Capítulo 14

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Depois de alguns minutos que cheguei descobri que Pedro também está aqui. Ele estava no banheiro, por isso não o vi antes, mas assim que me viu fez a maior festa, o que atraiu olhares. Não sei se todos sabem que ele é gay; pelo seu porte, talvez não seja tão óbvio para alguns. Ele parece mais sério perto de muitas pessoas, mas quando estamos a sós, se solta e fica muito mais à vontade, sendo ele mesmo.

— Estou curioso, como foi que vocês se encontraram? — Pergunta Ian, enquanto eu continuo um pouco distraída, observando os dois à minha frente.

Forço-me a encontrar as palavras e, mentalmente, agradeço por conseguir disfarçar o que estou sentindo.

— Eu estava no Hyde Park quando nos encontramos. Na verdade, o Dimin me encontrou primeiro.

— Sim, depois da nossa corrida, Jay foi comprar água e eu procurei um lugar para sentar. Foi aí que a vi. Não tinha certeza se era você, então fui conferir — Dimin, complementa.

— Você vai lá com frequência? — Adam pergunta, curioso.

Todos parecem atentos à conversa enquanto bebem. Pedro, sempre observador, sorri para mim quando o olho, e parece estar especialmente feliz hoje.

— Não tanto quanto gostaria.

— Sempre que posso, gosto de caminhar por lá — responde Adam.

— Entendo. É um ótimo lugar para relaxar.

— Mas, com nossa agenda, fica um pouco complicado ir sempre — comenta.

— Imagino.

— E como esses dois conseguiram te convencer a vir com eles? — Trey pergunta, olhando para Jay e Dimin.

— Foi meu charme. Ninguém resiste! — Jay brinca, mandando um beijo para Trey.

— Não liga pra ele, Ayla. Te juro que ele foi vacinado na infância! — Nilan diz, rindo enquanto Jay faz uma careta.

—Respondendo a sua pergunta, eu que vi essas duas crianças perdidas na rua então decidi trazê-los para os pais — digo entrando na brincadeira e todos começam a rir.

—Essas crianças me dão tanta dor de cabeça — Adam começa a massagear as têmporas.

—Agora é sério, na verdade já estava indo para casa quando os encontrei, então fizeram o convite e eu aceitei.

— Acredita que ela iria embora para casa sem querer aproveitar essa noite? Então eu como um bom cavalheiro não permiti uma coisa dessas. —Jay começa a explicar de forma dramática.

—Muito bondoso —a tal da Kate diz
Trey começa a servir a carne e sai distribuindo bebidas junto com André, que também é da equipe de coreógrafos.

— Estava em um date? —Kate pergunta do nada e todos olham curiosos

—Oh, não. Só fui pegar um pouco de ar fresco, estava cansada de ficar em casa.

Olho para o lado e vejo Lauren falar algo no ouvido do Vince e ele começa a rir, sinto o meu estômago revirar.

— É bom sair um pouco. Que legal que o Jay e o Dimin te convidaram. —Adam sorrir gentilmente.

— É, foi difícil mas conseguimos convencer ela. —Jay fala fazendo bico.

Ian pergunta se não queria vir, então digo que apenas fiquei receosa em aparecer de surpresa e acabar atrapalhando.

— Você não atrapalha em nada, na verdade é bom ter você aqui —Vince fala com um sorriso gentil, e que sorriso, me deu até calor.

Pedro me cutuca de forma discreta e lança um sorriso de lado.

—Amiga você está corada —ele cochicha.

— Hummm... Olha como ele está galanteador —Jay começa a rir.

O Vince o lança um olhar matador e ele apenas continua rindo na cara do perigo.

— O Vince está certo, sua presença ajudou a melhorar o ambiente —Pedro fala enquanto me serve um suco.

—Obrigada.

— A comida está pronta —Trey avisa colocando um refratário cheio na mesa.
Enquanto eles estão distraídos conversando e bebendo, Dimin me leva para conhecer sua casa em um pequeno tour.

—Você mora sozinho? —Pergunto curiosa.

—Sim, a casa é enorme para uma pessoa, só que não fico sozinho sempre tenho a dona Marta que cuida de tudo para mim ela foi minha babá desde os meus dois anos e nunca mais me largou e também meus pais sempre passam um tempo comigo, sem contar que os rapazes sempre ficam aqui, cada um tem sua casa mais sempre estamos um na casa do outro.

—Pelo que vejo vocês são bem unidos.

—Sim, como sempre falamos somos irmãos de famílias diferentes, claro que temos nossas desavenças e opiniões diferentes, mas não passam disso.

—Até porque, que tipo de irmão seria se não tivesse os seus desentendimentos, não é mesmo? —Digo rindo.

—Exato.

Continuamos caminhando por cada cômodo, ele me mostra tudo, até mesmo a área externa.

—Você tem muito bom gosto. Pelo pouco que conheço você, percebi que cada detalhe tem muito da sua personalidade.

—Obrigado, queria um lugar que tivesse o meu estilo.

Depois de olhar tudo voltamos para onde os outros estão.

Eles prepararam bastante coisa, tem churrasco, mesa de frios, sobremesas e bebidas. Vince e Lauren se sentam ao meu lado e de Pedro, ele nos oferece algo para beber, aceito e peço água enquanto Lauren pediu Whisky, decidi não beber hoje para evitar passar vergonha. Não sou tão forte para bebidas e da última vez que bebi fiquei muito bêbada e passei mal.

Posso estar sendo repetitiva, mas ainda é surreal estar tão próxima deles, imagina você sentado com os membros da sua banda favorita ou o seu ídolo conversando e bebendo.

É louco, mas é muito bom poder ter esse contato mais de perto.
E o mais incrível de tudo é como eu fico tão à vontade com eles. O fato é que eles são divertidos e conversam bastante, o que faz com que as coisas fluam naturalmente.

Olho em volta e percebo que alguns já estão levemente bêbados, principalmente o Jay. Dos rapazes, o único que não vi bebendo foi o Vince, exceto suco e energético.

—E você, Ayla, está gostando de morar aqui? —Lauren pergunta.

Ela tem a mesma vibe deles, muita simpática e alta astral.

—Sim, bastante.

—Não é, por nada, mais Londres é o melhor lugar para se morar —Ian concorda.

—Você não sente vontade de voltar para o Brasil? —Trey pergunta de forma curiosa.

—Sendo bem sincera, na verdade sinto muita saudade de tudo, principalmente minha família.

—Mas.. —diz semi serrando os olhos.

—Mas, aqui eu me reencontrei, sinto que aqui é onde eu deveria estar.

—Isso é bom —sorri com a minha resposta.

— Pedro, você também é brasileiro?

— Sim, sou. Amo meu país, mas sempre digo que precisamos viver com liberdade, viajar pelo mundo, conhecer novos lugares. E se um dia quisermos voltar, está tudo bem. Claro, sempre há um certo receio, mas acredito que devemos abraçar o desconhecido.

— Eu te entendo completamente — André responde. — Sou italiano e me mudei há pouco mais de um ano. A saudade é enorme, mas viver novas experiências, criar novas histórias, embora seja assustador, também é muito gratificante.

— Eu não sabia que você era italiano —Pedro diz pensativo e eu o cutuco fazendo-o rir.

—Quando decidi vir, me senti bastante insegura. Acho que qualquer pessoa que larga tudo para ir para outro país ou passa por grandes mudanças, como trocar de emprego, sente esse medo. É algo novo e isso gera aquela ansiedade sobre o que está por vir. Mas o conselho que eu daria é: mergulhe de cabeça. Siga o seu coração. Se não der certo, tudo bem, talvez não fosse para ser, mas ter a sensação de que você tentou de verdade é algo muito valioso, entende?

— Entendo perfeitamente — concorda Adam.

—Desculpa se estiver sendo invasivo, mas qual a sua idade Ayla? —Ian pergunta.

—Eu tenho 24.

—Sério? Você é muito madura para a sua idade. Não que seja errado, na verdade é admirável e inspirador ver você tão nova correndo atrás dos seus objetivos.

—Obrigada. —digo meio sem jeito.

—Concordo com o Ian. —Agora é a vez de Dimin— Você é nova mas é surpreendente imaginar que com pouca idade já têm tantas responsabilidades e fora que é uma excelente profissional, no dia da apresentação na escola ouvimos muitos elogios.

—Acho que entendemos ainda melhor você porque nós desde novos batalhamos muito para chegar aonde chegamos e sabemos que no caminho temos que abrir mão de muitas coisas.

—Sim — digo pensativa lembrando todas as coisas que precisei abdicar.

—Qual a idade de vocês? —Agora sou eu curiosa.

Cada um vai respondendo, um por vez. Adam e Pedro e Alex têm 28, Trey, Nilan, Kate e Ian tem 27, Jay, Dimin , Laurem e Vince 26.

Os outros não sei ao certo, eles agora estão na borda da piscina conversando entre si.

—São bem novos. Em algum momento pensaram em seguir outros caminhos? —Alex pergunta

—Eu sou formado em Direito, mas nunca exerci. — Adam diz e ficamos surpresos.

—Sério? —Pedro abre a boca de surpresa

—É uma área que sempre gostei mas fiz por fazer para ter mais conhecimento, não foi de total desperdício como algumas pessoas acham por eu não estar exercendo, na verdade isso ajuda bastante nos negócios da nossa carreira.

—Concordo —digo

—Sou formado em Administração, o meu pai tem uma empresa e quando iniciei escolhi pensando nisso. —Trey explica.

—Eu fiz Arquitetura– Dimin fala enquanto se joga no pufe ao meu lado.

—Uau, está explicado à perfeição da sua casa —Ele começa a rir e levanta os ombros

—Ele é ótimo, saiba que a casa de todos aqui tem o dedo dele —Lauren fala e todos concordam.

Ian e Nilan explicam que decidiram focar apenas na música e trabalham desde cedo como compositores.

—A música foi o que eu sempre quis, nunca tive outro sonho por outra área como eles. —Ian fala —Eu até cogitei a possibilidade, só que nada me cativa tanto como a música.

Nesse meio tempo, descobri que Lauren é produtora e trabalha com eles há alguns anos, e acabaram se tornando amigos. Ela está sempre com eles. Talvez seja por isso que a vi com o Vince no restaurante.... Ou quem sabe eles têm algo mais, já que se conhecem há tanto tempo, não é? Difícil dizer.

—E você, Vince? — Pedro pergunta parece até que leu o meu pensamento, estava curiosa enquanto a isso, só não tive coragem de perguntar.

— também segui a área da música.

—Ele está sendo humilde—Jay dedura— Ele é produtor, musicista e multi-instrumentista.

Que isso em, bem humilde mesmo.

—Nossa, é bem legal saber que mesmo tendo a carreira corrida vocês conseguem fazer o que gostam, mesmo que não sigam essa profissão no momento — Alex diz pensativo.

Adam começa a explicar.

—Sim, agora já estamos mais velhos, mas os mais novos estão sempre fazendo coisas novas, sempre se reinventando.

—Velhos? —digo rindo.

—A idade é nova mas o espirito é de um velho de 80 anos — Dimin zoa eles.

Trey começa a rir do nada, atraindo a atenção de todos.

—O que foi? —Dimin pergunta confuso.
—Acho que é a primeira vez em muito tempo que alguém pergunta coisas assim da gente.

Eles ficam um tempo pensando e depois começam a rir concordando

—Por quê? —Pergunto confusa.

—É que geralmente as pessoas pesquisando tudo sobre a nossa vida e quando conversam com a gente acabam não tendo mais tantas curiosidades.

— Eu particularmente prefiro perguntar pessoalmente —digo e os outros concordam.

—Por isso gosto de você — Jay diz e fazemos soquinho com as mãos. Não tem como não rir com ele.

Continuamos conversando eles falam sobre a correria que é a vida deles tem vezes que passam meses longe de casa fazendo trabalhos e campanhas e os poucos momentos que tem aproveitam o máximo possível para descansar, ir para a casa dos pais, sempre que podem fazem algo como hoje com comida, bebidas e a companhia uns dos outros ou como o Adam disse eles dormem o máximo que podem.

Vejo o quanto eles são apegados uns com os outros, não é por menos, já que se conhecem desde novos.

Quando é pra serOnde histórias criam vida. Descubra agora