Capítulo 1 - Steve (Parte 2)

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Antes que pudesse reagir, Jacob empurrou Steve com força, fazendo-o cair no chão. Steve tentou se levantar rapidamente, mas foi segurado pelos amigos de Jacob, que eram implacáveis.

Jacob o chutou no abdômen, e Steve se contorceu. Gostando cada vez mais da situação, Jacob repetiu a ação. Entre socos e chutes, Steve sentia uma dor que se espalhava pelo corpo. Seus pulmões tentavam, sem sucesso, suprir o ar de que precisava.

— Por favor, pare — implorou Steve, tentando se defender, mas os golpes eram violentos.

— Parar? Steve... — Jacob sorriu e acertou mais um soco no estômago de Steve. - Você precisa entender seu lugar.

Jacob continuava a atacá-lo enquanto seus amigos o seguravam. As agressões foram intensas, e Steve tentava ao máximo minimizar seus próprios riscos. A pressão crescente no peito e a dificuldade de respirar mostraram um alerta para Jacob, que não queria ser responsável por um assassinato.

— Chega —  disse Jacob aos amigos, que o soltaram naquele instante. Os dois cuspiram no rosto de Steve. - Isso deve bastar por enquanto. Lembre-se de onde deve ficar quando passarmos por você. — o rapaz deu mais um chute no garoto e se afastou. — Amanhã, quando nos vermos, me trate por "senhor".

Assim que os agressores desapareceram pela floresta, Steve ficou ali caído por um momento, tentando recuperar o fôlego. Cada respiração era um esforço doloroso, agravado pela fibrose pulmonar que fazia seus pulmões doerem como se fossem esmagados a cada movimento. Ele sabia que não podia ir para casa naquele estado; sua mãe ficaria desesperada, e sua casa ficava a vários minutos de caminhada.

Com um gemido abafado, Steve se forçou a levantar, apoiando-se em uma árvore próxima. Seu corpo protestava, pesado e fraco, mas ele reuniu todas as forças que lhe restavam. Quando finalmente ficou de pé, levou a mão ao rosto e a retirou manchada de sangue. Isso só reforçou sua decisão de não ir direto para casa. Ele respirou fundo, ignorando a dor que rasgava seu peito, e olhou ao redor, tentando se localizar na floresta. Com um leve desvio de rota, seguiu em direção ao local onde sabia que Billie e Alex poderiam estar: a cabana abandonada que servia de refúgio para eles, era muito mais perto que sua residência.

O caminho pela floresta parecia mais longo e difícil do que o normal, cada passo uma tortura para seu corpo machucado. Finalmente, avistou a cabana entre as árvores. Steve se aproximou lentamente, sentindo o cansaço se acumular a cada passo. Quando chegou à porta, hesitou por um segundo antes de bater. De dentro, ouviu a voz abafada de Billie.

— Pode entrar! — Billie gritou ao ouvir o som da batida.

Assim que Steve entrou na cabana, cambaleando e visivelmente machucado, viu Billie deitado no chão, usando a mochila como travesseiro, e Alex jogado no sofá. A reação de Billie foi imediata, mas a de Alex foi mais contida, quase indiferente, com um olhar casual, como se não se importasse. No entanto, algo dentro dele se mexeu ao ver Steve naquele estado. Era uma sensação que ele insistia em ignorar, mas que sempre voltava quando via Steve assim, vulnerável.

— Steve? O que diabos aconteceu? — perguntou Billie, com a preocupação clara em sua voz e em seus olhos enquanto observava o sangue no rosto do amigo.

Steve se deixou cair em uma cadeira velha, sentindo a dor pulsar em cada parte do corpo.

— O de sempre. Jacob e os outros... Só que desta vez eles me pegaram no caminho para casa.

Billie rangeu os dentes de raiva, segurando o pano que usava para limpar o sangue de Steve com mais força do que o necessário. Billie, embora tenha aceitado fazer amizade com Steve a pedido de sua mãe, acabou gostando do amigo, percebendo que ele realmente era legal, mesmo com sua condição social.

Herança SombriaWhere stories live. Discover now