Amigos & Rivais - Franco Colapinto

Capítulo 2

Franco Colapinto

Eu ainda não conseguia acreditar. Ser o novo piloto da Williams era um sonho que se tornava realidade. Depois de anos batalhando nas categorias de base, finalmente estava onde sempre quis. Meu coração batia rápido de empolgação enquanto caminhava pelo paddock, o barulho dos motores ao fundo era como música para os meus ouvidos. Essa era minha chance de provar que eu merecia estar ali.

Mas, no meio do meu entusiasmo, tudo ficou de cabeça para baixo. Literalmente.

Eu estava distraído, absorvendo o ambiente, quando me esbarro em alguém e, de repente, sinto o choque de um líquido frio se espalhando. Minha garrafa de água tinha virado... em cima de uma garota.

— Ah, não, não, não! — exclamo, já tentando resolver o desastre.

Ela estava coberta de água, os olhos faiscando de raiva, e eu percebi que tinha cometido um grande erro.

— Você só pode estar de brincadeira! — ela grita, a voz carregada de irritação. — Além de me molhar inteira, nem presta atenção por onde anda?!

— Calma, foi um acidente! Eu... eu estava distraído... — tento explicar, mas a raiva dela era palpável. — Deixa eu te ajudar com isso.

Ela me encara como se eu fosse a última pessoa na Terra com quem ela gostaria de interagir. Seu rosto corado e a expressão feroz me deixam claro que essa não seria uma conversa fácil.

— Não precisa! — Ela corta, me afastando com um gesto brusco. — Só fique longe de mim.

Eu assisto, sem palavras, enquanto ela se afasta em passos firmes. E tudo o que consigo pensar é: ótimo jeito de começar, Franco.

Ainda tentando processar o que aconteceu, sigo para a garagem da Williams. Estar ali, no coração da equipe, me traz um pouco de alívio depois daquele encontro desastroso. Os engenheiros e mecânicos já estão me esperando, ajustando o carro, e eu sinto o entusiasmo voltando.

Poucos minutos depois, quem eu vejo entrando na garagem? A mesma garota de antes, agora usando uma roupa seca, mas o olhar dela ainda carregava a mesma irritação.

James, o chefe da equipe, me chama.

— Franco, venha cá. Quero te apresentar à sua nova assistente pessoal, Sofia Oliveira. Ela vai garantir que você tenha tudo de que precisa durante a temporada.

Eu congelo por um segundo. Claro. Ela era Sofia, a assistente. A mesma garota que eu havia molhado minutos atrás.

— Ah, você... — começo a falar, mas o olhar dela me corta.

— Não precisa se incomodar, já nos conhecemos — ela responde secamente, lançando um sorriso forçado para James.

O clima entre nós fica tenso, e James percebe, mas decide seguir em frente como se nada tivesse acontecido.

— Ótimo, então. Vamos logo para a coletiva de imprensa.

A coletiva era o meu momento de brilhar. Sentei-me ao lado dos outros pilotos e da equipe de comunicação. Sofia estava logo atrás, acompanhando tudo, provavelmente ainda irritada comigo. Não podia fazer muito sobre isso agora, então me concentrei no que importava: minha estreia.

As perguntas começaram, a imprensa queria saber tudo sobre o novo piloto da Williams, e eu estava pronto para dar as respostas. Quando o assunto sobre o ex-piloto, Logan, veio à tona, eu não consegui resistir a uma pequena provocação.

— Logan era um bom piloto — digo, com um sorriso que não consigo esconder. — Mas acho que estava faltando um pouco de... foco ultimamente. Talvez seja bom para a equipe ter alguém com mais determinação agora.

O olhar de Sofia queimava nas minhas costas, mas eu continuei, sentindo a adrenalina da coletiva.

Quando tudo terminou, me virei para falar com ela. Queria, de alguma forma, amenizar a situação e explicar que o que aconteceu antes foi um acidente. Mas, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela me ignorou completamente, saindo da sala sem me dar uma única palavra ou olhar.

Eu suspirei, olhando para o vazio onde ela havia estado.

— Isso vai ser mais difícil do que eu pensei — murmurei para mim mesmo, já antecipando o que estava por vir.

No corredor do local, eu encontro os pilotos e eles me chamam rapidamente para a sua roda de conversa.

— Bem vindo cara — Lando Norris diz me cumprimentando.

— Obrigado.

— Eu vou te adicionar no grupo — George Russell fala animado logo atrás de Lando — Me passa o seu número

— Que grupo?

— Nós temos um grupo de pilotos do Grid — Lando responde.

— Só do Grid mesmo, quando Logan foi demitido, o George expulsou ele, minutos depois — Verstappen fala rindo — Bem vindo ao grupo

— Obrigado.

— Eu não expulsei — George se defende.

— Sem contar que ele saiu espalhando a fofoca para todos — Stroll comenta rindo

— Eu não espalhei, eu compartilhei e isso é muito diferente.

— Você deveria tomar cuidado com a Sofia — Charles comenta participando da conversa — Se ela descobre que você está mexendo com o melhor amigo dela.

— Melhor amigo? — pergunto, confuso.

— Os dois são muito próximos. A brasileira não é fácil de lidar — Charles acrescenta, e isso faz com que eu me lembre dos nossos primeiros encontros. Não foram exatamente tranquilos.

— Com o Logan fora do grid — Lando diz, sorrindo, — eu vou tentar novamente me aproximar dela. Quem sabe agora eu tenho chances.

— Não desiste nunca — Verstappen resmunga, claramente duvidando das intenções de Lando.

— Você acha que só você pode namorar uma brasileira? — Lando provoca, mas Verstappen não se deixa abalar.

— Lando, a Sofia não vai namorar com você — ele responde, quase como um fato.

— É mais fácil ela namorar o Franco do que qualquer um do grid que ainda esteja solteiro — Stroll diz, com sinceridade, e a declaração me pega de surpresa.

— Por que você acha isso, Stroll? — pergunto, tentando manter a compostura, embora saiba que a química entre mim e Sofia não é a melhor.

— Porque você é o novato, e ela pode achar que pode te manipular — Stroll responde com um sorriso travesso.

“Manipular? Essa definitivamente não é a palavra que eu escolheria,” penso, lembrando da nossa última interação. Era claro que eu não havia deixado a melhor impressão.

— A Sofia e eu temos... diferenças — admito, tentando ser honesto. — Mas isso não significa que eu não possa tentar entender melhor a situação.

Verstappen arqueia uma sobrancelha.

— Então você vai atrás dela, mesmo sabendo que ela não parece interessada?

— Olha, eu não vou desistir só porque as coisas não foram perfeitas de início — digo, sentindo a adrenalina subir. — Se tiver uma chance, vou me esforçar para que ela veja que sou mais do que ela pensa.

Lando ri, quebrando a tensão.

— Bom, então que comece a competição!

Enquanto me afasto, sei que a batalha não vai ser fácil. Não apenas na pista, mas também com Sofia. Mas estou decidido a descobrir se, de alguma forma, posso conquistar sua confiança.