Capítulo 3

1 0 0
                                    


Já fazem algumas semanas dedes que Éster se mudou, e hoje, fui surpreendida por ela que veio me visitar na hora do almoço. Por sorte, eu tinha um atendimento marcado para hoje, então, assim que terminei, ela chegou. Ainda não tive coragem de contar a ela sobre minha situação; estou esperando o momento certo para fazê-lo. Estar com ela foi uma alegria imensa, eu adoro sua companhia. Nossos encontros são sempre repletos de risadas, e admito que sinto falta de tê-la por perto para nossas conversas descontraídas durante o jantar, depois de um longo e cansativo dia de trabalho. Gostaria de ter mais tempo para sair, passear, ou fazer qualquer outra coisa juntas, mas a realidade da vida adulta se impôs. Não que isso seja uma desculpa, mas preciso aprender a administrar melhor meu tempo.

Éster sempre fala que isso não passa de uma desculpa esfarrapada e que preciso reagir. Talvez eu concorde com ela.

E, por falar nela, durante o almoço, Éster me contou que haverá um show na próxima semana e me convidou para ir com ela e o Bruno. O conviste me deixou super animada, mas não consegui confirmar, já que esses últimos dias têm sido uma verdadeira correria. Agora que estou sem um emprego fixo, estou me reorganizando em relação às despesas e tentando colocar tudo em ordem.

Meus dias se resumem a uma rotina intensa: começo com os atendimentos personalizados na academia, dependendo do dia, depois vou direto para a escola, e de lá sigo para casa. Nos intervalos entre um compromisso e outro, aproveito o tempo para entregar currículos e buscar novas oportunidades.

Nesse momento estou a caminho da escola. Vejo o meu reflexo brilhar através dos enormes espelhos que ficam na entrada, imaginar que nos primeiros dias cogitei desistir por medo de não conseguir lidar com tudo, minhas inseguranças queriam me boicotar a todo custo. Mas, felizmente estou aqui, confesso que essa é a minha parte preferida do dia.

As turmas que tenho já estavam sendo ministradas por outro professor no qual precisou se ausentar e foi aí que a vaga ficou disponível, então já havia turmas em andamentos. De início fiquei um pouco perdida, mas logo consegui me achar, por sorte a direção é bem organizada então tive essa ¨facilidade¨. Temos turmas com alunos de todas as idades, desde iniciantes até profissionais.

No decorrer dos dias pude observar de perto cada aluno, tenho consciência de que muitos acabam frequentando apenas por hobby, outros porque os pais decidiram e tem aqueles que realmente querem seguir carreira profissional, e eu estou aqui para ajudar a todos no que eu puder.

Chego já sendo bem decepcionada por eles.

—Estou tão animada para a aula de hoje — Luna, uma de minhas alunas diz e posso ver os brilhos em seus olhos, o mesmo brilho que tive quando participei da minha primeira aula anos atrás como aluna.

Como são alunos novos, tiveram pouco contato com a dança, então hoje decidi trabalhar de forma diferente, colocando-os para escolher uma música que gostam e com ela irão criar uma coreografia própria.

Assim que eu termino de explicar vejo alguns olhares apreensivos, talvez por serem os pegos de surpresa.

—Vocês não precisam se preocupar, quero que através da música que escolher vocês possam expressar os seus sentimentos transmitindo tudo para a dança, não precisa ser nada formal, até mesmo se quiser ficar girando já significa muito —dito isso eles começam a rir—Apenas se divirtam, para ficar melhor irei colocar uma música onde todos nós vamos dançar e depois vocês irão fazer individualmente, pode ser? —opto por seguir dessa forma para transmitir mais confiança a ele.

—SIMMMMMMM

E foi exatamente o que fizemos. Todos, inclusive eu, dançamos livremente, apenas nos deixando levar pela música. Para minha surpresa, eles superaram completamente o medo e a timidez, e a aula fluiu de maneira leve e divertida. Foi uma experiência muito agradável, e me sinto orgulhosa por ter contado com a participação de todos, que, aliás, adoraram a vivência.

Quando é pra serOnde histórias criam vida. Descubra agora