Chan não conseguia entender como havia acabado ali, no meio de um bar gay lotado, cercado por rostos desconhecidos, em uma mesa onde as conversas fluíam de maneira quase surreal. A música vibrava ao redor, tão alta que era incômoda, mas tudo parecia distante, abafado, como se ele estivesse preso em uma bolha. Sentado ao lado de Minho, sentia o calor das mãos entrelaçadas, mesmo que estivesse de luva.
Ele olhou para os dedos de Minho entre os seus, imaginando como seria tocar na pele dele.
Quando as coisas começaram a dar errado, afinal?
Talvez tenha sido no momento em que cruzou o olhar com Minho pela primeira vez, ou quando decidiu ignorar todos os sinais que o alertavam para ficar longe.
Ou, talvez, foi quando ele percebeu que a linha entre o certo e o errado já não fazia mais sentido para ele.
Horas atrás, Chan ainda não tinha decidido se iria à festa. Seus pais haviam viajado, deixando-o sozinho em casa, e a ideia de sair escondido o fazia sentir um frio na espinha. Quando recebeu uma mensagem de Minho perguntando se ele iria ou não, sua primeira reação foi puro nervosismo. Suas mãos suaram enquanto encarava a tela, mas ele teria que responder.
"Eu vou, onde é?"
A resposta saiu antes que ele pudesse pensar direito, e o alívio veio na forma de uma sequência de figurinhas de gatinhos comemorando que Minho enviou em seguida. Um sorriso suave escapou de seus lábios. Minho tinha uma maneira única de desarmar seus medos. Ele era fofo, até demais para o próprio bem.
Eles marcaram de se encontrar na casa de Minho, mas seus problemas não haviam acabado. O que deveria vestir? A simples ideia de escolher uma roupa para uma festa o deixou em pânico. Ele nunca foi do tipo que seguia tendências ou se preocupava com moda, nunca se importou tanto com sua aparência. No fim, optou pelo básico: roupas pretas, como sempre, torcendo para que fosse o suficiente.
Ao chegar na casa de Minho, foi Jeongin quem abriu a porta, e a reação foi imediata depois de olhá-lo de cima a baixo.
— Você tá indo pra um velório? — Jeongin comentou, arqueando uma sobrancelha.
— Jeongin, não fala assim... — Chan murmurou, Mas qualquer vestígio de desconforto desapareceu no momento em que Minho apareceu em seu campo de visão. Por um instante, Chan esqueceu como se pronunciava uma palavra. Se deuses realmente existissem, então Minho era, sem dúvida, a personificação humana de um.
Minho estava divino. Usava uma saia preta, mais volumosa e elegante que a outra, uma jaqueta grande, e sua maquiagem escura realçava os olhos de forma hipnotizante. Chan ficou paralisado, incapaz de desviar o olhar, até que o som da risada de Minho o despertou de seu transe. O bruxo estalou os dedos na frente de seu rosto, se divertindo com a situação.
— Tá muito ruim? — Chan perguntou, apontando para a própria roupa, um misto de insegurança e expectativa em sua voz.
— Claro que não, Chan. — Minho respondeu com um sorriso suave — Tá ótimo, mas se você quiser trocar, posso te emprestar alguma coisa minha. — Ele ajeitou a gola da blusa de Chan, inclinando a cabeça para o lado, seus olhos analisando cada detalhe — Não se preocupe, não vou te colocar numa saia ou num vestido, por mais que eu ache que combinaria.
— Não combinaria. — murmurou o mais velho — Se não for dar trabalho, eu aceito a roupa, eu não sabia o que vestir, então...
— Não se preocupa, não dá trabalho nenhum. — Minho respondeu, apontando com a cabeça para o interior da casa enquanto começava a andar até uma porta que Chan ainda não tinha visto aberta — Como você gosta de preto, eu vou seguir nessa linha pra te deixar confortável.
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Darkness always finds you either way | Minchan
Hayran KurguChan sempre acreditou que estava amaldiçoado, condenado a viver atormentado e possuído por demônios. Desde pequeno, ele via espíritos à sua volta. Uma realidade assustadora para qualquer criança e, além disso, algo incompreensível para seus pais cat...