Dirigindo em meu Mustang, Miguel estava quieto ao meu lado, um comportamento nada estranho comparado ao que ele passou, enquanto estávamos indo até a casa do primeiro suspeito, me recordei dos meus antigos momentos como policial, hoje em dia eu trabalho como uma espécie de detetive "consultor"/particular.
Na época em que ainda era policial eu tive um parceiro chamado Tobias, Tobias era um sujeito bastante amigável com seus aliados, mas também era um braço firme na busca pelos criminosos, fizemos uma grande apreensão de criminosos no meu primeiro ano até que no natal eu fui surpreendido com uma revelação que me abalou muito na época.
Tobias era um policial corrupto, os criminosos que prendemos eram apenas de uma facção na qual ele era rival, quem descobriu toda aquela sujeira foi a pessoa que está sentada ao meu lado agora, Miguel enviou as provas para todos os meios de imprensa e até para mim, depois desse acontecido eu acabei me afastando da polícia e comecei a trabalhar sozinho.
"É aqui" disse Miguel ao meu lado.
A casa de José Pereira era bastante simples, possuía um pequeno quintal, um telhado com lajes um pouco caídas, uma pintura verde na parede e alguns pequenos jarros de plantas nas janelas e uma moto Honda Civic modelo 2017 de cor vermelha com um dos retrovisores quebrados e uns arranhões não lineares na carcaça.
Eu e Miguel nos aproximamos da porta e batemos nela três vezes, quem atendeu era o próprio José, ele possui algo em torno de 1,70, uns 75 kg, cabelos raspados e usava uma camisa branca com mancha de ketchup e uma bermuda cinza com alguns rasgões, usava um chinelo havaianas da copa do mundo de 2014 e, é claro, ele não era quem a gente procurava, seu braço direito estava engessado, ele caiu de moto a alguns dias e por isso a moto estava naquele estado.
"Eu conheço vocês?" Perguntou ele enquanto se encostava na porta.
"Vamos embora Miguel, ele não é o cara." Falei isso enquanto me virava, mas para minha surpresa minha surpresa Miguel estava com os nervos à flor da pele.
"Onde você estava entre as 2 da madrugada até às 5 da manhã seu vagabundo? Fale!" Diz Miguel gritando enquanto colocava o acidentado José contra a parede.
"Calma aí cara, eu nem te conheço, que porra é essa?" Diz José com uma voz assustada.
Eu segurei Miguel enquanto expliquei que não tinha como ser ele por conta do acidente de moto.
Miguel acaba se acalmando um pouco e pede desculpas para o sujeito.
José fechou a porta e logo fomos atrás do outro suspeito, Carlos Eduardo da Rua frança 11.
Enquanto estávamos no carro, me passou pela cabeça deixar Miguel em casa para ele não acabar machucando um inocente, apesar de ser uma boa pessoa ele obviamente ainda está abalado mentalmente.
"Me desculpe, eu não vou lhe atrapalhar mais, não sei o que me deu, eu queria tanto que fosse ele logo para que a gente pudesse prendê-lo" disse Miguel com uma voz de arrependimento.
"Não se preocupe Miguel, entendo perfeitamente o que você está passando, fique no carro na próxima, eu te conto tudo depois de conversar com os suspeitos."
"Não detetive, eu quero vê-los, prometo que não irei mais ter nenhum surto de raiva, pode me dar um soco na próxima se isso acontecer." Disse Miguel com um pouco de humor.
Eu concordei e em pouco tempo chegamos na casa de Carlos Eduardo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Aniversário Vermelho
Mystery / ThrillerUm detetive de uma cidade sucumbindo à corrupção e a violência acaba tendo que investigar uma série de assassinatos envolvendo os aniversários de suas vítimas.