Capítulo 3

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Sofia Oliveira

A sexta-feira começou cheia de energia. O paddock estava agitado, e a expectativa para os treinos livres era palpável. Eu observava enquanto os carros zumbiam pela pista, cada um mais rápido que o outro. Mas havia uma presença que parecia brilhar mais intensamente hoje: Franco.

Desde que ele se juntou à equipe, não podia negar que havia algo de especial em seu desempenho. Os mecânicos e engenheiros o elogiavam constantemente, e eu podia ouvir as conversas animadas sobre como ele estava se saindo bem. A cada volta rápida que ele dava, mais pessoas paravam para aplaudi-lo e oferecer palavras de encorajamento.

Eu tentei ignorar o burburinho em torno dele, mas, por algum motivo, isso me irritava. Não que eu quisesse que ele falhasse; apenas não queria me envolver com a forma como todos o idolatravam. Era como se o foco em Franco tirasse a atenção do que realmente importava, a corrida.

Depois do treino, vi Franco se aproximar de mim, com aquele sorriso provocativo que me deixava ainda mais irritada.

— Então, Sofia — ele disse, com um tom brincalhão. — Você não vai me elogiar também?

“Por que ele tem que ser tão insuportável?” pensei. Eu sabia que ele estava apenas tentando provocar uma reação, mas não estava disposta a ceder.

— Elogiar você? Por que eu faria isso? — respondi, a irritação transparecendo na minha voz.

Franco parecia surpreso por um momento, mas logo o sorriso voltou ao seu rosto, agora mais desafiador. Ele deu um passo para trás, olhando para mim como se quisesse memorizar minha reação.

— Sem problemas, só achei que você fosse diferente. — Ele se afastou, ainda sorrindo, como se tivesse vencido uma pequena batalha.

Depois que ele se afastou, a tensão na atmosfera parecia ter mudado. Era como se o clima ao meu redor tivesse se acalmado, embora eu soubesse que, de alguma forma, Franco havia deixado uma marca.

Nesse momento, Albon se aproximou, um sorriso amigável no rosto.

— E aí, Sofia! — ele cumprimentou. — Você viu como o Franco se saiu? Impressionante, não?

Eu suspirei, tentando conter a frustração.

— Impressionante, sim. Como se isso fosse uma grande surpresa.

Albon percebeu a tensão na minha voz e deu um passo à frente, curioso.

— Parece que você não está muito animada com isso.

— Ele é só um piloto novo tentando chamar atenção. Não quero entrar nessa competição de dizer que ele é o melhor — respondi, tentando parecer indiferente, mas sabendo que a verdade era mais complicada.

Albon riu.

— Bem, você sabe que a competição faz parte do jogo. Mas se precisar de alguém para desabafar, estou aqui.

Senti uma onda de alívio ao conversar com Albon. Ele sempre teve uma maneira de me fazer sentir mais leve, mesmo quando tudo parecia um caos.

— Obrigada, Alex. Às vezes, só preciso de um amigo por perto — admiti.

Enquanto continuávamos a conversar, não pude evitar olhar para Franco, que estava do outro lado do paddock, cercado por pessoas que o elogiavam. Eu queria ignorá-lo, mas havia algo nele que me intrigava, mesmo que isso me deixasse frustrada.

Depois de um tempo conversando com Albon, fui informada de que era hora de me preparar para a coletiva de imprensa. Olhei para a lista e percebi que teria que compartilhar a sala de entrevistas com Franco. Uma parte de mim queria desistir, mas a outra, mais teimosa, estava disposta a enfrentar o desafio.

Depois de conseguir afastar Franco das pessoas que o rodeavan, nós entramos no prédio, seguimos as setas indicativas e eu me perdi em pensamentos. Com a mente ainda confusa sobre as interações anteriores com Franco, acabei entrando na sala errada. Assim que entramos e a porta se fechou atrás de nós, percebi que estávamos na sala errada e a porta só se abria por fora.

“Ótimo,” pensei, enquanto olhava em volta. A sala era pequena e sem janelas, e a realidade de estar sozinha com Franco começou a me incomodar.

— Olha só onde você nos enfiou! — a voz dele cortou o silêncio, e eu o vi encostado na parede, com aquele sorriso insuportável.

— Eu não prestei atenção — respondi, cruzando os braços.

— Você entrou na sala errada, não é? Isso é tão típico de você, Sofia. — Ele se aproximou, a provocação evidente em seu tom.

— Não me venha com isso, Franco. — Eu o olhei nos olhos, tentando não me deixar levar pela sua presença. — Eu preferia que o Bortoletto estivesse ficado com a vaga. Ele é muito mais agradável.

Franco riu, um som que me irritava.

— Você acha que o Bortoletto iria lidar com você melhor do que eu? Não se esqueça de que ele é brasileiro.

— E você é argentino, o que torna tudo mais insuportável — retruquei, sem hesitar. A rivalidade entre nossos países sempre foi um tema delicado, e eu não tinha problema em usar contra ele — Não se esqueça que eu também sou brasileira

— Ah, a rivalidade. Você realmente acha que isso vai me abalar? — ele provocou, dando um passo mais perto, até que nossos corpos ficaram próximos, quase encostando na parede.

Senti meu coração acelerar, uma mistura de nervosismo e algo mais. A tensão no ar era palpável, e não pude ignorar a proximidade dele.

— Você é insuportável — consegui dizer, mas minha voz tinha perdido parte da sua firmeza.

Ele sorriu, satisfeito com minha reação.

— E você está gostando disso, não está?

— Não estou gostando de nada — menti, tentando manter a aparência de controle, mesmo enquanto a situação me deixava inquieta.

— Você sabe que não pode ficar brava comigo para sempre, não é? — ele disse, inclinando-se um pouco mais perto. O espaço entre nós parecia diminuir, e a intensidade do momento me deixava dividida entre querer empurrá-lo para longe e querer sentir mais daquela proximidade.

A porta se manteve trancada, e eu sabia que não podíamos ficar ali para sempre, mas a tensão estava longe de se dissipar. Franco tinha uma forma de me provocar que era ao mesmo tempo irritante e intrigante.

— Espero que alguém venha nos resgatar logo — disse, tentando mudar de assunto, mas a verdade era que, no fundo, a ideia de ficarmos ali um pouco mais era, de alguma forma, tentadora.

— E se eu não quisesse que nos resgatassem? — Franco provocou, e a sinceridade nas suas palavras me pegou desprevenida.

— Você é insuportável, Franco — repeti, agora sem a mesma convicção.

Ele sorriu mais uma vez, como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre mim. E, naquele momento, percebi que a rivalidade que tanto alimentava também trazia uma chama que eu não conseguia ignorar.

Alguns minutos depois, uma funcionária da equipe de marketing conseguiu nos achar e nos tirar daquela sala a tempo de realizar a entrevista.

Amigos & Rivais - Franco ColapintoOnde histórias criam vida. Descubra agora