Capítulo 5

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Na casa da praia, o sol dourado refletia nas águas tranquilas, mas dentro do coração de Lucero, uma tempestade se formava. Do terraço, ela observava o mar sem realmente enxergá-lo. Seu olhar estava fixo na casa em frente, onde uma movimentação inesperada chamava sua atenção. O velho fazendeiro, seu ex-marido, havia comprado aquela casa, exatamente a que ficava de frente para a dela.

O sangue de Lucero ferveu. Ela apertou a xícara de chá que segurava com tanta força que quase a quebrou. Não podia acreditar na audácia do homem. "O que ele está aprontando desta vez?" murmurou para si mesma, com os olhos semicerrados, como se tentasse decifrar seus planos à distância.

Ele sempre foi astuto, manipulador, e Lucero conhecia bem seus truques. O que mais a enfurecia era a proximidade — ele não poderia ter escolhido outro lugar? Não, tinha que estar ali, bem na frente dela, invadindo novamente seu espaço, sua paz, sua vida. Ela se levantou abruptamente, os passos firmes denunciando a raiva crescente em seu peito. "Ele não vai estragar meus dias aqui, não de novo", pensou, enquanto o vento balançava seus cabelos grisalhos. O passado parecia ter voltado para assombrá-la, mas dessa vez Lucero estava pronta para lutar.

Olhando uma última vez para a casa recém-comprada, ela virou-se com um brilho feroz no olhar. O velho fazendeiro só podia estar aprontando algo, mas ela não seria pega de surpresa. Não dessa vez.

— Roberto Augusto Santos, se tiver comprado essa casa, para fazer da minha vida um inferno, juro que não terá ninguém para me segurar dessa vez, e juro que te mato!

— Dona Lucero, está tudo bem? — perguntou a jovem logo atrás dela. — Sua nora ligou, perguntou se vai para fazenda no aniversário do seu filho.

— Nádia, ligue para meu filho, preciso tirar uma história a limpo. Se for realmente o que estou pensando e se meu filho estiver acobertando, juro que mato os dois dessa vez. Se bem que Victoriano e o pai não se falam há anos, mas mesmo assim quero tirar essa história limpo.

A jovem fez o que a Sra. pediu, mas ninguém atendeu, ou melhor. Victoriano estava dirigindo quando o telefone tocou e ele não atendeu e seguiu o caminho com o filho. Na casa da fazenda, Inês acabou cochilando com a filha no sofá e não ouviram o telefone tocar na outra sala.

[...]

Quando Victoriano e Alejandro chegaram em casa com os pasteis, o ambiente logo se encheu de uma energia festiva.

— Trouxemos os pasteis! — anunciou Victoriano, erguendo as sacolas cheias com orgulho.

— Finalmente! — disse Cassandra, empolgada, pegando os pasteis de bacon com queijo e milho. — Estava morrendo de fome!

Alejandro foi logo atrás dela, já se acomodando no sofá com seu pastel favorito. Inês, sentada de forma confortável, sorriu para o marido enquanto ele se aproximava.

— Deixa eu ver... — disse ela, pegando seus pasteis de carne de panela com queijo brie e banofee.

— Ah, estavam com um cheiro tão bom no carro que mal consegui esperar! — disse Alejandro, ele pegou três pasteis.

Eles começaram a comer, cada um saboreando suas escolhas, até que Inês olhou curiosa para o prato de Victoriano.

— O que você pegou mesmo, amor? — perguntou ela, inclinando-se em direção a ele.

— Quatro queijos e churrasco. Sabes que não sou muito do doce. — respondeu ele, sorrindo. Inês olhou para os pasteis do marido e, com uma carinha travessa, pediu um pedaço do dele.

— Me dá um pedaço do seu? Só para eu provar... —Victoriano fingiu hesitar por um segundo, mas logo entregou um dos pasteis com uma risada.

— Sempre querendo o meu, né? — ela deu uma mordida e soltou um suspiro satisfeito.

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