Quando Rebecca Audrin, uma estudante de psicologia, começa seu estágio no Hospital Psiquiátrico Dymphna, ela não espera que os segredos e fantasmas do passado se tornem tão palpáveis. Atraída pela complexidade de seus pacientes, especialmente Daniel...
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"Algumas prisões não têm grades, mas são mais difíceis de escapar."
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A porta da sala de terapia se abriu com o habitual som de rangidos. Daniel Lawrence entrou algemado como sempre, o rosto carregado de desdém, como se cada passo em direção àquela sessão fosse uma piada interna. Rebecca observava-o calmamente da poltrona à sua frente, suas mãos repousadas no colo, mas o olhar atento em cada movimento que ele fazia. Essa dinâmica já era familiar; ele chegava e queria mostrar que controlava o ritmo das coisas.
— Bom dia, Daniel — disse ela, com o tom profissional e, ao mesmo tempo, doce. Com um sorriso mínimo no rosto, como sempre recebia Daniel.
Ele soltou uma risada curta, carregada de ironia, enquanto se acomodava na cadeira diante dela. As algemas tilintaram quando ele cruzou os braços sobre a mesa, olhando-a.
— "Bom" é uma palavra relativa, não acha, Rebecca? — Ele inclinou a cabeça, analisando-a com os olhos semicerrados. — Especialmente em um lugar como este. Quer dizer, não é você que está usando algemas e tem um segurança sempre na cola, não é?
Ela não respondeu. Conhecia o padrão. As provocações iniciais faziam parte de sua resistência, da tentativa de assumir controle, dele conseguir o que queria de maneira indireta.
— Hoje podemos voltar a falar sobre sua infância, se quiser. — Ela sugeriu, desviando o olhar para o caderno de anotações. — Quem sabe se você se comportar direitinho, eu peça para retirarem a sua obrigatoriedade para usos de algemas? — Rebecca encontrou o olhar de Daniel novamente, sorrindo de maneira sarcástica. — Afinal, não fui eu que agredi um enfermeiro, não é? — Ela ironizou, lendo atentamente cada detalhe de sua ficha.
— Minha infância? — Daniel repetiu, balançando a cabeça com uma expressão divertida, mudando completamente o assunto das algemas. — Você realmente acha que vale a pena cavar o lixo? Talvez encontre um ou dois cadáveres que valham a pena, mas... duvido.
Rebecca manteve sua calma, esperando que ele falasse mais. Sabia que o assunto era doloroso, mas também era o ponto de partida para entender o que moldou Daniel Lawrence, embora também quisesse saber o motivo da agressão repentina.
