Capítulo 3

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Eu olhei surpreso, nunca ninguém tinha falado comigo daquela maneira, então fiquei calado, mas senti meu coração bater mais rápido, eu tentava manter a calma, quando o professor pegou um algodão com álcool e começou a limpar delicadamente meu ferimento na testa, aquela aproximação dele, tão perto que podia sentir sua respiração estava me deixando desconcertado e sem ar, eu queria apenas fugir. Aquele jeito de ele cuidar de mim nem minha mãe foi tão carinhosa como ele estava sendo, olhei em seus olhos e ele também, abaixei meus olhos com medo de encará-lo foi quando o diretor entrou.

_ Você está bem, Daniel? -Perguntou ele olhando para minha cara.

_Professor Max esse aluno eu não sei mais o que fazer, desde quando ele chegou aqui, só nos trouxe problema, hein garoto ohhh olha para mim estou falando com você!

Eu me neguei a olhar para aquele diretor barrigudo sem graça, continuei a ignorá-lo me virando para o lado da porta, o tal professor não acreditou no que estava fazendo, mas eu não importava, queria sair dali, estava com muita dor de cabeça, me levantei da maca a fim de querer sair daquele lugar.

_Oh garoto, onde você pensa que vai? Ainda não acabamos.

_Daniel volte aqui o diretor está falando com você.-Disse Max me impedindo de sair da enfermaria me segurando pelo braço.

Revirei os olhos, eu queria cair fora dali, sumir, estava com muita dor de cabeça para ficar ouvindo a lição de moral do professor, ainda mais dele, eu não me sentia à vontade com ele, e aquilo me incomodava.

Olhei nos olhos dele, puxei meu braço com força e sai, ouvindo o diretor gritando atrás de mim, fui ao banheiro ver o estado do meu rosto, estava deplorável, aqueles garotos iriam me pagar por ter mexido comigo.

Depois de matar aula, eu estava com muita dor de cabeça e tentava me acalmar, senti uma pontada no peito ao lembrar da aproximação daquele professor, eu não conseguia evitar olhar em sua boca, o toque de sua pele no meu braço, eu precisava me controlar. Afinal eu tinha um segredo.

A minha preocupação maior era evitar que todos soubessem do meu segredo, o porquê o real motivo de eu estar vivendo sozinho, porque meus pais me abandonaram e, porque eu estava tão revoltado com a vida. Eu quando era criança meus pais descobriram uma doença, muito rara eu quase morri, me levaram para vários médicos na China e fora do país, mas não sabiam a causa e eu fui piorando cada vez mais. Me levaram para vários psicólogos, eles pensaram que poderia ser algum tipo de Fobia bizarra.

Até que um médico dos Estados Unidos descobriu do que se tratava, o médico disse que a minha Doença era grave maligna e eu não iria chegar aos meus 12 anos, mais por milagre de Deus já estou com 17 e continuo vivo, a doença por ser rara " Alexitimia" me impedia de ter qualquer sentimento e emoções, era isso que o médico e um psiquiatra disse aos meus pais, mas apenas fui desenvolvendo as emoções de raiva então, é um tanto estranha poderiam achar bobagem da minha parte ou até frescura mas não, a coisa é séria. A Alexitimia é uma fobia que me impede de ter qualquer emoção, mas à medida que fui crescendo só ficou visível a emoção da raiva.

Eu nunca sorri, nunca chorei, divertimento eu não conhecia, se eu vier a sentir emoções forte, seja sentimentos alegria, euforia, nervoso, extremo, qualquer tipo de emoção eu desmaio, sim, desmaio eu sinto uma dor forte no peito, minha visão se escurece e desmaio.

Com o passar dos anos eu tentava controlar esses sentimentos, antes era difícil, agora estou controlando melhor, tá aí a explicação por eu ser fechado, ou insuportável como os outros dizia, porque as pessoas acham que sou esnobe que eu não manifesto nenhum tipo de reação, porque não tenho amigos é devido a minha doença.

Ao longo dos anos eu aprendi a controlar isso em mim, quando fico nervoso ou com muita raiva já consigo contornar não tenho sentido as crises com frequência, não é tão fácil eu desmaiar por estar bravo ou nervoso, o problema era o sentimento de emoções de alegria, eu evitava o máximo de me apaixonar, beijar então nunca fiz, eu tinha medo, pois sabia que poderia me matar.

Amor, eu não podia de forma alguma, impossível eu sentir um afeto de amor, um sentimento de satisfação, depois da última experiência que tive há 2 anos atrás pensei que ia morrer, por estar apaixonado por uma garota da escola, eu sofri muito e ela também gostava de mim, eramos muito amigos mais quando via ela, meu coração batia acelerado, ela falava comigo me fazia rir, era uma tortura interna, eu lutava contra meu corpo, foi quando ela se declarou que me amava eu fiquei tão feliz por dentro, mas por fora não conseguia passar isso a ela, era confuso que queria dizer o mesmo a ela, mas não pude, o que aconteceu?

Senti fortes dores no peito, parecia que ia morrer, porque eu estava feliz, nem sorrir eu conseguia, minha visão foi ficando escura, para não assustá-la e falar da minha doença e ela me achar um louco, o que fiz foi a pior coisa, eu nem sei da onde surgiu coragem para eu fazer o que fiz.

Olhei na cara dela com toda dor que estava sentindo e a desprezei da pior forma, machucando seus sentimentos, fui cruel com ela, mais por dentro eu estava arrasado e naquela época já estava aprendendo a controlar minhas emoções, mais foi muito duro eu ter dispensado ela, eu gostava dela, e lembro até hoje à cara de decepção que ela fez, até hoje não esqueço.

Então desde aí me proibi de me envolver ou me apaixonar por alguém, porque eu sabia que eu sofreria, por isso não tenho amigos e sou sozinho, hoje prefiro assim, por isso aquela briga que tive com aqueles caras foi tranquilo, parece que eu ficando bravo, tendo sentimentos de raiva me fortalece e não me afeta a minha condição, eu não sei o porquê disso, agora se for sentimentos bons, amor felicidade aí eu devo me preocupar.

Só quem sabia da minha doença eram meus pais e minha irmã Jéssica, mas essa nem considero minha irmã, fugiu com namorado e me abandonou. Mais ninguém sabia, e eu gostaria que continuasse assim, quanto mais as pessoas ficassem longe de mim era melhor, porque assim eu não sofria, mais essa é a real verdade de eu me isolar das pessoas e vou levando a vida do jeito que posso.

Max.

O diretor Shin estava desgostoso com o aluno Daniel, para ele, ele traria muitos problemas, mais eu não via desse modo, algo nele me chamava atenção, ele era só um aluno solitário, que precisava de atenção e amigos, eu via em seu rosto a tristeza, o brilho vazio em seu olhar, eu estava imerso em meus pensamentos quando ouvi a porta da sala dos professores abrir quem aparece todo sorridente Gael me abraçando pela cintura.

_Oi meu querido professor sexy, que saudades de você, quando vamos ter outra noite daquelas hein?

_Para com isso, Gael seu maluco, alguém pode nos ver, me solta.

Ele continuava agarrado a mim, me fazendo carícias pelo corpo, passando as mãos pelo meu peitoral e beijando meu pescoço, eu tentei me soltar dele e ele riu.

_Você é louco Gael não vê o perigo que corremos, já pensou o que faria se o diretor ou algum professor pegasse a gente aqui?

_Simples falaria que somos um casal, eu sei que você gosta Max e olha que legal, eu estou com saudades de você, vai deixa eu passar a noite no seu apartamento preparar um jantar para nós dois vai.

Me sentei na cadeira arrumando minha lista e alguns trabalhos, olhei para ele e disse.

_ Nós já conversamos sobre isso Gael, não preciso repetir não é?

_Ok meu amor, não precisamos ter um relacionamento nada sério, mais eu quero você, ser seu, que droga você só pensa no seu segundo trabalho, porque não larga essa vida, você tem tudo, não precisa dele, ahh Max se eu pudesse tirar minhas calças e fazíamos um amor louco aqui agora mesmo.- Gael insistia se jogando em cima de mim.

Eu delicadamente o tirei do meu colo, ele era persistente, eu não podia com ele, às vezes ele me ganhava e me deixava doido, como não resistir a um homem disse, ainda que praticamente se joga para cima de você, mas fui firme e não cai em seus encantos.

-Gael se controla, e você está cansado de saber que eu não largo do meu segundo trabalho.

_Ahhh amorzinho por favor, eu quero você, please please, e mais você precisa ter cuidado, se alguém descobrir, você perde sua licença de professor.

Meu destino é você.Onde histórias criam vida. Descubra agora