6 - Escuridão.

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Seungmin estava preso em um limbo tão intenso que o ar ao seu redor estava pesado, quase sufocante. Ele se via em uma floresta densa e sombria, onde o silêncio era quebrado apenas pelo farfalhar das folhas, balançando no ritmo de um vento gélido que parecia penetrar seus ossos. A neblina cobria o chão, envolvendo tudo ao redor em um cinza opaco. As árvores, gigantescas e antigas, pareciam sussurrar segredos, fazendo o coração de Seungmin bater descontroladamente. O frio cortante rasgava sua pele, e de repente, ele ouviu passos.

A atenção de Seungmin foi imediatamente capturada por uma silhueta um pouco distante, uma figura que se movia sem direção, como se estivesse perdida. Ele apertou os olhos, tentando enxergar melhor através da neblina, e seu coração quase parou quando reconheceu quem era.

Chan.

O que ele estava fazendo ali?

Seungmin tentou correr, mas seus pés pareciam afundar no solo macio e traiçoeiro, como se a própria terra o estivesse segurando. Cada passo era em vão, chegava a ser doloroso, enquanto Chan continuava a se afastar com os olhos vidrados, fixos em algo que Seungmin não conseguia ver. Ao redor dele, a escuridão se intensificava, uma presença opressiva e faminta que devorava tudo em seu caminho. Espíritos que antes se escondiam nas sombras, agora se revelavam de maneira violenta, deslizando entre as árvores e rastejando pelo chão, todos direcionados para Chan.

— Chan?! — Seungmin tentou gritar, mas sua voz saiu como um sussurro abafado. Ele estendeu a mão, desesperado para alcançá-lo, mas Chan estava cada vez mais distante. Os espíritos o cercaram, murmurando palavras incompreensíveis, as vozes se fundindo em um tom macabro que preencheu o vazio ao redor.

De repente, Chan parou. Seu corpo se contorceu, como se fosse puxado por cordas invisíveis, e ele caiu de joelhos. Seus olhos reviraram, e um grunhido de dor nada humano escapou de seus lábios. A escuridão engoliu Chan, penetrando em sua pele, enquanto Seungmin assistia, paralisado pelo terror, com lágrimas grossas escorrendo pelo rosto.

Seungmin acordou em um susto, sentando-se abruptamente na cama, o corpo coberto de suor frio. Estava com a roupa colada à pele, ele arfava, o peito subindo e descendo rapidamente, como se ainda pudesse ouvir a voz perturbadora ecoando em sua mente. Suas mãos tremiam, ele as levou à cabeça, tentando controlar sua respiração.

Seus olhos piscaram repetidamente, tentando se acostumar com a escuridão do quarto, até que ele percebeu que não estava sozinho.

Jeongin estava ao seu lado, sentado na beirada da cama, segurando um copo de água com uma expressão séria. Seus olhos, normalmente suaves, estavam fixos em Seungmin, atentos a cada movimento dele.

— Ei… — Jeongin murmurou, estendendo o copo — Bebe.

Seungmin levou alguns instantes para processar as palavras, ainda atordoado, preso entre o sonho e a realidade. Ele aceitou o copo com mãos trêmulas, seus dedos roçando os de Jeongin, sentindo uma breve descarga de adrenalina pelo toque gelado.

Ele tomou um gole da água, sentindo o líquido deslizar por sua garganta seca. Fechou os olhos por um momento, tentando se acalmar, mas o pânico ainda apertava seu peito.

— Você teve uma visão? — Jeongin perguntou em um tom baixo — Você parecia aterrorizado… Eu ouvi você murmurando o nome do Chan, você até começou a chorar.

— Ele foi levado. — Seungmin conseguiu murmurar finalmente, encarando fixamente o copo em suas mãos — Completamente… Eles o levaram.

— Eu acho que nunca te vi chorar antes. — Jeongin disse, franzindo as sobrancelhas — Foi tão ruim assim?

— Eu não consegui fazer nada... todos aqueles espíritos... Eu nunca vi nada igual, eles estavam entrando nele, era horrível, foi… — Seungmin negou com a cabeça, visivelmente angustiado — Isso não é bom, Jeongin, não é nada bom.

Darkness always finds you either way | MinchanOnde histórias criam vida. Descubra agora