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Quando acordei horas depois não estava mais no carro, estava deitada em uma cama com cobertas grossas e quentinhas, olhei em volta e me deparei com um quarto lindo, era rústico, paredes de madeira assim como o chão, de frente para a cama tinha uma...

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Quando acordei horas depois não estava mais no carro, estava deitada em uma cama com cobertas grossas e quentinhas, olhei em volta e me deparei com um quarto lindo, era rústico, paredes de madeira assim como o chão, de frente para a cama tinha uma lareira e acima da mesma tinha uma TV, me levantei e fui olhar o que havia nas três portas que estavam no quarto, sendo uma na esquerda e duas na direita, a primeira porta a direita ficava próxima a enorme janela que aberta dava para uma sacada, essa porta continha nada mais e nada menos que um closet grande com um espelho que pegava na parede toda, o closet estava cheio de roupas femininas e em uma das prateleiras continha perfumes caros, daqueles que sentimos o cheiro na perfumaria, nos apaixonamos e depois com a cara mais lavada do mundo olhamos para a vendedora e dizemos " eu vou ali resolver umas coisas urgentes e volto aqui sem falta para buscar" e adivinha só o spoiler, nunca mais voltamos. A segunda porta da direita perto da cama ficava o banheiro, e eu m senti a pobre menina rica das fanfics quando vi que tinha uma banheira enorme e um chuveiro daqueles modernos que custam um rim e um fígado no mercado negro, depois de olhar tudo do quarto a porta da esquerda foi aberta e por ela entrou Harry usando apenas uma calça de moletom vermelha, fiquei o encarando sem me importar se me sentiria envergonhada depois, ele é lindo, e o que tem de beleza ele tem de músculos, meus olhos desceram em direção ao "v" abaixo de seu abdômen bem definido, e eu senti que lavaria as roupas sujas com o maior prazer nesse tanquinho lindo.

- Gosta do que vê?

- Sim, quer dizer não, não gosto.

- Mesmo? Essas bochechas vermelhas me dizem outra coisa.

- É apenas o frio.

- Sei, deixarei esses seus olhinhos atrevidos sem punição dessa vez.

- Punição?

- Sim, pensei em umas palmadas, o que acha?

- Cachorro. - Harry começou a rir uma gargalhada que me deu arrepios, mas não foi em um bom sentido, antes que eu pudesse refletir muito ele me tira dos pensamentos.

- Está com fome? Pedi pizza, sei que não é o momento para brincadeiras e nem flertes, mas pensei que talvez uma pizza pudesse te animar um pouco.

- Amo pizza, e sim estou com fome, sobre brincadeiras eu não me importo, eu não quero viver no luto, eu quero justiça quero lembrar delas e não sentir dor.

- Será um processo Lynn, mas a pizza pode ser o seu primeiro passo para um recomeço.

A pizza estava deliciosa, me pergunto onde foi que Harry a comprou, nunca comi uma pizza tão recheada e saborosa como essa em todos esses vinte e dois anos de vida, mas não posso ser hipócrita, embora a pizza fosse uma maravilha eu não conseguia me desconectar dos meus pensamentos, minha cabeça continuava a voltar para horas atrás, quando Leonardo matou minha família, e o meu coração doía, a dor que eu sentia no peito toda vez que eu me arrastava por essas lembranças que ainda estavam tão frescas como a tinta de um quadro recém pintado, era absurda, não adiantava negar, eu estava mentindo para mim mesma toda vez que tentava esquecer desse luto recente, estou tentando me manter forte, inabalável mas no fundo eu fui destruída, tudo em mim desmoronou quando a garganta de Aurora foi rasgada e o coração de minha mãe foi arrancado diante de meus olhos. Terminei de comer em silêncio, pedi licença e me levantei para voltar ao quarto no qual acordei minutos antes, Harry tentou puxar uma conversa, me convencer de ficar na cozinha um pouco mais para me distrair, porém eu não estava a fim, queria, precisava, ficar sozinha, desde que acordei no hospital eu não tive privacidade, não pode viver o meu luto e nem chorar, fui simplesmente bombardeada de muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, Fernando me interrogando, depois Harry aparecendo e me levando do hospital e o ponto mais importante, minha ficha caindo de que toda a merda que dona Ana me contou, é real, tão real que custou a vida da minha mãe e de minha irmã. Fechei a porta do quarto e fui direto para o chuveiro, tomei um banho de banheira, devo ter ficado uns bons quarenta minutos de molho, depois de me secar e escovar os meus dentes fui até o closet e peguei uma calcinha preta lisa, e uma camiseta vermelha também lisa, a camisa por minha sorte era bem molinha e grande, o que me deixou mais confortável, odeio dormir com roupas me apertando, fiquei muito tempo me revirando na cama tentando dormir, eu estava acostumada a dividir o quarto com a Aurora e agora estou sozinha, sem minha irmã para atazanar e sem o cheiro do hidratante corporal barato que ela passava todas as noites antes de dormir e que deixavam o quarto todo cheirando a morango. Deveria ser por volta das duas na manhã quando finalmente dormi, entretanto o luto veio me atormentar novamente, mais dessa vez em meus pesadelos, eu estava acorrentada no chão e Leonardo me fazia assistir a morta de minha irmã e de minha mãe, de novo e de novo, como um pesadelo infinito, então de repente ele parou com o coração de minha mãe em suas mãos, me olhou com um sorriso torto e cheio de dentes afiados e disse:

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