𖦹 : Olivia Bell, uma garota de 19 anos, foi a cabeça para a construção do labirinto juntamente com Thomas e Teresa. Envolvida na CRUEL com influência e ajuda da sua tia, Amélia que foi sua guardiã legal após a perda de seus pais para o vírus, a gar...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Tudo estava escuro.
Esfreguei os olhos, tentando enxergar qualquer coisa, qualquer sinal de luz que pudesse trazer algum alívio. A escuridão parecia viva, quase palpável, e estar presa naquele ambiente pequeno e metálico me deixava ainda mais inquieta. O cheiro penetrante de óleo queimado, misturado com poeira, fazia seu nariz pinicar a cada respiração. As paredes frias e sem saída ao meu redor eram opressivas, e o som da engrenagem rangendo e movendo a caixa, enquanto batia contra o metal, era aterrorizante. Cada batida parecia fazer eco dentro de meu peito, amplificando o som de meu próprio coração, que parecia querer saltar de seu corpo. Meu estômago estava embrulhado, apertado como se tivesse sido dobrado e amassado, e o tempo parecia se arrastar cruelmente, sem pressa, aumentando a sensação de agonia.
Eu sabia quem eu era. Sabia o que tinha que fazer. Sabia o destino que me aguardava, e sabia que teria que enfrentar momentos como aquele. Mas, mesmo com todo esse conhecimento, era difícil manter a compostura. A sensação de que o ar ia acabar a qualquer momento dentro daquela caixa era sufocante, e a ideia de que não haveria escapatória fazia o medo crescer ainda mais dentro de mim. Senti o impulso familiar de chorar, como um bebê. Eu odiava lugares pequenos e escuros. Aquela caixa, sem sombra de dúvida, era um lugar pequeno e escuro. O medo invadia cada fibra de meu ser, e eu tremia involuntariamente. Respirava fundo, uma, duas, três vezes, tentando acalmar o desespero que ameaçava transbordar.
Chorar, no entanto, não era uma opção. Eu detestava chorar. Não por causa dos outros, mas por mim mesma. Na minha cabeça de vento, demonstrar fraqueza era o mesmo de ser fraca. E ser fraca não combinava com quem eu acreditava ser. Então, reprimi o choro, engoli o nó que formava em minha garganta e me encostei na parede metálica, sentindo o frio se espalhar por minhas costas. Fechei os olhos, tentando encontrar um ponto de calma dentro de mim, enquanto minhas mãos percorriam meus joelhos, em um gesto automático de conforto. Como se eu estivesse dizendo silenciosamente: "Vai ficar tudo bem."
Minutos se passaram, embora para mim parecessem horas. Os barulhos das correntes ao redor ficaram mais altos, e a caixa deu um solavanco, fazendo-me segurar a respiração. Finalmente, senti que havia parado. Pequenos feixes de luz começaram a invadir o ambiente, rompendo a escuridão de forma quase dolorosa. Apertei os olhos e cobri o rosto com as mãos, esfregando os olhos, agora sensíveis à claridade que me envolvia. Então, o som agoniante de algo sendo aberto ecoou, fazendo-me estremecer. O ruído de metal sendo forçado era quase insuportável. Mas logo, esse som foi substituído por um coro de vozes.
Ergui a cabeça, ainda um pouco atordoada pela luz, e vi vários garotos olhando para mim. Seus olhos estavam arregalados, cheios de surpresa e curiosidade. Os olhares chocados que lançavam em minha direção quase me fizeram rir, mas eu me conteve. Eles pareciam não acreditar no que estavam vendo, e eu sabia por quê. Estavam há quase dois anos trancados naquele lugar, e nunca, em todo esse tempo, uma garota havia aparecido na caixa.
"É uma garota!", "Realmente uma garota?!", "Ela é tão bonita!" — eram alguns dos murmúrios que eu conseguia ouvir. Me senti analisada de cima a baixo, como se eles estivessem tentando enxergar todos os meus segredos, até o fundo de minha alma. Era desconfortável, e por um momento, desejei que fosse apenas uma impressão.