Noite de Máscaras

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Seonghwa optou pela coleira espessa e robusta, confeccionada em couro branco e adornada com brilhantes diamantes. Era uma peça bonita, embora hesitasse em usar o termo "bonita" para descrever uma situação como aquela. Era a coleira mais simples de todas, mas sua beleza era inegável, especialmente quando segurada pelos dedos longos e graciosos de Hongjoong.

— Você o deixou escolher a própria coleira? — Perguntou Mingi, incrédulo.

Seonghwa não conseguiu discernir a expressão exata que Hongjoong direcionou a Mingi, mas isso fez com que o homem alto e imponente endurecesse os ombros.

A ideia de realmente usar aquela maldita coleira não se firmou na mente de Seonghwa até Hongjoong dar um passo à frente e começar a colocá-la ao redor de seu pescoço.

— Oh — A sílaba escapou de seus lábios sem aviso. — Estava sendo literal ao dizer que precisava me prender. — Seonghwa não conseguia entender por que supôs que se tratava de uma gíria ou uma metáfora.

— Quem não mantém seu animal de estimação na coleira? — Perguntou Mingi, com uma expressão inexpressiva e mortalmente séria.

O maxilar de Hongjoong se contraiu.

— Seonghwa é muito bem comportado — Respondeu ele, com os dentes cerrados e a voz irregular. — Ele nunca fugiria de mim — Essa última afirmação soou como um aviso, um pedido silencioso para que não se afastasse de seu toque.

Mingi inclinou a cabeça para trás, observando os dois com seu nariz afilado. Parecia prestes a perder a paciência, como se estivesse a um passo de agarrar Seonghwa pelo pescoço e jogá-lo contra mais uma parede.

— Independentemente do que você faça em seu tempo livre, querido príncipe — Ele disse. — É apropriado mantê-lo preso perto dos convidados.

Seonghwa mordeu o interior da bochecha, esforçando-se para permanecer imóvel mesmo que seu corpo — seu instinto — implorasse para que corresse, gritasse, lutasse para sair daquele lugar esquecido por Deus. Mas havia alguma possibilidade de fuga? Como conseguiria atravessar todo o corredor, passar pelo saguão, sair pelas portas da frente, atravessar o jardim e passar pelos portões sem ser...descoberto? Sem ser perseguido? Sem ser devorado? Ele havia presenciado a maneira como Mingi e Hongjoong se moviam, a força selvagem que emana de seus corpos.

Era evidente que não haveria como escapar deles.

Seonghwa não pertencia a aquele mundo. Ele era apenas humano.

Droga. Não conseguia evitar sentir que tudo o que havia ocorrido naquela noite era de sua responsabilidade. Nunca deveria ter aberto a porta. Jamais deveria tê-lo deixado entrar. Por quê? Por que isso estava acontecendo com ele?

— Seonghwa — Hongjoong chamou seu nome de forma categórica, como um aviso. Ou talvez uma tentativa de oferecer uma garantia precária.

— Sim — Sua voz estava tensa.

— Não se esqueça de respirar.

Era uma frase simples, quase absurda de se dizer a alguém, mas Seonghwa sentiu uma onda de alívio assim que respirou fundo e soltou o ar. Aquela ação por si só o atingiu como um tijolo na cabeça. Hongjoong, que estava parado diante dele o tempo todo, não parecia ter respirado uma única vez. Ele não precisava.

Não espero que você me perdoe. As palavras ecoaram em sua mente, lembrando-o de momentos anteriores daquela noite. Sussurros em seu ouvido logo antes de sucumbir ao terror e à perda de sangue. Naquele instante, Hongjoong já sabia que Seonghwa o odiaria por isso.

Mas...seria isso que sentia? Essa emoção agitando-se profundamente dentro dele? Talvez não soubesse ainda como era sentir ódio. Ou pelo menos ainda não chegara a esse ponto.

Vampire's Pet ✿ seongjoong Onde histórias criam vida. Descubra agora