Amigos & Rivais - Franco Colapinto

Capítulo 21

Sofia Oliveira

Eu estava sentada na cama, encarando a parede do quarto, tentando não pensar muito no que tinha acontecido mais cedo. A presença de Luisinha me irritava, e vê-la se aproximando de Franco só piorava as coisas. Era como se ela estivesse lá para me provocar, mesmo que indiretamente. A festa na piscina, os olhares, as risadinhas… tudo aquilo me deixava ainda mais desconfortável.

Eu ouvi um leve bater na porta antes de Franco entrar sem esperar uma resposta. Ele parecia relaxado, como se o dia estivesse indo perfeitamente bem para ele. Talvez estivesse.

— Ei, estava pensando… — começou, encostando-se no batente da porta, com aquele sorriso fácil. — O que acha de irmos conhecer uma vinícola aqui perto? Todo mundo diz que é incrível, além de ser uma boa desculpa para sair daqui.

Revirei os olhos, sem nem me preocupar em disfarçar minha irritação.

— Não estou com vontade, Franco. Pode ir sozinho ou, sei lá, com outra pessoa.

Ele fez uma careta, provavelmente não esperando essa resposta. Eu sabia que ele estava tentando me distrair, mas naquele momento, eu não queria distração. Eu queria distância dele, de Luisinha, e de toda aquela situação.

— Tá, se é o que você quer… — ele começou a responder, mas foi interrompido pela entrada repentina de Luisinha no quarto, arrastando sua mala para dentro como se o espaço fosse dela também.

Ela nos olhou com curiosidade, claramente tendo ouvido a última parte da conversa.

— Oi! Ouvi vocês falando de uma vinícola? — perguntou, com um sorriso no rosto. — Eu adoraria ir! Sempre quis visitar uma aqui na Sicília.

Franco, obviamente animado com a mudança de companhia, virou-se para ela.

— Sério? Ótimo, vamos juntos então! Vai ser divertido.

Eu apenas fiquei em silêncio, observando os dois conversarem como se fosse a coisa mais natural do mundo. Franco sorriu para Luisinha, já de saída, como se tivesse encontrado a solução perfeita para o passeio.

— Te vejo lá fora, então — ele disse para ela, sem sequer olhar para mim, antes de sair do quarto.

Assim que a porta se fechou atrás dele, o quarto ficou mergulhado em um silêncio incômodo. Eu não queria olhar para Luisinha, mas sentia o olhar dela em mim, como se estivesse prestes a fazer algum comentário que eu não queria ouvir.

— Então… — ela começou, jogando-se em uma cadeira próxima. — O que está rolando entre você e o Lando?

Eu me virei para ela, surpresa pela pergunta.

— Entre mim e o Lando? — soltei uma risada sarcástica, tentando esconder a irritação crescente. — Nada, Luisinha. Vocês terminaram, lembra? Ou você já esqueceu disso?

Ela riu, mas o riso dela era mais calmo, como se estivesse completamente no controle da situação.

— Eu sei que terminamos, Sofia. Só estou curiosa. Vocês estavam bem próximos na piscina, e achei que algo pudesse estar rolando.

Meu sangue começou a ferver, mas eu mantive a expressão o mais neutra possível.

— Não, nada está rolando. E mesmo se estivesse, não é da sua conta, certo?

Luisinha ergueu uma sobrancelha, claramente não abalada pela minha reação.

— Claro, claro… Mas para ser honesta, meu interesse em Lando já passou. — Ela deu um pequeno sorriso, como se estivesse prestes a soltar uma bomba. — Agora, estou interessada em outra pessoa.

Eu franzi o cenho, tentando entender o que ela queria dizer com aquilo.

— Em quem, exatamente?

Ela me lançou um olhar provocativo, os olhos brilhando de divertimento.

— O que acha do Franco?

Meu coração deu um salto involuntário, e eu tive que me controlar para não demonstrar o ciúme que subitamente me invadiu. Por que isso me incomodava tanto? Franco e eu não tínhamos nada… nada real, pelo menos. Então por que a ideia de Luisinha interessada nele me deixava tão desconfortável?

— Franco? — tentei manter o tom casual. — Vocês se dão bem, né? Se está interessada, não tenho nada a ver com isso.

Luisinha sorriu, aparentemente satisfeita com minha resposta.

— Ótimo, então. Porque acho que ele também está gostando da ideia de ficarmos mais próximos.

Eu não respondi, mas dentro de mim, algo se revirava. Ela estava me provocando, e sabia disso. Agora, eu estava começando a perceber que a presença de Luisinha aqui não era apenas uma coincidência. Ela estava disposta a testar meus limites, e eu odiava admitir que estava sendo afetada.

Enquanto ela arrumava suas coisas, fiquei em silêncio, tentando processar o que diabos estava acontecendo. Eu sabia que precisava me manter firme, mas era difícil ignorar o que sentia quando Franco e Luisinha estavam juntos.

— Você acha que o Franco gosta da cor azul? — Ela pergunta de repente mostrando um vestido.

— Por que eu saberia isso?

— Você é assistente dele

— Pode parar de querer me incluir nisso?

— O que eu fiz?

— Luisinha, eu não suporto o Franco, então eu não faço mínima questão de saber o que ele gosta ou não.

— Tá bom, já entendi — ela revirou os olhos. — É só um vestido, calma.

— É, um vestido que você vai usar pra provocar, né? — Eu apontei, cruzando os braços.

— Provocar? Eu? — Ela sorriu maliciosa. — Não sei do que você está falando.

— Claro que sabe! Você não me engana, não, Luisinha. Você veio fazer o que aqui? Está querendo fazer ciúmes no Lando? Se for isso, como eu já disse, vocês dois terminaram.

— Você insiste tanto em dizer isso, está até parecendo que você quer marcar território — ela fala sarcástica.

— Como é?

— Sabe Sofia, eu achei que nós éramos amigas, mas olhando agora — ela me encara de cima a baixo — Parece que você só queria se livrar de mim para ficar com o meu namorado

— Então é isso? Você acha que eu queria o Lando? — falo inconformada — Agora veio aqui na Itália só para ficar com o Franco, tentando me atingir?

— Te atingir? Está se ouvindo? Você é só a assistente dele — ela fala sorrindo cinicamente — Acho que você precisa se concentrar na parte profissional

— Eu não vou discutir com você

— Mas parece que é isso o que você está fazendo — Ela diz cruzando os braços — Começa a pensar um pouco mais com sua cabecinha, às vezes isso pode te ajudar, Sofia.

Antes que eu consiga responder, ela pega seu vestido e vai para dentro do banheiro. Essas férias realmente são uma tortura para mim.