Estou parada diante de um prédio colossal, cuja fachada é completamente revestida de espelhos, refletindo o céu e os arredores de uma maneira que parece torná-lo infinito.
Olho para o meu celular vibrando, com uma mensagem de Éster me desejando boa sorte. Ela e Luiz têm sido muito importantes para mim neste momento, já que, por escolha minha, ainda não contei nada aos meus pais e à minha irmã. Não quero ser precipitada. Vou esperar para contar quando tudo estiver resolvido.
Já dentro do prédio, sinto uma mistura de nervosismo e excitação, tomando conta. Meu coração bate acelerado, e a adrenalina percorre meu corpo enquanto tento controlar o turbilhão de pensamentos.
Depois de passar meus dados para a recepcionista, ela me entrega um crachá de visitante. Ele é prateado, com letras finas e elegantes. Sou informada em qual andar devo ir e quais direções seguir.
Cada detalhe à minha volta parece milimetricamente planejado: o piso brilhante, as paredes de um branco impecável, e até o ar condicionado que cria uma sensação de frescor ideal. As pessoas que passam por mim parecem ter saído diretamente de uma produção cinematográfica. Cada uma delas, vestida com uma sofisticação que faz minha roupa parecer um tanto simples, eles se movem com uma confiança quase palpável.
Enquanto subo, encaro meu próprio reflexo nas portas espelhadas. Vejo meus olhos ligeiramente arregalados, tentando ocultar a ansiedade crescente. Quando as portas se abrem suavemente, indicando que cheguei ao meu destino, meu estômago dá um pequeno salto.
Saio do elevador e, por um momento, me sinto perdida. Procuro com o olhar, alguém que possa me dar alguma instrução. Antes que eu possa perguntar, um rapaz vestido de maneira impecável se aproxima com um sorriso cordial. Ele me conduz por um longo corredor de paredes envidraçada, onde consigo ver o movimento das outras salas. Pelo caminho, noto algumas pessoas que parecem estar na mesma situação que eu, aguardando algo importante. Suas expressões são variadas: algumas mantêm uma calma quase desconcertante, enquanto eu sinto minhas pernas tremerem como se fossem feitas de gelatina.
Após quase vinte minutos de espera, uma mulher aparece no corredor. Ela é a epítome da elegância: seus saltos ecoam suavemente no piso de mármore, e seu traje perfeitamente ajustado dá a ela uma presença quase intimidante. Sem dizer muito, com um gesto discreto, nos indica para segui-la até uma sala ampla e bem iluminada. Ao entrar, ela nos pede que aguardemos, deixando um clima de expectativa no ar.
— Estou quase vomitando de ansiedade — murmura um rapaz ao meu lado.
— Eu também — respondo, e ele arregala os olhos ao perceber que entendi o que disse.
— Brasileiros estão em todos os lugares — comento, rindo e dando de ombros.
Ele parece aliviado com a descoberta.
— As pessoas aqui parecem robôs. Será que elas respiram? — Ele pergunta, e eu sorrio.
Olho para frente, e, por mais que eu deseje muito essa vaga, não consigo entender por que eles agem desse jeito. Sei que são profissionais, mas parece que estão presos a uma fachada impecável, quase como se precisassem esconder qualquer sinal de humanidade. Eles parecem que nem respiram, concentrados em manter uma postura irrepreensível a todo custo.
A minha sorte foi encontrar Pedro, o único que se deu ao trabalho de falar comigo. O resto não abriu a boca até agora; só parecem ganhar vida quando Anastásia surge. Assim que ela entra, todos se levantam em silêncio, prontos para ouvir as instruções.
— Bom, acredito que todos sabem por que estão aqui. Então, serei breve. Daremos a vocês dez minutos para montar uma coreografia. — Vejo sorrisos discretos surgirem ao redor. — Mas — ele levanta o dedo, sublinhando a importância do que vem a seguir — não será solo. Vocês vão trabalhar em equipe.
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Quando é pra ser
RomanceAyla Luz sempre se dedicou ao trabalho e aos estudos, deixando o coração em segundo plano após um relacionamento conturbado que abalou sua autoestima. Quando decide se mudar do Brasil para Londres, sua prioridade é recomeçar, longe das feridas do pa...