Capítulo 1

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Zayos Latosakis


— Você tem certeza disso? — meu amigo Leonidas me ajudou a fechar os botões da camisa branca na qual eu apareceria na festa milionária do meu pai, o maior empresário do ramo joalheiro da Grécia.

— Nunca estive tão certo.

Quem não conhecia de roupas ou dinheiro, ignoraria o fato de que aquela peça custava quase o preço de um carro, mas a maioria dos convidados do senhor Christos Latosakis sabia disso. Eu poderia apostar que até os empregados atendendo na festa saberiam que eu era um dos mais ricos da Europa ali.

Mesmo assim, a ausência de um terno caro sobre meus ombros enfureceria o meu pai, e isso era tudo o que eu queria naquele momento, quando ele pretendia me amarrar em um contrato de casamento com uma mulher feia, chata e muito mais velha, que era viúva do seu antigo concorrente, e cujo casamento, faria da nossa família a mais imponente no ramo das joias de todo o planeta.

Nem fodendo eu faria isso. E foder com ela era uma coisa que estava fora de questão. Eu era bastante exigente para considerar formar uma família com Varvara Nevraiki's.

Não esperava ou desejava uma jovem inocente, mas a mulher era asquerosa demais para eu considerar a ideia, o que me fez colocar meu plano em prática. Se eu aparecesse na festa de lançamento da nova coleção da Joias Latosakis vestido inapropriadamente, bebesse além da conta e conseguisse algumas fotos fazendo algo tosco estampadas nos tabloides, eu duvidava que ela quisesse se casar comigo. A aparência de ator de filme de ação — descrição dada pelas revistas de fofoca de toda a Grécia, que queriam arranjar uma esposa para mim desde que fiz vinte e três, porque isso renderia muitas capas vendáveis — não seria o suficiente para o interesse dela no relacionamento, muito menos o poderio das duas empresas juntas. Varvara já era rica o suficiente, ela só queria aparecer nas revistas como uma senhora de classe muito bem acompanhada.

Olhei meu reflexo no espelho, todo branco, com o tecido de linho amarrotado completando minhas vestimentas de cima a baixo, as calças soltas e arrastando no chão, sobre as minhas sandálias.

— Vai servir — falei, passando as duas mãos nos cabelos para bagunçá-los do jeito que meu pai achava horrível.

Uma aparência de menino, dizia, com a voz grave e o olhar severo de quem perdeu as esperanças em mim. Para o seu azar, meu irmão Zykos, era ainda pior. Se meu pai achava ruim que eu não fosse o modelo de filho que ele desejava, pelo menos eu amava a Grécia e jamais a deixaria. Enquanto isso, Zykos, o mais velho, tinha partido do país com a desculpa de desenvolver a marca na França e nunca mais quis saber de aparecer. Eu tinha o infortúnio de idolatrar a Grécia, e descobri isso quando percebi que meu pai faria de tudo para me tornar sua versão apenas pelo fato de eu ser o filho que ficou.

Toquei o ombro de Leonidas.

— Vamos, Leo. Chegou a hora do show.

Deixamos o quarto, avançando pelo corredor repleto de obras de arte que a minha mãe deixou quando morreu, sem saber que as suas sucessoras não ligariam nem para mandar tirar o pó daquilo. Meu pai era conhecido por sua tirania que abalava a saúde das mulheres. Depois da minha mãe falecer de câncer, a segunda esposa se suicidou. E a terceira parecia em vias de fazer o mesmo. O homem sabia acabar com alguém, mas eu não deixaria que fizesse o mesmo comigo.

Além do mais, tinha visto o suficiente para saber que não teria uma família enquanto ele estivesse vivo. Só me casaria com uma mulher que amasse, e ela não mereceria passar por esse tipo de pressão que eu vi enquanto me criei, muito menos os meus filhos.

Desci a ampla escadaria de mármore, coberta no centro por um carpete caro azul e bege. A música ia ficando cada vez mais alta conforme eu saltava os degraus com pressa, sem nenhuma elegância, porque já estava no meu personagem. Quando cheguei diante da enorme porta de entrada, mandada fazer com madeira ilegal trazida da Amazônia e esculpida por um artista local, olhei através dela, que estava aberta. A orquestra vestida toda de ternos azuis-claros tocava lindamente. 

Perfeito, isso combinaria com o modo como eu queria estragar a noite.


*

Oh, oh, oh! Parece que temos um jovem apocalíptico por aqui. Chegou a me dar arrepios de prazer, porque, vocês sabem, eu ADORO acontecimentos inesperados. E essa festa na casa dos Latosakis está com cara de que tem tudo para dar errado. O que vocês acham?


Tá com cara de quem apronta muito, esse grego

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Tá com cara de quem apronta muito, esse grego.


Location da nossa festinha grega, no caso, a mansão dos Latosakis

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Location da nossa festinha grega, no caso, a mansão dos Latosakis.

O Bebê do GregoOnde histórias criam vida. Descubra agora