Capítulo 15

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Tenho vinte e quatro anos e, em muitos aspectos, me considero uma pessoa madura. No entanto, quando se trata de lidar com sentimentos, percebo que ainda tenho muito a aprender. Sinto que não entendo esse tema tão bem quanto deveria, já que muitas vezes me vejo reagindo como uma adolescente que não consegue controlar ou esconder o que sente. Em certas situações, parece que minhas emoções transbordam de uma forma que não consigo evitar.

—Uauuu — ouço um coro unânime de vozes impressionadas.

Viro a cabeça e vejo uma pequena plateia, aplaudindo de maneira entusiasmada. Só nesse momento me dei conta de que eles estavam ali, observando tudo o tempo todo. Meu rosto esquenta um pouco com o constrangimento.

Olho para o sofá e vejo Jay, que dorme profundamente. Olho para o outro lado, onde ele estava antes, mas agora o lugar está vazio. Fico um pouco sem jeito, e mil pensamentos passam pela minha mente.

Será que exagerei? Será que fiz algo de errado?

— Minha nossa, Ayla! Uau, eu ainda estou sem palavras! Você dança incrivelmente bem! — Lauren se aproxima, animada, seus olhos brilhando de excitação. — Já tinham me falado muito sobre o seu talento e o seu desempenho, mas assistir de perto é uma experiência completamente diferente.

— Você é incrível! — Ian comenta com um sorriso, enquanto bagunça meu cabelo de maneira carinhosa. Eles adotaram esse gesto comigo, e, por mais que eu tente disfarçar, acho adorável.

Os meninos não economizam nos elogios. Trey e Adam ainda me olham com uma mistura de surpresa e admiração. Ambos comentam que eu mandei muito bem.

Sinto minhas bochechas corarem de vergonha. Embora eu esteja acostumada a dançar, não esperava uma reação tão entusiástica deles. Mas, ao mesmo tempo, não consigo deixar de sentir uma felicidade interior, uma satisfação por ter tocado essas pessoas com a minha dança.

Peço licença e vou ao banheiro. Assim que entro, quase me assusto ao ver meu reflexo no espelho. Minhas bochechas estão super coradas, e não sei dizer se é por causa da bebida ou do que acabou de acontecer. Estou suando e um pouco ofegante. Mesmo tentando desviar o pensamento, os olhos dele não saem da minha mente, e fico lembrando da forma como ele abriu a boca, como se fosse dizer algo.

Balanço a cabeça, confusa, sem saber o que fazer comigo mesma. Ligo a torneira, aparo um pouco de água nas mãos e jogo no rosto, tentando me acalmar. Preciso me controlar, não posso simplesmente agir por impulso, movida pela emoção.

Tenho que ser realista: ele é incrível, um ser humano excepcional. Não é só a beleza que chama atenção, suas atitudes também são admiráveis. Mas ele está fora da minha realidade. Ele é famoso, e provavelmente tem as mulheres mais bonitas correndo atrás dele. Pode até já ser comprometido. Não sei por que estou pensando nisso agora. Nem sei se ele algum dia sentiria algo por mim. Para ser honesta, nem sei o que estou sentindo nesse momento. Estou confusa, não consigo decifrar o que se passa dentro de mim. Só sei que, quando ele está por perto, sinto sensações que nunca experimentei antes. É algo novo e, para falar a verdade, muito confuso.
Mas preciso voltar à realidade. Tenho que proteger meu coração. Não suportaria passar por mais uma desilusão.

Respiro fundo, me recomponho e saio do banheiro. No entanto, ao dar os primeiros passos, tropeço em algo e quase caio. Já estava me preparando para o impacto, mas sinto braços fortes em volta da minha cintura, me segurando firme. Esse cheiro… humm.
Fecho os olhos por instinto, apreciando o momento e a sensação.

— Desculpa, não sabia que você estava aqui — ouço Vince dizer, ainda me segurando.

Como pode ser tão lindo? Isso é uma injustiça com os outros homens.

— Você está bem? — ele pergunta com um tom de preocupação.

— Sim, sim — respondo, nervosa.

Ele me encara por alguns segundos e, aos poucos, me solta, como se estivesse medindo cada movimento. Ele deve achar que estou bêbada. E, pensando bem, talvez eu esteja. Minhas reações definitivamente não estão normais hoje, então, para me tranquilizar, vou culpar a cachaça por tudo.

Voltamos para a sala em um completo silêncio. As outras pessoas continuam conversando e bebendo. Jay não está mais por ali, provavelmente o levaram para algum quarto. Dou uma olhada no relógio e quase caio para trás. Já são 4 da manhã. O tempo passou voando e eu nem percebi..

— Ei, Ayla, senta aqui! Fiz sanduíches pra gente — chama Adam, com um sorriso.

— Na verdade, eu vim para me despedir. Já está tarde, preciso ir — respondo, meio sem jeito.

— Sério? Tá cedo ainda — diz Trey, se levantando.

— Cedo? Já vai amanhecer — respondo, rindo da situação.

— Exatamente — ele continua, rindo junto.

— Mas vou aceitar o sanduíche.

— Os sanduíches do Adam são irresistíveis — Ian comenta, com a boca cheia.

Tenho que concordar. — Isso aqui está incrível!

Olho em volta procurando por Pedro, mas não o vejo.

— O André o levou. Ele estava um pouco bêbado, e como o André já estava de saída, foram juntos. Ele tentou te achar pra se despedir, mas o táxi já estava na porta — explica Lauren, como se tivesse lido meus pensamentos.

Quando é pra serOnde histórias criam vida. Descubra agora