Quem é você

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No hotel, o som suave das ondas quebrando contra as rochas de Santorini parecia distante, ofuscado pelos pensamentos que dominavam minha mente. Eu estava deitado na cama, esperando. 

O celular em minha mão permanecia quieto, sem qualquer notificação de Jimin. Ele havia dito que escolheria o lugar para as fotos de hoje, e eu estava ansioso para vê-lo de novo, para capturar mais momentos dele com minha câmera.

— Você tá se escondendo do sol, Jungkook? — Mingyu, entrou no quarto. Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso ao me ver lá dentro. — É sério que você tá aqui dentro? Pensei que já estaria lá fora, fotografando tudo, ou seguindo aquele lindinho... como é o nome dele? Jimin?

Eu ri, sem tirar os olhos do celular. — É Jimin, sim. Só estou esperando ele me mandar a localização. — Suspirei, olhando pela janela, para a vista deslumbrante  que normalmente me faria pegar a câmera na mesma hora. 

— Ah... — Mingyu se jogou na poltrona ao lado da cama. — Então por que você não tá lá fora fotografando enquanto espera?

Eu ia responder, mas uma vibração no celular interrompeu meus pensamentos. Era a mensagem de Jimin.

Park Jimin 🦆:
Surgiu um imprevisto...
Não vou poder sair para as fotos hoje.
Desculpa, Jungkookie.
A gente se vê amanhã, tá?

Minha empolgação se desfez imediatamente. Meu coração afundou um pouco, mas eu rapidamente digitei uma resposta.

Eu:
Tudo bem, Jiminie.
Entendo.
A gente se vê amanhã.

Mingyu me observava em silêncio enquanto eu largava o celular e ficava em pé. Ele já conhecia bem aquele meu olhar.

— O que foi? — ele perguntou, seu tom de voz desconfiado.

— Nada demais. Ele só cancelou. Disse que a gente se vê amanhã. — Forcei um sorriso e me virei para a janela. — Acho que vou sair para fotografar algumas paisagens mesmo.

— Hmm... — Mingyu levantou-se da poltrona, cruzando os braços enquanto me observava pegar a câmera. — Estranho você estar tão focado em uma pessoa agora. Isso não parece com você. O que aconteceu com o Jungkook de espírito livre?

— Talvez a vida curta dele esteja deixando ele amar. — Eu ri sem humor.

Passei o resto da tarde fotografando as paisagens da cidade. A luz dourada do sol iluminava as casas brancas e as ruas estreitas. Mas, em cada esquina, eu me pegava pensando em Jimin. Como ele ficaria lindo ali, com o cabelo bagunçado pelo vento, aquele sorriso  e o olhar encantador. 

Tirei uma foto de uma rua deserta e imaginei Jimin parado ali, me olhando com aquele brilho nos olhos. Um sorriso bobo escapou dos meus lábios, e eu balancei a cabeça.

Eu estava ficando bobo demais por ele.

No dia seguinte, acordei com mais esperança, já antecipando a mensagem de Jimin sobre onde iríamos nos encontrar. Mas, quando enviei uma mensagem para ele perguntando sobre nosso encontro, a resposta foi imediata, e não era o que eu esperava.

Park Jimin 🦆:
Desculpa de novo, Jungkookie...
Hoje não vai dar. Surgiu outra coisa.

Eu bufei frustrado, largando o celular na cama com força. Mingyu, que estava no  quarto, levantou os olhos da tela do notebook e me observou.

— Pé na bunda? — Ele perguntou com uma risada.

— Não é isso... — Respondi, mas minha voz soava hesitante. — Ele só está ocupado, é isso. Amanhã a gente deve se ver.

Mingyu estreitou os olhos. — Sei. Você não pode nem reclamar, né? Você fazia isso em todos os países por onde passamos. Desaparecia, deixava as pessoas esperando. E agora que achou alguém que fez o mesmo com você...

— Não é o mesmo. — Eu o interrompi, irritado. — Jimin é diferente.

— Certo, certo. Vamos sair, então. Não adianta você ficar aqui trancado esperando.

Relutantemente, concordei. Saímos para um bar local, e entre uma bebida e outra, Mingyu resolveu experimentar um prato típico. Só que, claro, não foi uma boa ideia. Ele logo começou a passar mal e insistiu para voltarmos ao hotel.

— Eu vou morrer antes de você! — Mingyu gemeu, segurando o estômago enquanto se jogava na cama do hotel. — Me ajuda, hyung , vai lá comprar algo pra isso! Tem uma farmácia por perto, né?

— Tá, eu já volto. — Eu ri, pegando minha jaqueta e a carteira.

Desci para a rua e fui em direção à farmácia mais próxima. Mas, enquanto eu caminhava, distraído nos meus pensamentos, esbarrei em alguém. O impacto foi forte o suficiente para me fazer dar um passo para trás, e quando levantei o olhar para pedir desculpas, meu coração quase parou.

— Jimin? — Eu o chamei, confuso.

Mas ele não era o mesmo Jimin de poucos dias. Seu rosto estava pálido, com olheiras profundas que marcavam o cansaço, os lábios rachados e secos. Ele usava uma touca que cobria parte do cabelo e suas roupas estavam largas, quase caindo do corpo. Como ele perdeu tanto peso em apenas dois dias?

— Jimin! O que...? — Eu me aproximei, mas ele recuou rapidamente, assustado. — O que está acontecendo com você?

— E-eu... eu preciso ir... — Ele disse, com a voz fraca.

— Espera! — Tentei tocá-lo, mas, no momento em que estendi a mão, vi sangue escorrendo de seu nariz. — Jimin, você está machucado?!

Ele deu um passo para trás, afastando-se ainda mais, seus olhos grandes e desesperados. — E-eu... não posso...

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Jimin virou-se em direção a um táxi estacionado na rua. Abriu a porta com pressa, jogou-se dentro do carro e desapareceu, deixando-me sozinho, confuso e com o coração apertado.

Fiquei parado ali, com o sangue congelado nas veias, vendo o táxi sumir ao longe, sem entender o que tinha acabado de acontecer.

A ÚLTIMA FOTO DE PARK JIMIN - PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora