Capítulo 4 - O Encontro Inesperado

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Capítulo 4 – O Encontro Inesperado

Levi decidiu que precisava espairecer. Depois de todas as brigas com seu pai e a mudança para o apartamento novo, ele precisava de um pouco de normalidade, e sua melhor amiga, Maisa, era exatamente a pessoa que poderia ajudá-lo. Eles se conheciam desde sempre e, embora ela mora no morro de Heliópolis, a amizade entre os dois nunca foi afetada pelas diferenças de origem.

Naquela noite, Levi foi até o morro para visitá-la. Ao chegar, ele se surpreendeu com a simplicidade da casa de Maisa, que era acolhedora, mas contrastava com sua nova vida no apartamento luxuoso. Depois de conversarem um pouco, Maisa sugeriu que fossem a um barzinho que ficava mais adiante.

Enquanto andavam pelas ruas do morro, o som de conversas animadas e música ao vivo os envolvia. O bar era simples, com luzes piscando e mesas de plástico espalhadas pelo lado de fora. Ao entrar, Levi imediatamente percebeu uma figura que se destacava de todas as outras: G7. Ele estava em um canto, cercado por alguns de seus homens, incluindo Fumaça, fumando calmamente enquanto observava o movimento.

Levi sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele reconheceu G7 imediatamente, mesmo de máscara. Aquele era o homem que o tinha feito refém no banco há duas semanas. Seu coração acelerou, e ele não conseguia tirar os olhos dele.

Maisa, notando o olhar fixo de Levi, cutucou-o. "Você tá maluco, amigo? Ficar olhando assim pro dono do morro?"

Levi, ainda encarando G7, respondeu com a voz baixa. "Maisa, ele... Ele me roubou há duas semanas no banco."

Maisa arregalou os olhos, chocada. "O quê? Ai, meu Deus! Aí mesmo que eu não olhava! Eu morro de medo do G7. Dizem que ele não perdoa ninguém."

Enquanto isso, do outro lado do bar, G7 percebeu o olhar fixo de Levi. Seus olhos castanhos, sempre atentos, encontraram os de Levi. Eles se encararam por alguns segundos, e G7 ficou intrigado. Ele sabia que conhecia aquele rosto. A lembrança do assalto no banco voltou à sua mente. O garoto de olhos puxados... era ele.

Fumaça, ao lado de G7, exalou a fumaça do "verde" que estava fumando e comentou, puxando uma risada curta. "Mano, aquele ali não é o japa dos olhos puxados que tava no banco quando a gente fez o corre?"

G7 deu uma tragada longa, seus olhos nunca saindo de Levi. "É sim, meu irmão. Certeza."

Fumaça riu mais uma vez, claramente se divertindo com a coincidência. "Tá ligado, né? Moleque rico, de olho puxado, o que será que ele tá fazendo aqui no morro?"

G7 continuou observando Levi, sem responder de imediato. Seu cérebro trabalhava rapidamente. "Vou ficar de olho nesse japa", disse G7, finalmente, com um tom sério.

De volta a Levi e , Maisa sussurrou para Levi, ainda nervosa. "Você sabe que o G7 nunca tira essa máscara, né? Ninguém sabe o rosto dele de verdade. Dizem até que uma vez uma pessoa viu o rosto dele, e... bom, ele matou essa pessoa."

Levi olhou para Maisa, com uma expressão de medo, mas também de fascínio. "Amiga, será que isso não é só boato? Coisa que o povo inventa?"

Maisa cruzou os braços, olhando para o G7 de longe. "Eu não sei, mas eu não vou pagar pra ver. Ele é perigoso de qualquer jeito. O que você tá fazendo olhando tanto pra ele? Ainda mais depois do que aconteceu no banco?"

Levi suspirou, desviando o olhar para a mesa à frente. "É complicado, amiga. Eu saí da casa dos meus pais, tô morando sozinho agora num apartamento... Eu precisava me distrair, sabe? Mas agora, vendo ele de novo... não sei, me sinto estranho."

Maisa ficou surpresa. "Você saiu de casa? Como assim, Levi? Mas seus pais..."

Levi interrompeu. "Não aguentava mais as brigas com meu pai. Ele nunca vai aceitar quem eu sou. Minha mãe me deu um apartamento de presente de aniversário. Fica a uns 10 quilômetros daqui. Decidi que era hora de seguir minha vida longe de tudo aquilo."

Maisa olhou para ele com carinho e compreensão. "Você é corajoso, Levi. Não é fácil tomar essa decisão. Mas, sério, toma cuidado com o G7. Esse cara não é brincadeira."

Do outro lado do bar, G7 ainda não tirava os olhos de Levi. Algo sobre aquele menino o intrigava. Por que um garoto claramente rico, que já havia sido feito refém, estava agora no morro de Heliópolis? E por que ele estava olhando para ele com tanto interesse? G7 não conseguia entender, mas uma coisa era certa: ele ia descobrir mais sobre Levi, nem que tivesse que seguir o garoto até o fim do mundo.

Enquanto o clima no bar continuava agitado, com pessoas bebendo e se divertindo, G7 se levantou, lançando um último olhar para Levi antes de sair com Fumaça e seus homens. O encontro inesperado entre eles estava longe de ser o último.

Levi sentiu o coração acelerar novamente quando G7 passou perto de sua mesa, sem tirar os olhos dele. Aquele olhar era intenso, como se G7 o estivesse marcando de alguma forma, deixando claro que isso não ia acabar ali.

Levi, ainda tentando entender o que estava sentindo, olhou para Maisa e tentou mudar de assunto, mas, no fundo, ele sabia que aquele encontro inesperado iria mudar sua vida de alguma maneira

Continua.....

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