Capítulo 15 - A Prisão e A Herança

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A prisão da chefe da máfia e as mortes tenebrosas em seu território viraram notícia em todo o país. A primeira-ministra estava radiante e dava entrevistas muito feliz.

Mesmo sabendo que suas palavras machucavam os ouvidos de sua filha, a Ministra exaltava o feito e o cumprimento da promessa da Comandante Engfa Waraha de prender a Chefe do Tráfico Tailandês.

Por conta disso, uma cerimônia estava marcada para homenagear a Comandante Waraha na sede do Governo.

No entanto, Waraha tinha os pensamentos em outros lugares e após o funeral de Charlotte Austin conversava com o líder do grupo Austin's, que dominava a venda de produtos falsificados no país. O pai de Austin considerava Engfa uma filha, a criara depois que os pais foram mortos. Para eles, Waraha era apenas a Pequena Engfa que ele criou como se fosse sua.

A conversa entre os dois foi tensa, mas o fim foi de um abraço de pai que desejava justiça. Ambos sabiam que uma nova era se aproximava e não iria agradar muitas pessoas, principalmente os usurpadores do grupo Burma.

A comandante chegou em cima da hora para se apresentar na coletiva de imprensa. Explicou a todos a situação da prisão da mafiosa. Concluiu as investigações sobre o assassinato do primeiro-ministro, da comandante Lux Sulax e do braço direito de Malisorn, Setfy.

Os repórteres aplaudiram o fim do discurso. A primeira-ministra subiu à plataforma e abriu uma caixa de condecoração com símbolo do Governo Tailandês. Dentro estavam duas medalhas. Uma de honra ao mérito e outra de personalidade do ano. Uma quantia grande em dinheiro que o próprio REI enviou estava num cheque simbólico exposto para fotografias. Todos gritavam o nome da comandante.

"WARAHA, WARAHA, WARAHA"

A Comandante fez sinal para que fizessem silêncio. Ao se aproximar dos muitos microfones a sua frente, agradeceu a todos a honraria recebida. Por fim, retirou as medalhas do peito, tirou o colete policial, o quepe, as armas do coldre e o distintivo e colocou numa mesa à frente de todos.

Abaixou-se e fez a saudação WAI. Agradeceu todo apoio da população e a confiança do Rei e da Primeira-Ministra. Entregou o cargo, pedindo demissão.

Os flashes não paravam. Os repórteres pareciam abutres na carniça e tentavam entender a posição de Waraha. A Primeira-Ministra estava extremamente ofendida e insatisfeita com a atitude de sua comandante. Waraha sai sem falar com os repórteres que a cercam até a entrada de seu carro, que sai em seguida!

...

Na TV do refeitório da Prisão Bang Kwang, conhecida como 'Bangkok Hilton', Faye Malisorn tenta colocar para dentro do corpo a única refeição oferecida do dia. Tão ruim, que tenta imaginar outros pratos enquanto empurra a "gororoba" para dentro do estômago. Sabe que se não comer pelo menos aquilo, se enfraquece e poderá ser alvo de ataques naquele lugar.

Sua situação só não está pior, porque até os guardas a temem, mas os outros reclusos são forçados a dormir amontoados no chão da cela. O lugar é conhecido por seu ambiente de crueldade, em que os piores prisioneiros são enviados. A maioria não toma banho regularmente, então, Malisorn tem que se esforçar muito para não colocar os dedos no nariz cada vez que um condenado passa por ela. Os detidos vivem na falta de higiene e o calor é voraz.

Malisorn, assim como todos os outros, estão com os pés algemados. Quatro quilos de peso de uma corrente que aperta os tornozelos. A maioria tem a corrente colocada com batidas de martelo, mas como Malisorn é quem é... Os carcereiros não ousaram machucá-la. É uma das poucas detentas a estar em cela separada. Apesar das correntes nos pés, possui uma proteção acolchoada que impede o atrito do metal com a pele.

O Sequestro em Bangkok - FayeYokoOnde histórias criam vida. Descubra agora