Capítulo Quinze

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O quarto do hospital estava quieto, exceto pelo som constante do monitor cardíaco e o ocasional farfalhar das cortinas ao vento suave que entrava pela janela entreaberta. Rosamaria permanecia ao lado de Camila, os olhos inchados de tantas horas sem dormir, mas ainda cheios de uma esperança silenciosa. Ela ainda segurava a mão de Camila, sentindo cada batida do coração da mulher que amava como se fosse uma vitória.

As horas pareciam se estender como eternidades, até que Rosamaria, exausta, descansou a cabeça no colchão ao lado de Camila, sem soltar sua mão. Foi nesse momento, em meio ao cansaço e ao silêncio, que ela sentiu algo diferente: a mão de Camila se mexeu, com um leve aperto.

Rosamaria ergueu a cabeça rapidamente, o coração disparado. Seus olhos procuraram os de Camila, e então, pela primeira vez desde que tudo havia acontecido, as pálpebras de Camila tremularam. O mundo de Rosamaria pareceu parar.

— Camila?— Rosamaria sussurrou, a voz fraca, quase com medo de se permitir acreditar.

Os cílios de Camila se moveram novamente, e lentamente, seus olhos se abriram. O quarto parecia estar envolto em uma névoa, e a primeira coisa que Camila viu foi o rosto de Rosamaria, ainda borrado, mas inconfundível. Os olhos verdes de Rosa estavam cheios de lágrimas, mas havia um brilho ali, algo que Camila sempre conheceu: amor puro e incondicional.

— Rosa...— a voz de Camila saiu rouca, quase inaudível, mas foi o suficiente para quebrar a barreira de medo e incerteza que Rosamaria carregava no peito.

As lágrimas que Rosamaria tentara controlar finalmente caíram, mas desta vez eram de pura alegria. Ela se inclinou para perto, pressionando a testa contra a de Camila, o toque íntimo e cheio de alívio.

— Você está aqui... — Rosamaria sussurrou, segurando o rosto de Camila com as duas mãos agora. — Você voltou para mim.

Camila tentou sorrir, mas o esforço fez seu corpo lembrar da dor. Uma leve careta atravessou seu rosto, e Rosamaria imediatamente percebeu, ajustando os travesseiros com cuidado.

— Shh, calma... não precisa falar agora— Rosamaria disse, acariciando o cabelo de Camila. — Eu estou aqui, está tudo bem. Você está segura.

Camila fechou os olhos por um momento, ainda tentando processar tudo. A última coisa de que se lembrava era o rosto de Rafael, a dor... e então, escuridão. Mas agora, ao abrir os olhos novamente, era Rosamaria quem estava ao seu lado, como sempre. Ela sentia a segurança que tanto precisava, e, pela primeira vez em muito tempo, soube que estaria bem.

Rosamaria pegou a panda de pelúcia que Gattaz trouxera, segurando-o em frente a Camila. Um sorriso cansado, mas verdadeiro, surgiu nos lábios de Camila ao ver a panda. Ela sempre brincava que era seu amuleto da sorte, um símbolo de um dos primeiros momentos que as duas compartilharam quando começaram a namorar.

— Olha quem está aqui... Rosamila estava esperando você acordar também — Rosamaria murmurou com a voz embargada, colocando o bichinho perto de Camila.

Camila soltou uma risada fraca, mas logo os olhos se encheram de lágrimas. Havia tanta coisa que queria dizer, tanta coisa que sentia, mas naquele momento, o que mais importava era a presença de Rosamaria ao seu lado. O toque suave de seus dedos, a maneira como ela olhava para Camila com uma intensidade que deixava claro o quanto a amava.

— Eu... eu senti tanto a sua falta — Camila sussurrou com dificuldade, sua voz ainda fraca.

Rosamaria sorriu, inclinando-se para beijar a testa de Camila suavemente, como se estivesse selando um pacto silencioso.

— Eu estou aqui, e não vou a lugar nenhum— Rosamaria respondeu, a voz firme, mas doce. — Você nunca mais vai passar por isso sozinha, Camila. Eu prometo.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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