Naquela tarde de sábado, o quarto de Celina estava um verdadeiro caos. Roupas espalhadas pela cama, maquiagem em cima da penteadeira e um espelho que refletia a imagem de uma garota nervosa, mordendo o lábio enquanto decidia o que vestir. "É só um encontro, certo? Não precisa ser um grande evento," ela pensou, mas seu coração acelerado dizia o contrário.
Iris estava ao seu lado, conferindo cada detalhe e dando palpites enquanto Celina experimentava diferentes combinações de roupa.
— Esse vestido tá muito fofo! E combina super com o parque de diversões. — Iris disse, segurando uma blusa nas mãos e observando Celina atentamente.
— Você acha? Eu não sei, parece meio... casual demais. — Celina disse, olhando-se no espelho mais uma vez, ajustando a alça do vestido.
— Casual, sim, mas bonito e confortável! Você quer se divertir, não ficar preocupada com a roupa o tempo todo. E esse vestido é perfeito. — Iris respondeu com confiança, enquanto se aproximava para ajeitar o cabelo da amiga.
Celina suspirou, ainda nervosa. "É só um passeio... só um passeio... com Hendrik," repetia para si mesma, mas não conseguia ignorar o quanto esse encontro parecia diferente de todos os outros.
— Você tá nervosa, né? — Iris perguntou, observando o olhar distante de Celina. — Relaxa, vai ser incrível. Ele te chamou porque quer estar com você, só vocês dois. Aproveita!
Celina deu um sorriso tímido, agradecida pela confiança de Iris, mas por dentro seu coração estava uma bagunça.
— Eu só não sei como agir... e se eu estragar tudo? — Celina confessou, colocando a mão na barriga, que já estava com um friozinho de ansiedade.
— Você não vai estragar nada, bobinha! Só seja você mesma. Ele gosta de você do jeito que você é. — Iris disse, dando um tapinha leve no ombro de Celina. — Agora, bora terminar essa maquiagem que você vai arrasar!
Depois de alguns minutos e muitos ajustes, Celina finalmente estava pronta. O vestido escolhido, leve e floral, combinava com o clima alegre do parque. Seus cabelos, soltos e bem cuidados, caíam naturalmente sobre os ombros, e a maquiagem suave destacava seu sorriso nervoso.
— Pronto, agora vai lá e arrasa! — Iris disse, segurando Celina pelos ombros e olhando-a com um sorriso encorajador. — E depois me conta tudo, hein? Quero detalhes!
Celina sorriu, abraçou Iris e, antes que percebesse, já estava a caminho do parque. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, não pela dificuldade, mas pela expectativa do que estava por vir.
Quando Celina chegou ao parque de diversões, as luzes coloridas e o som das risadas das pessoas a envolveram em uma atmosfera mágica. E lá estava ele. Hendrik, de pé perto da entrada, com um sorriso suave no rosto que fez o coração de Celina acelerar ainda mais. Ele estava vestido de maneira simples, mas havia algo nele que a fazia perder o fôlego.
— Oi! — Hendrik disse, assim que a viu se aproximar, com os olhos brilhando de animação.
— Oi! — Celina respondeu, tentando parecer confiante, mas sentindo as pernas tremerem um pouco.
— Você tá linda. — Ele disse, os olhos percorrendo-a por um breve momento antes de voltarem a encontrar os dela.
Celina sorriu, corando levemente. — Obrigada. Você também está ótimo.
Com um clima de leveza, eles começaram a andar pelo parque, rindo e conversando, como se nada mais no mundo existisse além deles. Foram em vários brinquedos — montanha-russa, carrinho bate-bate, tiro ao alvo. Cada atração trazia mais risadas, e a tensão inicial de Celina começou a desaparecer.
— Eu sou péssimo nisso! — Hendrik disse, depois de falhar miseravelmente no jogo de tiro ao alvo.
— Eu percebi! — Celina respondeu, rindo. — Mas tudo bem, ninguém é bom em tudo.
O dia avançava rápido, e quando o sol começou a se pôr, eles decidiram ir na roda-gigante. O brilho das luzes do parque iluminava o céu, e a atmosfera se tornava ainda mais encantadora.
Quando estavam no topo da roda-gigante, o parque parecia tão distante. O silêncio entre eles era confortável, mas Hendrik parecia diferente. Ele olhava para a paisagem, respirando fundo, como se estivesse reunindo coragem para dizer algo importante.
— Celina... tem uma coisa que eu preciso te dizer. — Ele começou, virando-se para ela com uma expressão séria, mas suave.
O coração de Celina disparou novamente. Ela não sabia o que esperar, mas seu instinto dizia que aquele era um momento importante.
— Nos últimos dias, eu tenho pensado muito sobre nós. — Hendrik continuou, os olhos fixos nos dela. — E sobre como me sinto quando estou perto de você.
Celina sentiu o rosto esquentar, mas permaneceu em silêncio, esperando ele continuar.
— Eu acho que... não, eu tenho certeza... que gosto de você, Celina. Mais do que como amiga. — Ele disse, sua voz suave, mas carregada de emoção.
Celina piscou, surpresa, mas antes que pudesse responder, Hendrik se aproximou e, de maneira delicada, segurou sua mão.
— Eu não sei como você se sente, mas eu precisava te dizer isso.
Celina ficou em silêncio por um momento, sentindo o calor da mão dele na sua, e então sorriu. "Eu sinto o mesmo," pensou, mas antes que pudesse dizer as palavras em voz alta, Hendrik tomou a iniciativa.
Ele se inclinou lentamente, e antes que ela percebesse, seus lábios se tocaram. O beijo foi suave, mas carregado de significado, como se tudo o que haviam vivido juntos até aquele momento os tivesse levado àquele instante.
Quando se separaram, ambos sorriram, um pouco tímidos, mas aliviados por finalmente terem revelado seus sentimentos.
— Eu também gosto de você, Hendrik. — Celina finalmente conseguiu dizer, com o coração batendo forte no peito.
E naquele momento, no alto da roda-gigante, tudo parecia perfeito.
Depois do beijo, o silêncio na cabine da roda-gigante parecia dizer tudo. Celina ainda sentia o toque suave dos lábios de Hendrik, e seu coração batia rápido, mas de uma forma diferente agora — uma mistura de alívio e felicidade. Eles se olharam por alguns segundos, ambos com um sorriso tímido nos lábios, ainda processando o que havia acabado de acontecer.
Hendrik foi o primeiro a quebrar o silêncio, rindo baixinho e desviando o olhar por um momento, como se estivesse tentando conter o nervosismo.
— Eu não sabia o que você ia achar... — ele disse, passando a mão pela nuca, um gesto típico quando estava um pouco inseguro. — Mas eu precisava fazer isso.
Celina sorriu, sentindo o calor nas bochechas. "Nem eu sabia o que ia acontecer," ela pensou, mas ao invés disso, disse:
— Foi perfeito.
Hendrik olhou para ela, surpreso e aliviado ao mesmo tempo, e deu um leve aperto na mão dela, que ele ainda segurava.
— Acho que isso muda algumas coisas entre a gente, né? — ele perguntou, ainda sorrindo.
Celina assentiu, apertando a mão dele de volta. — Sim... e eu tô bem com isso.
A roda-gigante começou a descer devagar, as luzes do parque de diversões brilhando ao redor deles. Mesmo com toda a movimentação lá embaixo, para Celina, o mundo parecia se concentrar naquele instante entre eles. Hendrik a puxou mais para perto, e eles ficaram ali, lado a lado, apreciando o momento em silêncio, mas com uma conexão mais forte do que nunca.
Quando a cabine chegou ao chão, eles desceram de mãos dadas, sem dizer muito, mas ambos sabiam que algo especial havia começado ali.
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Entre Olhares e Silêncios - Hendrik Macedo
Fiksi PenggemarCelina estava apenas querendo um dia tranquilo em casa, longe do caos da semana, quando se depara com Hendrik, o melhor amigo de seu irmão, sentado na sala, rindo de algo bobo que ele disse. Ela sempre o conheceu de longe, mas nunca trocou mais do q...