14 de feveiro de 2018
Adentro ao ambiente gélido e sem cor. Meu pai vai até a recepção e eu procuro uma máquina de snack.
- Vai ser rápido. Não vai ser nada e já vamos voltar para casa.
Meu pai tenta me tranquilizar, mesmo sabendo que eu o conheço o suficiente para saber que nem mesmo ele está calmo.
- Vamos fazer uma aposta? - levanto uma sobrancelha com um ar de riso.
Se tem uma coisa que Josh, meu pai e eu gostamos, é de apostar.
- Que tipo de aposta? - alí está seu sorriso, o primeiro que vejo no dia.
- Se não for algo sério, eu faço o jantar por uma semana. Se for algo sério, eu posso escolher o que quiser.
- Um mês e eu aposto. Sei que não vai ser. - papai me estica a mão para fecharmos um acordo e eu a aperto.
Mas era, papai. Eu perdia o ar devagar enquanto o médico explicava cada detalhe.
Leucemia mieloide aguda.
- Eu sinto muito mesmo. - o Dr. Paul lamenta, intercalando o olhar entre papai e eu antes de sair e nos deixar sós.
Eu não chorei. Papai não chorou. Nos levantamos e caminhamos em silêncio até a saída daquele lugar. Muitas pessoas saem daqui curadas. Infelizmente, muitas também saem sem cura e vida.
Entramos no carro. Mas ele não foi ligado. Nenhum de nós se moveu pelo próximas trinte minutos. Cada um perdido em seus pensamentos. O meu era simples.
- Quero um cachorro.
Não precisei explicar para que papai entendesse. Eu ganhei. Eu ganhei a aposta e posso escolher o que quiser.
- Pode ser adotado? - sua voz sai triste. O que me deixa triste.
- Com certeza adotado! - Ele sorri, mas seu sorriso ainda é triste.
Desculpa, papai. Eu não queria ganhar a aposta.
Pelo menos não essa.