Capítulo 10

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Franco Colapinto

O barulho dos preparativos para a coletiva de imprensa pós-corrida era ensurdecedor. Podia sentir a adrenalina ainda pulando em meu sangue, uma lembrança vívida do que tinha acontecido entre mim e Sofia. O beijo, a química que flutuava entre nós. Era difícil simplesmente deixar tudo para trás e focar no trabalho.

Entrei na sala de imprensa com Albon, o ambiente já agitado com jornalistas ansiosos, cada um em busca de uma resposta, um ângulo, algo que pudesse capturar a essência do que acabara de acontecer na pista. Enquanto caminhava em direção ao meu lugar, não pude evitar de procurar Sofia. Ela estava ali, disfarçada entre os repórteres, mas sua presença era inconfundível. O jeito como ela tentava parecer concentrada só tornava tudo mais complicado. O sorriso dela, quando me olhava, era uma distração que eu não conseguia ignorar.

Albon tomou seu lugar e começou a responder perguntas. Eu ouvia, mas não conseguia desviar meus pensamentos de Sofia. Quando finalmente chegou minha vez, o nervosismo tomou conta, mas respirei fundo e decidi que era hora de mostrar a todos, especialmente a ela, o que eu realmente sentia.

— Franco, esta é a sua primeira corrida pontuando na Fórmula 1. Como se sente ao conseguir um resultado tão sólido logo no início de sua temporada? — perguntou um jornalista.

— Me sinto muito bem. Toda a equipe trabalhou duro, e acho que esses pontos são apenas o começo de algo ainda maior. Estou feliz por ter contribuído para isso hoje — respondi, tentando manter a expressão tranquila.

As perguntas continuaram, e eu fui respondendo com calma, mas dentro de mim havia uma tempestade de emoções. Cada vez que olhava na direção de Sofia, via seu rosto atento, e isso me impulsionava a me sair melhor. Mas logo a pergunta que eu temia veio à tona.

— E como está sendo a dinâmica com sua nova assistente? Ouvi dizer que há muita... química nos bastidores.

Um frio percorreu minha espinha, mas mantive a compostura. Olhei rapidamente para Sofia, e seus olhos estavam fixos em mim, um desafio silencioso. Aproveitei o momento.

— Sofia é uma excelente profissional. Ela me ajuda a manter o foco e a organização durante os finais de semana de corrida — disse, com um sorriso enigmático.

O público reagiu, e eu sabia que tinha uma oportunidade. Fiz uma pausa, sentindo que poderia levar as coisas para o próximo nível.

— E quanto à química... — comecei, olhando diretamente para ela. — Bom, algumas coisas simplesmente acontecem naturalmente, não é?

O murmúrio de risos na sala era quase ensurdecedor. Enquanto todos se divertiam, eu podia ver Sofia se afundando na cadeira, lutando para esconder seu rubor. O que eu estava fazendo? Estava me colocando em uma posição vulnerável, mas era necessário. Não conseguia mais ignorar o que sentia por ela.

— Mas nós somos profissionais e não existe nada além de trabalho.

A coletiva continuou, mas minha mente estava longe. Assim que terminamos, levantei-me rapidamente, precisando de um ar fresco, de um espaço longe da sala cheia de curiosidade.

Eu vi de longe Sofia encostada na parede, então me aproximei dela sutilmente.

— Você está fugindo de mim? — minha voz soou suave, quase um sussurro, enquanto me inclinava mais perto dela.

— Não estou fugindo — ela respondeu, mas sua firmeza falhou. O nervosismo que emanava dela era palpável. — Estou apenas... voltando ao trabalho.

— Temos muito a conversar ainda, Sofia — insisti. A seriedade da situação me atingiu. — Não podemos ignorar o que aconteceu.

— Não é sobre ignorar — ela murmurou, evitando meu olhar. — É sobre manter as coisas no lugar. Você sabe como isso pode complicar nossas vidas. Não podemos apenas... nos deixar levar.

Suspirei, eu estava chateado, mas não me afastei. A frustração crescia dentro de mim.

— E eu deveria fazer o quê? Fingir que não sinto nada quando você está por perto? — perguntei, a intensidade em minha voz fazendo seu corpo tremer.

— Eu não sei, Franco — admitiu, e eu percebi que estava lutando contra suas próprias emoções. — Isso tudo é tão complicado. Nós trabalhamos juntos... e o Lando...

— Lando? — interrompi, sentindo a raiva crescer. — O que Lando tem a ver com isso?

Ela hesitou, mas continuou.

— Você sabe que ele... ele gosta de mim, e se a situação entre nós dois sair do controle, pode acabar prejudicando tudo.

— Lando só quer ficar com você de qualquer jeito.

— E você também não está fazendo isso?

— Ele so quer te usar. Mas eu sinto algo a mais, eu estou gos...

— Não termina! — Ela me repreende — E o Lando é meu amigo, não fala assim dele.

Ri, mas não era um riso de diversão. Era uma mistura de exasperação e desdém.

— Lando não é o problema aqui, Sofia. O problema é que você continua se escondendo atrás de desculpas. — Me aproximei mais dela, e eu podia sentir a tensão entre nós, a energia vibrando. — Eu te quero. Sei que você me quer também. O que mais estamos esperando?

O silêncio entre nós era ensurdecedor. Eu estava pronto para ela, mas a resposta não veio. Em vez disso, vi a frustração se misturar com a confusão em seu olhar.

— Me encontre depois, no hotel — falei suavemente, esperando que ela entendesse a importância daquele momento. — Nós precisamos resolver isso.

— Franco, eu...

— Sem desculpas desta vez. — Dei um passo para trás, forçando um sorriso que não era verdadeiro. — Se você não vier, vou entender. Mas, se vier... — a deixei na expectativa. — Não haverá mais volta.

A observei se afastar, e minha respiração estava descompassada. Eu sabia que ela sentia o mesmo, mas estava presa em suas próprias barreiras. No fundo, eu apenas queria que ela se permitisse sentir o que nós dois já estávamos vivendo.

Enquanto ela se afastava, meu coração estava em um turbilhão. Mais cedo ou mais tarde, eu precisaria enfrentá-la e confessar tudo, mas, por agora, tudo que eu podia fazer era esperar. O momento estava se aproximando, e eu sentia que o destino estava nos guiando para isso. E talvez, só talvez, o momento de enfrentar a verdade estivesse mais perto do que imaginávamos.

Amigos & Rivais - Franco ColapintoOnde histórias criam vida. Descubra agora