Caitlyn não queria pensar em Violet.
Talvez fosse mais fácil pedir para que ela sufocasse a si mesma com as próprias mãos. A maldita imagem do beijo da bartender com Fortune voltava a sua mente como uma maldição. Provavelmente era e Caitlyn esperava muito que fosse, porque aí ao menos teria uma justificativa para não parar de recriar o cenário em sua mente, a todo momento. A todo minuto. A todo segundo.
Estava completamente obcecada. O que não era o seu único problema, porque também estava completamente apaixonada e raivosa.
Tinha o direito de estar? Obviamente não, sabia que não poderia se sentir enciumada, afinal, ela era a única mulher casada ali, e foi ela também que levou seu marido para o estabelecimento onde sua 'amante' trabalha. Detenha-se a esse detalhe, 'amante', sim, entre aspas; porque Caitlyn a considerava muito mais do que isso. Violet fazia muito mais por si do que apenas o ato de gostar, Violet a escutava, Violet a aconselhava e Violet a admirava.
Ela era sua confidente. Talvez por isso estivesse com tanta raiva, e não sabia se era de si mesma ou dos outros. Mas nunca poderia ter raiva de Violet, a única coisa que conseguia sentir era ressentimento, como se tudo aquilo que passaram e compartilharam não tivesse significado nada. Para Caitlyn significou tudo.
Naquele dia, portanto, o trabalho estava impossível. Ela não poderia mentir, na maioria dos dias ele costumava ser ruim, mas naquele dia estava particularmente torturante. Caitlyn não conseguia concentrar-se nas reuniões de marketing e propaganda da empresa que havia obrigatoriamente herdado de sua família e, após o casamento com Jayce, dividiam a administração. A mulher apenas torcia para que não a chamasse. Afinal, sua mente estava funcionando apenas como um disco riscado que repetia um mesmo momento infinitas vezes, até que simplesmente se deteriore por completo.
Infelizmente, Caitlyn estava quebrando-se cada vez mais por dentro.
- Está de acordo, Kiramman? - um dos seus melhores funcionários do ramo do setor tecnológico, Viktor, está olhando diretamente para ela, após reproduzir a pergunta. Caitlyn, que até então tinha o olhar perdido na paisagem de Londres na grande janela da sala de reuniões, sorri fraco para disfarçar o seu momento, quer dizer, o seu dia de introspecção. Ela encara Viktor, como se buscasse uma resposta no rosto pálido e esguio do rapaz. Não acha nada. Bom, ela tem dois caminhos mais lógicos, certo? Sim ou não.
- Ahñ... - finge limpar a garganta, endireitando-se em seu cadeira na extremidade da mesa para passar um ar de confiança que não tem; então, apenas finge que sim. Os rostos presentes na sala olham para ela, como clones uns dos outros, a maioria homens brancos, de meia-idade e engravatados com o olhar em si; os olhos brilhando em expectativa - Claro, estou totalmente de acordo, Viktor.
Há um breve silêncio na sala, algumas pessoas se encaram com uma expressão que Cailtyn não sabe descrever. Mas logo grande parte abre um sorriso satisfeito e inicia-se uma salva de palmas. A mulher suspira aliviada por aparentemente ter escolhido a resposta correta. Seu alívio, porém, dura apenas alguns instantes. Já que a secretária de negócios de seu marido, Jayce, intervém na conversa, com um tom um tanto agressivo demais:
- Mas não acha que anunciar esse produto tão cedo poderia impactar nas vendas, Kiramman? - a mulher de olhos castanhos, pele escura e tranças presas em um coque muito bem feito, diz. Ela era muito bonita. Caitlyn não se recordava exatamente de seu nome...Mel?
Antes que pudesse responder, Jayce, que está ao seu lado na mesa retangular, a antecipa e justifica a sua decisão com um sorriso estranhamente gentil no rosto. Caitlyn agradece mentalmente por não precisar se pronunciar e volta a pensar no mesmo assunto de sempre pela próxima meia hora.
Ao fim da reunião, seu celular vibra em seu bolso.
Caitlyn sente que pode infartar ao ler o nome no visor.
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A Garota Do Bar - CaitVi
FanfictionViolet vive uma vida pacata como bartender em Londres; mas tudo muda quando Caitlyn Kiramman põe os pés no A Última Gota.