Capítulo 4

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Já ouviram aquele ditado que diz: "Quando o diabo não vem, ele manda o secretário?" Pois é, às vezes é bem verdade.

—Merda —reviro os olhos quando acho o bracelete entre minhas coisas.

No meio da faxina decidi organizar meu quarto, e o achei em uma das malas, não sei como veio parar aqui, já que tudo o que havia ganhado de Alex, doei ou joguei fora. Sei que isso foi há anos atrás, mas por algum motivo meus pensamentos insistem em reviver esse acontecimento lembro-me das coisas que passei e sofri por tamanha desilusão amorosa, cheguei a desacreditar no amor e nas pessoas. Sei que ninguém é igual e que não posso descontar os erros de um em todos, mas ainda tenho medo.

Foi o meu primeiro amor, a magoa foi grande passei vários dias muito mal, no fundo do poço, chorando e tentando absorver tudo, tentava entender o do porquê de aquilo ter acontecido, tentando de todas as formas encontrar uma justificativa. Infelizmente por um bom tempo acabei me culpando, por achar que errei em algo, mas na verdade só depois de um tempo foi que percebi que a única coisa em que errei foi em ter me entregado de corpo em alma em uma relação com alguém que não soube respeitar e dar o devido valor na pessoa que sou, apenas isso.

Não vou romantizar e dizer que são coisas da adolescência porque isso tem a ver com caráter de cada um e não idade. Essa situação me gerou traumas, mexeu com a minha autoestima, fiquei insegura e com feridas.

Mas é isso, com o tempo percebi que o problema foi todo dele, hoje sei do meu valor, da mulher incrível que sou e que ele perdeu uma pessoa maravilhosa. Simples assim. 

As inseguranças aparecem, mas luto para fugir delas.

Vou até o banheiro, assim que abro a lixeira fico olhando o objeto em minha mão, é lindo, mas jamais ficarei com ele, isso seria muito atraso para minha vida.

Esse foi o único relacionamento sério que tive, claro que já fiquei com outras pessoas, apenas alguns beijinhos aqui e ali, e encontros sem compromisso.

Depois que me formei decidi focar apenas na minha carreira e estudos, então já faz um tempo que não fico com ninguém. Não estou à procura.

Minha família e até mesmo Éster sempre pegam no meu pé, dizendo que devo seguir em frente, que existem pessoas maravilhosas para se conhecer, mas ainda me sinto insegura e tenho medo de me machucar novamente.
Mas, hoje estou pensando seriamente em seguir o conselho da minha mãe: enquanto não encontrar o certo divirta-se  com os duvidosos.
Meu pai quase teve um treco quando ela soltou essa.

Nem vi a hora a passar, minha cabeça estava tão área pensando em tudo que terminei a faxina rápido.

Tenho uma rotina bem organizada, ou tento né, especialmente quando se trata de alimentação. Prefiro sempre comidas frescas e caseiras. Como meu tempo é corrido às vezes, costumo preparar marmitas para facilitar o dia a dia e manter uma alimentação balanceada e saudável. Mas, claro, nos finais de semana gosto de preparar algo mais elaborado e comer o que tenho vontade. Afinal, eu treino para poder aproveitar as refeições — sem exageros, é claro.

Além da alimentação sempre tento manter os meus treinos em dia, treinar é maravilhoso, me sinto bem, fico mais disposta e com energia para encarar os problemas diários.

Depois de um banho revigorante, almocei e passei a tarde assistindo. À noite eu fiquei conversando até altas horas com meus pais e minha irmã, foi um sábado tranquilo, mas dentro do habitual. No domingo sai para correr pela manhã e o restante do dia eu fiquei fazendo o planejamento das aulas e as consultorias com os alunos da academia.

Meus finais de semama costumam ser assim, para alguns tediosos, para mim bem proveitosos.

— Ayla, hoje teremos uma visita. Algumas pessoas podem passar pela sua sala, mas não precisa se preocupar. Eles estão aqui para avaliar alguns alunos e, quem sabe, selecionar alguns deles — explica Dona Ângela assim que chego na escola.

Quando é pra serOnde histórias criam vida. Descubra agora