava disso.

Lua sorriu de volta, o olhar profundo.

— Sempre que você precisar, eu vou estar por perto. Você merece alguém que cuide de você também, Rosamaria.

As palavras de Lua tocaram Rosamaria de uma forma inesperada. Durante tanto tempo, ela estava ocupada cuidando dos outros – de Alice, de Helena, até mesmo de Camila, mesmo depois da separação. Quando foi a última vez que alguém olhou para ela dessa forma, oferecendo o ombro e o coração?

Amor em jogo - Rosamaria Onde histórias criam vida. Descubra agora