Capitulo 7

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LAURA GABRIELLI
🌅 Rio de Janeiro, Brasil.

A casa de Gabriel estava cheia, e as vozes da família dele ecoavam pela sala. Eles estavam jogando conversa fora, rindo e fazendo piadas, e eu me sentia como um peixe fora d'água. Após a briga com Thaissa, o clima estava tenso, e eu tentava disfarçar minha ansiedade enquanto arrumava os papéis sobre a mesa.

Gabriel estava ali, me observando, e não consegui evitar a sensação de que ele estava analisando cada movimento meu.

— Olha, não sei se você percebeu, mas tem um bando de gente na sala e você tá aqui organizando papéis como se fosse uma artista de arte moderna — ele comentou, um sorriso maroto nos lábios.

— E o que você quer que eu faça? Dance uma valsa no meio da sala? — respondi, tentando soar sarcástica, mas o nervosismo se refletia na minha voz.

Ele se aproximou um pouco mais, cruzando os braços.

— Sabe, você pode fingir que tá tudo bem, mas tá na cara que não tá. O que foi dessa vez? A Thaissa te deixou assim?

— Claro que não! — eu retruquei, mais alta do que pretendia. O peso da briga ainda me deixava angustiada. Eu estava tentando manter tudo sob controle, mas, com a família dele ali, tudo parecia mais complicado.

— Então o que é? — Ele não desistia. E, por algum motivo, isso me deixava ainda mais irritada. — Você sempre tem um jeito de fazer parecer que tá tudo uma maravilha, mas eu conheço você.

— Você não conhece nada — murmurei, e me senti um pouco exposta. A ansiedade começou a se manifestar novamente, e eu me vi arrumando os papéis de maneira obsessiva, como se isso pudesse me trazer algum conforto.

Gabriel deu um passo mais perto, e sua expressão se tornou mais séria. Ele se sentou ao meu lado no sofá.

— Por que você 'tá tão inquieta, hein?— Ele segura os papéis que eu estava organizando. Sinto meu coração palpitar. — Você fica organizando os papéis, organizando suas canetas, mexendo nos dedos. O que tá rolando? Isso não é normal não, pô.

— Não é nada, Gabriel.

— Para de mentir, mano. Você acha que eu não te conheço não? — Pergunta — Você tá mentindo na maior cara de pau. Vai me falar que parada tá acontecendo ou não?

— Eu não tomei meu remédio nas últimas semanas.

— Remedio? Que remédio? — Perguntou preocupado. — 'Tá com dor? Eu te levo lá na farmácia, pô. A gente compra isso aí.

— Não, eu não estou com dor. Não é isso.. — Coço meu pescoço. — Eu desenvolvi transtorno obsessivo- compulsivo.

— Que isso, Lau? — Sua expressão é confusa. — Você tá doente?

— Não, Gabriel. — Não resisto e dou risada. — Tecnicamente, eu estou. É TOC, entendeu? Eu faço psicoterapia e tomo alguns remédios.

— Entendi. — Sua feição ainda continua confusa. — Vamos comprar seu remédio então.Vamos então. — Ele estende a mão pra mim. — O que foi? Você precisa! Vamos cuidar de você. Levanta aí, mano.

— Não, Gabi. Eu não quero! Eu estou bem, tá bom?— Tento o tranquilizar. — Esse remédio me deixa com sono, meio.. drogada. Eu não curto não.

— Mas não existem outros? Avisa pro seu médico.

— Eu tenho outras preocupações.

Ele semicerra os olhos, e se senta novamente do meu lado. Ele está com aquele olhar de quando tem uma pulga atrás da orelha, de que está analisando toda a situação.

Capítulo inacabados Onde histórias criam vida. Descubra agora