O ritual

25 5 6
                                    

Notas iniciais:

Alerta de gatilhos!!!
Este capítulo, apesar de breve, retrata Alastor passando por dor explicita e menção breve a suicídio. Se o conteúdo for sensível para você, pule o capitulo e leia as notas finais para um resumo censurado e seguro do que foi abordado na cena.

Ademais, já peço desculpas por nosso querido Demônio do Rádio sofrer tanto no capítulo de hoje, mas asseguro que ele terá muitos cuidados posteriores nos próximos lançamentos.

Obrigado pela atenção, e boa leitura!

-----------------------------------

O novo salão emanava uma aura intensa e densa, carregada de vibrações demoníacas que preenchiam o ambiente. Uma névoa pairava no ar, dificultando a visão de Alastor, mas o cervo se manteve firme ao adentrar o cômodo, seus passos meticulosos, tomando cuidado extra para não sucumbir à tontura causada pela energia negativa do lugar. Logo atrás, o Diabo movia-se suavemente, permitindo que ele explorasse o local e se familiarizasse com a sala de rituais.

Uma das primeiras coisas que Alastor notou foi o grande pentagrama no chão, cercado por runas desconhecidas, aparentemente desenhadas com sangue de cordeiro, visto que o corpo do animal repousava num dos cantos do salão, já sem vida. No centro dos símbolos ritualísticos, dois círculos de sangue dourado brilhavam em meio à escuridão, e, pelo cheiro adocicado de maçã, o veado concluiu que o fluido utilizado vinha do próprio Lúcifer.

— Deite-se sobre o primeiro círculo dourado e tire a camisa — pediu o Anjo Caído, enquanto suas vestes outrora brancas se transformavam em trajes pretos, luvas e outros apetrechos adequados ao ritual.

— Sua majestade gostaria de me explicar como funcionará essa “cerimônia”? — Indagou o mais alto, tentando manter a calma, embora estivesse agitado.

Assim que o Demônio do Rádio obedeceu, retirando as vestes e se deitando no círculo como solicitado, Lúcifer acendeu uma série de velas negras que rodeavam o ambiente, ponderando sobre a pergunta.

— Vou extrair a energia de Adão da sua fenda e transferi-la para um corpo de barro — depois de ajustar o ambiente e garantir a iluminação adequada para a sala ritualística, o antigo Serafim se aproximou novamente do cervo. — Será um processo complicado, que exigirá concentração total da minha parte, pois serei a ponte da transferência. Qualquer deslize poderá ser fatal para você, então precisarei focar com exatidão no ritual.

— Adorável.

O Governador do Inferno se ajoelhou diante do ruivo, esboçando um sorriso cálido que Alastor desprezou mentalmente.

— Isso vai doer, garoto. Muito mais do que qualquer dor que você já tenha experimentado. E eu… não poderei me desconcentrar se você começar a se contorcer demais. Por isso, vou amarrá-lo — anunciou o rei, fazendo surgir uma corda dourada e brilhante, que pulsava poder. — Não é tão poderosa quanto a original de um dos meus irmãos, mas será suficiente para contê-lo se as coisas ficarem difíceis. Tudo bem para você?

— Claro, vou adorar ser amarrado pelo próprio Diabo, sempre foi meu sonho de infância — respondeu o pecador, sarcástico.

— Você sempre foi insolente também ou isso piorou ao longo do tempo? — Rebateu Lúcifer, sua expressão ficando ligeiramente irritada.

— Vai se foder — o veado se sentou, fitando a corda. — O que há de especial nela?

— É uma réplica das amarras da verdade do arcanjo Uriel. Não tem o mesmo potencial, afinal eu a criei no inferno, sem energia angelical suficiente. Ainda assim, é o bastante para conter um demônio forte como você.

A fendaOnde histórias criam vida. Descubra agora