Meu coração despencou quando vi o rosto de Jimin estampado na tela. Era uma foto antiga, com seu sorriso habitual, os olhos fechados em fendas, como ele sempre fazia. Mas as palavras ao lado daquela imagem bonita rasgaram minha alma.
"Jovem modelo Park Jimin, 23 anos, diagnosticado com câncer terminal."
Comecei a ler, com as mãos tremendo, a visão borrada pela surpresa e pela crescente angústia.
"Park Jimin foi diagnosticado com um tipo raro e agressivo de câncer. Os médicos previram que ele teria apenas sete meses de vida."
Sete meses? A notícia havia saído oito meses atrás. O tempo... o tempo dele já havia acabado?
Meu peito apertou tanto que mal conseguia respirar. As palavras flutuavam em minha mente enquanto a realidade me esmagava. Continuei lendo, cada linha me puxando para mais fundo na escuridão.
"Jimin deixou a vida pública para se tratar, mas admitiu que os tratamentos só estavam prolongando o inevitável. Seu tempo de vida é curto, e ele decidiu passar seus últimos meses em privacidade."
Eu não conseguia acreditar. Ele... Ele. Por que não me contou? Por que... por que ele deixou que eu me apaixonasse por ele sabendo que ele ia embora? As perguntas giravam na minha cabeça, e, ao mesmo tempo, uma revolta silenciosa me consumia.
Fechei o notebook com força e me levantei num impulso. Minha respiração estava ofegante, e minha cabeça, uma bagunça. Eu não podia ficar parado, não enquanto Jimin estava sozinho, talvez... sofrendo.
Sem pensar duas vezes, saí correndo do hotel. As ruas de Santorini estavam cheias de gente, mas tudo que eu conseguia ver era o rosto de Jimin, pálido e fraco. Minha mente repetia as palavras da notícia — "terminal", "sete meses", "inevitável" — enquanto meus pés me guiavam até a casa onde passamos aquela noite juntos.
Quando cheguei, bati na porta com força, repetidamente.
— Jimin! — Gritei, minha voz rouca de desespero. — Jimin, abre a porta!
Nada. Nem um som vindo de dentro. Mas eu vi a luz do quarto acesa através de uma fresta na cortina. Ele estava lá. Eu sabia que estava. Sem pensar duas vezes, arrombei a porta, empurrando-a com o ombro até que ela cedeu. Entrei na casa, o coração disparado.
— Jimin! — Gritei novamente, agora mais alto, mais desesperado.
E foi então que o vi. Jimin estava no chão da cozinha, fraco, respirando com dificuldade. Sangue escorria de seu nariz, manchando sua camisa branca. Ele levantou o olhar para mim, assustado, como se não acreditasse que eu estava ali.
— Jungkook...? — Sua voz era um sussurro fraco, um som que quase me partiu ao meio.
Corri até ele, me ajoelhando ao seu lado, desesperado para segurá-lo.
— O que você está fazendo? Por que não me contou...? — Minha voz estava trêmula. — Por que, Jimin? Você... Você me fez me apaixonar por você e agora vai embora assim?
Ele tentou afastar minha mão quando eu toquei seu rosto, mas não tinha forças. Eu podia sentir como ele estava fraco, seu corpo leve, quase sem vida.
— Eu... já deveria ter ido, Jungkook. — Sua voz era um fio. — Não sei por que... estou aqui ainda. Eu... Eu estava esperando você. — Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele tentava forçar um sorriso. — Talvez... eu só precisava te encontrar. Agora eu entendo.
Minhas mãos tremiam enquanto eu o puxava para mais perto, ignorando o sangue, o desespero. Eu não queria ouvir aquelas palavras. Eu não queria perdê-lo. Não agora.
— Você não vai a lugar nenhum. — Minha voz saiu mais firme do que eu sentia por dentro. — Eu não vou deixar. Vamos para o hospital, Jimin, agora. Eles podem fazer algo... ainda tem tempo.
Ele balançou a cabeça, a expressão dele tranquila demais para alguém em tanto sofrimento.
— Não adianta, Jungkook. Esse é o meu destino. Eu... não deveria estar aqui. Eu já... já deveria ter partido. — Ele respirou fundo, cada palavra parecendo um esforço enorme. — Mas quando te vi... eu soube. Estava esperando por você. Pra você tirar... uma última foto de mim. Uma foto... de quem eu realmente sou, e não de quem o mundo via. Não como uma peça, mas como... Park Jimin.
Meu coração despedaçou-se naquele momento.
As palavras dele eram um golpe atrás do outro, e eu não conseguia processar a dor que se acumulava dentro de mim. As mãos de Jimin, tão frágeis, seguravam as minhas, e eu podia sentir sua pele gelada contra a minha. Ele olhou para mim, seus olhos inchados e cansados, mas havia algo além do sofrimento ali—um brilho suave, uma paz estranha que me rasgava por dentro.
— Por favor, não olha pra mim assim... — Jimin sussurrou, com um sorriso triste. — Você tem que me ver bonito.
Eu fechei os olhos, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair. Como ele poderia pensar que eu o via de outra forma? Ele era a coisa mais bonita que eu já havia visto, e mesmo agora, fraco e ferido, era insuportável pensar que ele achava que não era o suficiente.
— Amanhã... talvez eu esteja melhor. — Sua voz estava embargada, mas havia esperança ali. — A gente pode se encontrar e tirar mais fotos. Eu... eu quero que você me fotografe no banquinho, de frente pro mar. — Ele tentou rir, mas tossiu em vez disso, o som baixo e dolorido. — Eu vou usar azul. Só... só capricha, tá? Eu não tô nas melhores condições...
A ideia de planejar um "amanhã" quando eu sabia que ele poderia nem estar aqui, me despedaçava. Eu não queria pensar nisso, não queria imaginar que ele pudesse não acordar para tirar aquela última foto.
— Jimin, por favor... — Eu tentei argumentar, minha voz falhando. — Você não pode... não pode falar assim, como se fosse só mais uma sessão de fotos.
Mas ele apenas sorriu, e naquele sorriso, havia uma aceitação dolorosa. Ele sabia. E, no fundo, eu também sabia.
Inclinei-me e o beijei, devagar, suavemente. Foi um beijo cheio de desespero e medo, mas também de todo o amor que eu queria que ele sentisse. Nossas lágrimas se misturavam no beijo, e eu senti Jimin suspirar contra meus lábios, como se estivesse aliviado por estarmos juntos naquele momento. Era algo tão singelo, mas ao mesmo tempo, carregado de tudo o que não podíamos colocar em palavras.
— Eu achei que fosse partir sem ter amado. — Jimin sussurrou, sua voz quebrada — E, por favor, não me ache emocionado. Mas... quando se tem um prazo, a gente sente as coisas com mais intensidade. — Ele parou, seus olhos se fixando nos meus, as lágrimas brilhando sob a luz fraca da cozinha. — E eu, eu juro... eu sinto que te amo, Jungkook.
Eu desabei. Não consegui mais segurar as lágrimas que haviam ficado presas na minha garganta. Eu sabia exatamente o que ele sentia, porque eu também tinha um prazo. A diferença era que eu não sabia o que fazer com o tempo que me restava, e Jimin, de algum jeito, havia encontrado um propósito: me amar, mesmo que fosse por um curto período de tempo.
— Eu sou emocionado também, Jimin. — Minha voz saiu entrecortada pelos soluços, mas eu segurei o rosto dele, obrigando-me a dizer as palavras que ele merecia ouvir. — Eu te amo. Eu te amo tanto... e não quero que você vá.
Ele sorriu novamente, mas dessa vez, o sorriso estava triste e cheio de compreensão.
— Você me fez sentir vivo... — Jimin sussurrou, com os olhos fechados enquanto uma lágrima escorria pelo seu rosto. — E por isso, eu sou grato.
Eu o segurei com força, o peso do que estávamos vivendo esmagando meu peito. Cada segundo ao lado dele era precioso, mas a dor de saber que o tempo estava acabando me deixava sem ar. Eu não queria que o amanhã chegasse, porque sabia que cada novo dia poderia ser o último.
Eu o beijei mais uma vez, mais profundamente, como se pudesse transferir um pouco da minha vida para ele, como se pudesse mantê-lo aqui por mais um momento.
E ali, com ele em meus braços, eu soube que, mesmo que tivéssemos apenas um amanhã, eu faria com que fosse o mais belo possível.
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A ÚLTIMA FOTO DE PARK JIMIN - PJM + JJK
FanficEu sempre soube que meu tempo estava acabando. Talvez por isso eu evitasse fotografar pessoas. Paisagens eram mais seguras. Elas não te fazem sentir, não te fazem querer mais do que você pode ter. Até que eu conheci Park Jimin. De repente, as paisag...