Verlak

Capítulo 8: Caminhos Entrelaçados

No dia seguinte, Calista estava determinada a encontrar respostas com sua amiga Serena. Agora, ela tinha alguém para ajudá-la a desvendar os mistérios que pairavam no ar, embora isso não amenizasse a sensação crescente de inquietude. Infelizmente, a noite não tinha sido nada agradável para Calista. As dores de cabeça, que frequentemente a atacavam, a mantiveram desperta boa parte do tempo, pulsando com uma intensidade que parecia ecoar seus pensamentos confusos.

Ao acordar, Calista decidiu que seria melhor tomar o café em seu quarto. Estava cansada demais para enfrentar o salão principal. As criadas entraram silenciosamente, ajudando-a a se vestir com um vestido leve e esvoaçante, antes de se retirarem tão discretamente quanto haviam chegado. Sozinha, ela respirou fundo, tentando afastar o cansaço que pesava sobre seus ombros.

Quando se sentiu minimamente preparada, Calista saiu para vaguear pelos corredores do castelo, seu destino final sendo a biblioteca, onde começaria suas investigações. O castelo estava estranhamente silencioso naquela manhã, as paredes de pedra pareciam reter segredos que murmuravam entre si, invisíveis para os olhos humanos. Seu coração acelerava a cada passo, como se algo a esperasse ali, à espreita.

Ao virar um corredor próximo ao salão do trono, seus olhos captaram uma porta entreaberta, de onde feixes de luz escapavam pelas frestas. Mas não foi a luz que prendeu sua atenção; eram as vozes que vinham de dentro. Alguém estava discutindo, e o tom furioso da conversa a fez parar.

Ela se aproximou em silêncio, espiando pela pequena abertura. Lá dentro, o rei Drelorian estava em pé, imponente, sua expressão dominada por uma fúria contida que, a qualquer momento, parecia prestes a explodir. Ele falava com Cael, o conselheiro militar de confiança, e um outro homem que parecia ter a mesma idade, provavelmente um dos capitães das tropas.

"Ele pisou em minhas terras, e vocês o deixaram escapar!", Drelorian rugiu, batendo com força as mãos sobre a mesa de madeira pesada. O impacto ressoou pela sala, ecoando pelos corredores. "Poderíamos estar em vantagem agora. Ele serviria aos meus propósitos, aqui, como ferramenta de poder! Mas minha guarda... minha guarda está cheia de incompetentes incapazes de deter um homem ferido!"

Cael, sempre calmo em situações de tensão, tentou apaziguar o rei. "Drelorian, fizemos tudo o que podíamos. Perseguimos o homem, mas ele... ele pertence ao exército de Nythrak. Bater de frente com eles seria um erro catastrófico. Estamos lidando com forças que vão além do que imaginamos."

"Não me venha com desculpas, Cael!", o rei retrucou, a fúria voltando com força renovada. "Nythrak ou não, ele deveria ter sido capturado. Eu não tolero falhas, especialmente em questões tão... críticas."

Os dois homens continuaram discutindo, suas vozes elevadas e cheias de tensão, mas Calista decidiu que era melhor sair dali antes que fosse descoberta. Não queria que soubessem que estava ouvindo uma conversa tão delicada, especialmente sobre Nythrak — o nome que parecia carregar a promessa de perigo e destruição.

Ela se afastou em silêncio, o coração batendo acelerado. As palavras "Nythrak" e "vantagem" ecoavam em sua mente. Esse nome já era temido em todas as terras. Um líder de poder feérico, envolto em lendas sombrias. Mas o que ele queria com as terras de Drelorian? E quem era o homem que havia escapado?

Enquanto caminhava de volta pelos corredores, Calista não pôde deixar de pensar que estava se aproximando de algo muito maior do que ela imaginava. Se Nythrak estava envolvido, as forças em jogo eram perigosas demais para serem subestimadas.

Ao chegar à biblioteca, encontrou Serena já esperando por ela, sentada a uma mesa rodeada por pergaminhos antigos. O rosto da amiga se iluminou ao vê-la, mas logo percebeu a expressão perturbada de Calista.