Masmorras

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Eu conhecia bem cada pedaço da mansão Malfoy pelos anos que passara ali, desde pequena. Lembrava-me vividamente de correr pelos longos corredores ornamentados, meus passos ecoando nas paredes de pedra. As risadas altas e despreocupadas de Draco e Pansy preenchiam o ar, seus sons familiares e reconfortantes. A voz grossa de Theodore, tentando com determinação falar italiano quando estava bêbado, sempre me fazia sorrir, mesmo que suas tentativas fossem mais cômicas do que bem-sucedidas. E então havia o desgosto evidente que se proferia dos lábios de Blaise, sua expressão de desdém tão característica quanto sua elegância natural.

Com o passar do tempo, novos sons se juntaram à sinfonia da mansão. Conheci a melodia suave e encantadora que era a voz de Daphne e Astória na vasta biblioteca da mansão, seus sussurros animados sobre livros e segredos. E como poderia esquecer a risada contagiante de Lorenzo, que se encaixava perfeitamente na de Draco, como se fossem duas peças de um quebra-cabeça finalmente unidas?

Mas agora, para meu horror e desespero, eu estava conhecendo uma nova parte da Mansão, aquela que Lucius sempre nos proibira veementemente de explorar. Era um lugar onde tudo era tão calado, tão desconcertante, que fazia meu coração apertar de medo. As masmorras, eu descobri com amargura, eram de fato muito mais aterrorizantes do que eu jamais poderia ter imaginado quando criança. As histórias sussurradas e os avisos severos não faziam justiça à realidade sombria que eu agora enfrentava.

O tempo parecia se arrastar de forma diferente aqui embaixo, cada segundo se esticando como uma eternidade. Especialmente depois de dois ou três dias - ou seriam mais? - eu já sequer sabia quanto tempo havia se passado desde que fui aprisionada. Os dias e as noites se misturavam em uma confusão desorientadora, tornando impossível manter qualquer noção de tempo.

A única fonte de luz que iluminava a cela era uma vela solitária e amarelada, posicionada cruelmente no canto oposto de onde eu estava acorrentada. Sua chama trêmula e vacilante lançava sombras dançantes e inquietantes nas paredes úmidas e frias, criando formas fantasmagóricas que pareciam zombar da minha situação desesperadora. Essas sombras, em constante movimento, às vezes tomavam formas que lembravam figuras humanas distorcidas, outras vezes pareciam criaturas monstruosas prontas para me atacar. O contraste entre esta realidade sombria e opressiva e as memórias luminosas e acolhedoras de minha infância na mansão não poderia ser mais doloroso. Era como se dois mundos completamente opostos coexistissem no mesmo espaço, separados apenas por algumas paredes e anos de história.

Faltavam poucos dias para as aulas começarem novamente em Hogwarts, e eu me perguntava, com uma mistura de esperança e desespero, se meu nome seria proferido no salão principal pela Professora McGonagall, avisando que eu estava desaparecida. Imaginava a reação dos meus colegas, o burburinho que se espalharia pelos corredores do castelo. Me perguntava se George já havia alertado os outros sobre onde eu estava e o que tinha acontecido. A incerteza sobre o conhecimento da minha situação por parte dos meus amigos e familiares era um tormento adicional. Eu tinha muito tempo para pensar, para divagar, para criar cenários em minha mente. Era uma luta constante para me manter sã, para não me perder nos labirintos sombrios da minha própria imaginação.

E eu estava perdida em meus pensamentos, mergulhada em um mar de "e se" e "talvez", quando ouvi os passos se aproximando de minha cela. O som ecoava pelas paredes de pedra, aumentando gradualmente, anunciando a chegada de alguém. Meu coração acelerou, uma mistura de medo e uma estranha sensação de alívio por quebrar a monotonia do silêncio. O rosto coberto pela máscara não me deixava ver quem estava me puxando para fora dali, abrindo as correntes que me prendiam. Senti as mãos ásperas me agarrando, me arrastando até o andar de cima. Cada passo era uma luta contra a fraqueza dos meus músculos, não utilizados por dias. Eu não protestei, mantendo-me em silêncio. Havia jurado a mim mesma que não faria as coisas serem mais difíceis do que já estavam sendo. Mas isso não significava que eu cederia, que eu trairia meus princípios. Não importava o que fizessem, eu não daria o paradeiro ou informações de quem eles pedissem. Minha determinação era a única coisa que me restava, e eu me agarrava a ela com todas as forças que ainda possuía.

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⏰ Última atualização: Oct 03 ⏰

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𝕿𝖊𝖒𝖕𝖙𝖆𝖙𝖎𝖔𝖓 - Mattheo Riddle FF.Onde histórias criam vida. Descubra agora