O Nosso Verão

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— Que susto, merda! — digo, colocando a mão no peito.

Quando olho pra mão dele, tinha uma colher de pau.

Sim, uma colher de pau.

— Qual é a da colher de pau, pai?

— Achei que fosse um ladrão ou sei lá. Falei pra você chegar tarde e você realmente chegou tarde. — diz ele, franzindo levemente a sobrancelha.

É, realmente nem eu iria imaginar que chegaria de manhã.

— E se fosse um ladrão, você ia usar uma colher de pau pra bater nele? — digo sorrindo.

Ele olha pra colher e coloca ela em cima da mesa.

— É, eu não pensei nisso.

Eu nego com a cabeça sorrindo.

— É claro que não pensou. Vou subir pra dormir — digo, passando pelo meu pai e dando um tapinha no ombro dele.

—

— Vamos acordar logo, sua dorminhoca! — meu pai diz, abrindo a cortina e deixando a luz do sol forte atingir meus olhos.

— Nããããããããoooo... — reclamo, me virando pro lado oposto da luz que me atingia.

— Ninguém mandou chegar em casa quase 06:00 da manhã, pirralhinha. — diz meu pai sorrindo e indo me puxar pelos braços enquanto eu resmungo.

Ele me deu um puxão tão forte que no mesmo pé que ele me puxou eu caí da cama gritando.

— É bom que já acorda. — diz ele gargalhando e me ajudando a levantar.

— É bom que já me mata, né? — digo com os olhos arregalados e deixando ele me ajudar a levantar. Quando eu me levanto, reclamo de dor.

𝐴𝑖, 𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑏𝑒𝑐̧𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑛𝑜.

— Deixa eu adivinhar: bebida? — ele diz, me ajudando a me sentar na cama.

— Eu não bebo. — minto.

— Tadinha de você, né? Acha que vai mentir pra mim? Seu pai já teve a sua idade, já bebi e fume... E não fiz nada. — ele se levanta desconversando o que disse.

— É melhor eu não querer saber o resto. — digo massageando a testa enquanto ele pega um remédio e um pouco de água que estava na cabeceira ao meu lado.

— Toma isso, vai melhorar já já. Quando acabar, toma um banho e se arruma pra almoçar. — diz ele jogando a coberta na minha cabeça, me fazendo sorrir enquanto ele sai do meu quarto.

Definitivamente, meu pai é o melhor pai de todos.