Capítulo 7: Dedé e Sua História

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Capítulo 7: Dedé e Sua História

Era uma noite silenciosa no morro de Heliópolis, e Dedé estava sentado no alto, olhando para as luzes distantes da cidade. O jovem de 18 anos, conhecido por seu jeito brincalhão e despreocupado, carregava um passado que poucos conheciam.

Dedé perdeu seus pais em um acidente de carro quando tinha apenas 13 anos. Naquele dia, ele estava no banco de trás, e o choque repentino virou sua vida de cabeça para baixo. Após o acidente, ele não tinha mais família próxima para cuidar dele, e o sistema não lhe ofereceu muitas opções. Sem rumo, perdido e sentindo-se abandonado pelo mundo, Dedé acabou caindo nas mãos do crime, apenas para sobreviver. Foi assim que ele conheceu G7, o chefe do morro, que o acolheu.

Com o tempo, Dedé se tornou mais do que um garoto de recados no morro. Ele era leal a G7, não por obrigação, mas por gratidão. Para Dedé, G7 era como um pai que ele nunca teve. E mesmo com seu jeito sério e rígido, Dedé sempre arranjava um jeito de quebrar a seriedade do chefe com suas piadas.

Dedé eu mato e morro pelo G7

**Na Casa do G7**

Dedé subiu as escadas da casa de G7, uma das melhores casas do morro. G7 tinha conquistado respeito e poder, e isso se refletia na casa bem estruturada em que vivia. Dedé entrou sem bater na porta, como sempre fazia, e logo avistou G7 sentado no sofá, descansando.

— E aí, papai, descansando depois de um dia sem fazer nada Como sempre  — Dedé brincou, abrindo um sorriso de orelha a orelha.

G7 olhou de lado, a expressão séria como de costume. Em um movimento rápido, ele puxou sua arma e apontou na direção de Dedé.

— Se continuar, vou meter duas balas na sua perna, meu irmão. — G7 ameaçou, a voz baixa e calma, mas com um tom que sempre carregava uma verdade perigosa.

Dedé, sem perder o humor, levantou as mãos, rindo.

— Ok, ok, papai, já parei. — Ele disse, dando uma gargalhada.

G7 abaixou a arma e colocou de volta na cintura, balançando a cabeça.

— Hoje eu não tô querendo brincadeira, não, tá ligado, meu filho? — G7 soltou, sem nem perceber que tinha usado aquela palavra que tanto evitava: "filho."

Dedé ficou surpreso por um momento, mas logo seus olhos brilharam de felicidade. Era a primeira vez que G7 o chamava de “filho”. Ele sempre soube que G7 se importava com ele, mas ouvir aquilo pela primeira vez foi como um reconhecimento que ele nunca imaginou ter.

— Sério isso, pai? — Dedé falou, desta vez com um tom mais sério, mas com um sorriso nos lábios. — Cê nunca me chamou assim antes. Mas já que é assim, o senhor precisa arrumar uma mãe pra mim, hein?

G7 soltou um riso amargo, balançando a cabeça.

— Nunca mais vou casar, moleque. Você sabe disso. O amor morreu pra mim depois do que aquela mulher fez. — G7 respondeu, a voz carregada de rancor.

Dedé sabia bem da história. A ex-namorada de G7 o havia traído e o deixado por outro. Desde então, o coração do chefe do morro havia se fechado para qualquer tipo de relacionamento amoroso.

— Eu sei, pai... — Dedé disse, desta vez sem brincar. — Mas nem todo mundo é igual. Ela te largou pra ficar com outro, mas isso não quer dizer que todas as pessoas vão fazer o mesmo. Cê é muito novo pra desistir do amor.

G7 encarou Dedé por alguns segundos, como se estivesse considerando aquelas palavras.

— Você ainda é novo demais pra entender, Dedé. — G7 finalmente disse, sua voz firme. — Todos que disseram que me amavam, me deixaram. Não vou cair nessa de novo.

Dedé suspirou, mas não insistiu mais no assunto. Ele sabia que G7 tinha sido machucado e que, por trás daquela fachada dura, existia alguém que ainda guardava feridas profundas. Mas, para Dedé, o fato de G7 tê-lo chamado de "filho" era o suficiente por agora.

Eles se sentaram juntos na varanda da casa, olhando para o morro iluminado pela noite. Sem mais palavras, apenas compartilhando um momento de cumplicidade que, para Dedé, significava mais do que qualquer brincadeira ou zoação. Ele sabia que, no fundo, G7 se importava com ele, e isso era o suficiente para ele seguir em frente.

Continua.....

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