Autor: Brendon SS.
O cobertor tocava a pele de Harry gentilmente, seu tecido macio e aconchegante proporcionando um conforto envolvente. Ele mal tinha conseguido pegar no sono, o cansaço finalmente cedendo após uma noite de lua cheia, quando as batidas frenéticas na porta o arrancaram de seu breve descanso. O som insistente repercutia pelo quarto, perturbando a tranquilidade do ambiente. Era Ezreal, e a urgência em suas batidas deixava claro que ele não iria embora até ser atendido.
Harry sentou-se na cama, exausto, com os cabelos desarrumados e o rosto levemente inchado pelo tempo no travesseiro.
— Pode entrar — disse ele de má vontade, passando a mão pelos olhos para tentar despertar.
Ezreal entrou apressado, sem se preocupar em ter acordado o amigo, e sentou-se na poltrona ao lado da cama de Harry. O quarto ainda estava escurecido, com as janelas fechadas e ligeiramente bagunçado, roupas jogadas por toda parte.
— Harry, eu esqueci completamente — disse Ezreal, com os olhos arregalados de preocupação. — Amanhã começa o período de Michaelmas. Eu preciso comprar meus materiais de estudo.
Harry olhou incrédulo para o amigo, ainda se sentindo atordoado pelo sono interrompido. Ele piscou algumas vezes, tentando processar a informação.
— Você me acordou... Pra falar isso? — perguntou ele, se jogando para trás novamente, afundando a cabeça no travesseiro. Ele passou uma mão pelos cabelos desarrumados, tentando afastar a exaustão.
— Você estava dormindo? Já são 7 horas da manhã — respondeu Ezreal, surpreso, seus olhos percorrendo o quarto bagunçado.
— Você dormiu durante a lua cheia. Eu não — reclamou Harry, puxando o cobertor e se virando para o lado que o amigo tinha sentado. Ele sentia o peso das responsabilidades pressionando seus ombros. — Da próxima vez, você que fica de encarregado.
Ezreal recostou-se confortavelmente na poltrona, observando o estado do amigo. Sabia que Harry estava constantemente sob pressão e julgamento. Desde que assumira a posição de alfa, a responsabilidade e as expectativas do vilarejo pesavam sobre seus ombros, deixando-o visivelmente e constantemente cansado. As olheiras profundas e o semblante abatido eram testemunhas silenciosas da batalha diária que ele enfrentava, mas pouco reclamava.
Harry sempre fora seu melhor amigo desde que chegou ao vilarejo, mas recentemente, Ezreal notava algo mais sombrio no olhar de Harry. A presença de Klaus, seu irmão, apenas reavivava o passado doloroso e aumentava a sensação de solidão que o consumia. Harry se sentia isolado, mesmo cercado por sua matilha.
— Seu pai que cuidava disso — lembrou ele olhando para uma de suas mãos distraidamente. — Mas agora, é você quem decide. O problema é que estamos com muitos lobos que ainda não têm controle total da transformação.
Harry suspirou, a irritação evidente em seu tom.
— Sinceramente? Eu acorrentaria eles. Seria só por algumas horas. Não é grande coisa, mas os mais conservadores dizem que é contra a nossa natureza e Conan sempre concordou. Aí eu tenho que ficar apagando incêndios na floresta. Uma hora, eles vão acabar matando alguém, como já aconteceu.
Ezreal tentou acalmar o amigo, inclinando-se para frente.
— Não exagera, Weyland. Ninguém anda pela floresta de madrugada e não há registros de mortes pelas nossas mãos há quase 30 anos.
Harry ainda deitado, coberto até o pescoço, sentia que o sono demoraria a voltar já que estava totalmente desperto.
— Tá, me diga. Por que você veio me dar a informação de que amanhã começam as aulas?
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Herança Sombria
Teen FictionEm meio a era vitoriana, um estudante enfrenta os desafios de uma condição médica progressiva e uma sociedade que condena o amor entre homens. Steve luta para superar suas limitações e compreender seus sentimentos. Ele se vê preso em um relacionamen...