Foto para o seu memorial

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Eu andava pelas ruas da Grécia , o sol estava alto, e a brisa leve balançava a camisa de botão que eu usava. A câmera pendurada no meu pescoço era quase como uma extensão de mim.

Eu não sabia o que esperar daquele dia. Para ser honesto, eu estava começando a sentir o peso do tempo, aquela urgência silenciosa que me lembrava que cada passo era uma despedida, cada fotografia, uma memória que eu jamais veria de novo.

Eu estava focado, ajustando a lente para captar a curva suave de um penhasco que se debruçava sobre o mar. Até que, de repente, um corpo entrou na frente da minha câmera, interrompendo minha visão da paisagem.

— Dá licença... — murmurei, sem nem olhar direito para a pessoa. Mas antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, senti minhas mãos se esvaziaram.

Minha câmera.

Eu me virei, sentindo o coração acelerar, como se estivesse perdendo uma parte de mim.

— Ei! — minha voz saiu mais rouca do que eu queria.

O dono das mãos que seguravam minha câmera virou-se para mim. Era ele. O rapaz da noite passada. Seu rosto angelical, tão delicado quanto me lembrava,estava carregado com um brilho travesso nos olhos, segurando minha câmera.

— Me deixe ver! — ele exigiu, ignorando meu protesto. — Você tirou fotos de mim ontem, não foi? Você é um pervertido?

Sua voz, embora suave como um canto de anjo, contrastava com seus modos selvagens. Suas palavras me pegaram de surpresa, e eu fiquei por um momento sem reação.

— O quê? — Eu engasguei, pegando minha câmera de volta. — Eu não sou pervertido. Só estava tirando fotos do... beija-flor.

Ele sorriu. Não um sorriso comum, o som que ele emitiu, e o detalhe do seu dente levemente tortuoso, me deu a mesma fisgada no peito que tive ontem a noite.

— Não ligo de ser fotografado. Eu gostaria de ver as fotos, posso? — ele disse, estendendo as mãos pequenas em um gesto inocente, como se não tivesse acabado de roubar minha câmera segundos atras.

Eu hesitei. Minha mente gritava para não confiar nele, mas antes que eu percebesse, já estava entregando a câmera. Que droga.

— Uau! — ele murmurou, analisando minhas fotos enquanto passava pelas imagens com dedos leves. — Você tira belas fotos. Amei as que tirou de mim. Mas aqui... só tem paisagens. Você não tira fotos de ninguém?

— Não — eu disse seco. — Eu só fotografo paisagens.

— Mas aqui você me fotografou — ele respondeu, com um sorriso travesso, apontando para a tela. Rolei os olhos e tomei a câmera de volta com certa pressa.

— Se me dá licença, tenho mais o que fazer.

Comecei a andar, esperando que aquele fosse o fim da conversa. Não estava gostando da sensação estranha que estava se apossando dentro de mim. Mas claro, como só a morte precoce não fosse o suficiente,passos rápidos ecoaram atrás de mim, e logo ele estava de volta.

— Você poderia tirar mais fotos minhas? Quero uma decente dessa vez, sabe? Não distraído. Uma foto boa, tipo aquelas que colocamos em um memorial quando se morre, sabe?

Eu parei, virando com força nos calcanhares para encará-lo.

— Você fugiu de algum manicômio? — perguntei com certa preocupação.

— O quê? — Ele piscou, confuso, antes de franzir o cenho como se estivesse pensando seriamente na minha pergunta. — Não...

— Então, procure outra pessoa pra isso. Eu não fotografo pessoas.

A ÚLTIMA FOTO DE PARK JIMIN - PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora