Extra - pt1

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Boa leitura, Little Witches

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Agatha estava atordoada, a raiva pulsando em suas veias como um veneno correndo livremente.
Cada segundo fora daquele feitiço parecia uma afronta à sua existência. Aquele lugar, aquelas memórias falsas, o tempo que perdera... tudo a corroía por dentro.

Três anos. Três malditos anos.

E agora, sem poderes, sem controle, sentisse como apenas uma sombra da bruxa que fora.
Seu peito subia e descia rapidamente, seu coração batendo furiosamente contra as costelas. Suas mãos passeavam nos longos cabelos, sua mente sendo envolvida por tudo o que se passara. Tudo, ou quase. 

Tão pouco conseguia lembrar da vida de Agnes, mas os últimos dias, os últimos acontecimentos..

Em um segundo que seus pensamentos estavam tentando recompor cada detalhes, o estrondo da porta sendo despedaçada lhe levou a um outro estado de confusão; mal tivera tempo de reagir antes de ser arremessada na parede e cair no chão com uma força devastadora. O baque da cabeça a fazer seus sentidos ecoarem um zumbido turvo.
Ao levantar, levemente tonta, seus olhos, assustados, percorreram o ambiente e, assim, alcançaram a figura emergir entre os raios de luz envoltos da poeira e dos destroços. Uma mulher com presença arrebatadora, seu olhar feroz, o cabelo selvagem como uma tempestade, e uma aura tão familiar que fez o coração de Agatha parar por um momento.

Rio Vidal. Sua esposa.
Sua tormenta. Sua eterna paixão.

— Ora, ora… — Vidal parou com uma postura formal, perigosamente, atenta a mulher a frente. — Três anos presa e a primeira coisa que faz é sair por aí, pelada, gritando com os vizinhos!? Como teve coragem de fazer isso? Sua... — as palavras percorreram o espaço enquanto ela avançava em sua direção. 

Agatha bateu contra a parede pela ventania que seguia junto a figura da esposa, e antes que a lâmina da adaga que ela erguia pudesse tocá-la, agarrou seu pulso com força, os olhos faiscando e lacrimejando, entre profundas emoções.

Ainda assim, sorriu. Nervosamente. — Você não vai me machucar, amor.. — As palavras eram firmes, desafiadoras, mas uma parte dela sabia que ela estava longe de ser contida tão facilmente.

— Machucar você? — Vidal deu um sorriso perverso, aproximando-se mais, seus corpos praticamente colados. — Ah, m'lady, eu vim aqui para fazer muitas coisas contigo.. — arrastou um riso, pressionando a perna entre as dela, criando uma onda de choque que percorreu seus corpos. — E uma delas, é sim.. Te machucar tanto quanto você fez comigo!

Agatha suspira pesadamente, piscando ao sentir as lágrimas se acumulando. — Eu estou.. sem meus poderes..

Vidal riu baixinho. — Pobre bruxinha. — uma voz forçadamente meiga arrastou-se no riso. — Uma penitência pelos seus pecados, talvez.

Harkness poderia não sentir o peso de seus pecados, de fato. Mas o que a corroía por dentro, não só era a evidência do fervor da presença da, ainda esposa, mas sim, o sentir do maior peso; o peso da culpa — a culpa por tê-la deixado, por tê-la abandonado.

— Você ainda é minha, com ou sem eles, Agatha. — Com um movimento mais firme, Rio moveu a adaga para frente, tocando a ponta da lâmina contra a pele exposta, no centro de seu peito. — Sempre foi.. E nunca, jamais, vou te deixar esquecer isso. — Um pequeno corte se abriu, e o sangue começou a escorrer lentamente, tingindo a pele de vermelho. — Eu também poderia te destruir aqui e agora por tudo o que me calçou... Mas onde estaria a graça nisso? — sorrindo, dando um profundo olhar nela antes de inclinar-se. O rosto se aproximando da pele e os suspiros a tocá-la até que seus lábios se curvaram e, a língua morna deslizasse de baixo a cima, lambendo o líquido escarlate com um prazer evidente.

Eternal Bonds | Agatha Harkness & Rio VidalOnde histórias criam vida. Descubra agora