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Oito dias, quatorze horas, trinta e três minutos e onze segundos é o tempo em que estou nesse vilarejo com Harry, e é o tempo em que consegui entender algumas coisas, como por exemplo, nesse vilarejo eles não agem como uma matilha, na verdade são ...

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Oito dias, quatorze horas, trinta e três minutos e onze segundos é o tempo em que estou nesse vilarejo com Harry, e é o tempo em que consegui entender algumas coisas, como por exemplo, nesse vilarejo eles não agem como uma matilha, na verdade são mais parecidos com humanos do que pensamos, esses oito dias serviram também para me deixar ansiosa, quanto mais as horas, os minutos e os segundos passam, mais eu tenho a sensação de que não vou conseguir fugir. Harry grudou em mim igual um carrapato e tenta frequentemente flertar comigo, isso daria certo se eu não tivesse descoberto através de um livro que o lance de transar com ele era mentira, ele se aproveitou da minha fragilidade para colocar uma mentira na minha cabeça, e quando eu estivesse caidinha por ele, como uma cobra peçonhenta ele daria o bote e eu sairia ferida. Estava me vestindo quando Harry bate na porta, eu pedi para que ele esperasse um momento, depois de vestida e de dar um longo suspiro, disse a ele que podia entrar.

- Te atrapalho?

- Não, estava apenas me trocando, o que veio fazer no meu quarto tão cedo?

- Só passei para avisar que hoje não me juntarei a você no café da manhã, tenho alguns assuntos para resolver fora do vilarejo.

- Ah! Tudo bem, espero que consiga resolver os seus assuntos.

- Bom então eu já vou indo, até mais tarde.

- Harry!

- Sim?

- Você poderia me trazer um livro? Acabou de lançar um romance que quero muito ler e na pequena livraria do vilarejo não tem ainda, o livro se chama A canção dos corações.

- Seu desejo é uma ordem, antes de voltar eu compro para você.

- Obrigado - vou até ele e dou um selinho em seus lábios.

- Com um agradecimento desses meu dia acabou de ficar melhor, eu realmente devo ir, até mais tarde Lynn.

Assim que Harry fechou a porta atrás de mim, levei minhas mãos aos meus lábios e os limpei, depois de fazer esse gesto me dei conta de que hoje era o dia de fugir, que se eu não o fizesse hoje, provavelmente morreria ou viraria uma prisioneira, peguei uma mochila preta que estava escondida no closet e nela coloquei apenas uma troca de roupas quentes e alguns mantimentos como, frutas picadas em um potinho, água, lanterna e um mini kit de primeiros socorros, esses mantimentos eu fui estocando durante a semana, nos raros momentos em que Harry por um milagre desgrudava de mim, sai do quarto fingindo que iria tomar um café e ir para a biblioteca da casa, o café de fato eu tomei mas ir para a biblioteca foi mentira, assim que os empregados pararam de me observar fugi da casa pela minha sacada, comecei ir para dentro da floresta na direção oposta do vilarejo, não me dei ao luxo de correr pois descobri como a audição dos lobos é boa não quis correr o risco deles escutarem minha fuga. Quando percebi que finalmente estava a uma boa distância da casa e do vilarejo, aumentei os meus passos, não fazia ideia de para onde eu estava indo, mas me perder na floresta ainda me parecia melhor do que ficar com um cara que claramente queria tudo, menos me proteger, em determinado momento parei para beber água em um riacho, quando reparei em meu reflexo me assustei, atrás de mim estava ele, Harry, furioso, não me permiti pensar, eu corri, e quanto mais eu corria mais eu tinha a certeza de que era o meu fim, e mais meus instintos gritavam de que meu pesadelo agora se tornara real. Harry em uma tentativa de me segurar acabou arranhando meu braço com suas garras afiadas, eu não entendia como eu estava correndo tão rápido, mas ainda assim não estava rápida o suficiente, me encontro em pânico e ofegante e Harry seguia tentando me pegar e rosnava a cada falha.

- Vamos lá coelhinha, não seja tão rebelde.

Em uma fração rápida de força que me surgiu, acertei o rosto de Harry com uma pedra que por alguma sorte divina consegui pegar no chão, Harry por sua vez soltou um rugido de fúria e assim como em meu sonho gritou aquelas palavras que tanto me davam ânsia.

- CORRE COELHINHA, CORRE.

- ME DEIXA EM PAZ SEU MERDA.

Continuei correndo afinal era a única coisa que me restava, alguns minutos depois, talvez horas, eu estava exausta não aguentava mais fugir, minhas pernas estavam fracas e meu pulmão implorava por ar, Harry me jogou no chão e suas mãos com garras vieram para meu pescoço.

- Acabou para você coelhinha, e sabe é uma pena, eu realmente queria montar em você, mais se bem que nada me impede de montá-la aqui e agora.

- Não, por favor, não

- Shii eu prometo que você vai gostar.

Em um puxão Harry rasgou minha camisa e começou a beijar meu peito, não sei quando foi que comecei a chorar, apenas me dei conta quando lágrimas salgadas molharam os meus lábios, esse seria o meu fim, morreria, seria estuprada, e morreria aqui nessa floresta, sozinha, violada e com medo. Quando senti Harry colocar suas mãos em minha calça, com a mesma velocidade que ele me derrubou, ele foi jogado com força para longe de mim, não me permiti entender o que aconteceu, me levantei e corri para o mais longe que eu conseguiria sem me importar com minha camisa rasgada e meus seios expostos, quando finalmente parei uma mulher de cabelos lisos e pretos surgiu em minha frente.

- Quem é você?

- Mary

- O que quer comigo?

- Te levar para a alcateia Black.

- Conta outra, o vira-lata disse o mesmo, mas depois tentou... ele tentou...

- Ana me mandou aqui, tinha uma dívida com ela, e vou ter pagado essa dívida te mandando em segurança para o outro mundo.

- Ana? A dona Ana?.

- Vamos logo menina, o portal vai se fechar.

Dizem que confiança é uma via de mão dupla e que pode definitivamente te matar ou te decepcionar muito, mas eu não tenho mais nada o que perder além da minha vidinha de merda então confiaria em Mary.

- Vamos, quero sair daqui o mais rápido possível.

- Certo! Por aqui, precisamos apenas seguir reto.

E assim seguimos, menos de cinco minutos andando paramos na entrada de uma caverna e bem na frente havia um portal de sombras flutuantes que mais se pareciam com fumaças, não esperei muito e logo atravessei o portal com lágrimas em meu rosto, atravessamos e o mesmo se fechou, olhei para a frente e dei de cara com uma criatura de dentes pontudos e esquelético, e por incrível que pareça não tive medo, de alguma forma eu sentia que de fato os piores e mais perigosos monstros são aqueles que se parecem com humanos.

- Olá Lynn, que bom que chegou.

- O que eu faço? Estou aqui e agora?

- Você está péssima, bom agora você irá para a casa.

Em um momento eu estava com Mary e o bicho esquisito, no outro eu estava caída na floresta toda machucada com um macho de olhos castanhos segurando a porra de uma arma na minha cabeça.

- Eu só vou perguntar uma vez, quem é você e o que faz nesse território?

Me mantive em silêncio, minha mente ainda estava carregando as informações, e meu corpo todo tremia e eu não sabia se era de frio, medo ou adrenalina.

- Quem é você porra?

- Eu pensei que só ia perguntar uma vez.

- RESPONDA.

- Ei calma aí grandão, eu acabei de quase ser estuprada, fui arrastada por um portal e jogada aqui por um bicho feio, eu estou surtando aqui então vê se para de gritar comigo e me dá um tempo pra processar tudo. - Depois de dizer isso, o macho me virou para encarar meus olhos, e para a minha surpresa o cara tinha garras a mostra, e fiquei mais surpresa ainda quando notei que o macho estava muito puto.

- Hei, o que foi? Você não vai me matar não né? - o cara sequer me respondeu, e eu como não sou boba nem nada me virei para fugir, mais aí do nada só senti um baque na cabeça e tudo ficou escuro.

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