Capítulo 2

116 22 25
                                    

Dentro do escritório, Inês soltou um suspiro profundo, encostando-se na cadeira. O silêncio da sala era sufocante, e sua mente voltava insistentemente à reação de Victoriano. O ciúme dele e o sorriso de Miguel haviam criado uma tensão que ela não conseguia afastar. Ela fechou os olhos por um momento, tentando organizar os pensamentos e a angústia que a consumia. Inês sentiu necessidade de falar o que sentia, e começou um monólogo para si mesma.

— Mais isso agora, não basta ele achar que estou trabalhando demais e deixando ele sozinho na fazenda e brigar para ele ir viajar sozinho comigo, Miguel tem que fazer das suas — disse ela levantando-se abruptamente e indo até a janela. Observou a cidade lá embaixo, o movimento frenético contrastando com sua própria paralisia emocional. — A culpa é toda sua, Victoriano, toda. Falei que não era para contratar um diretor financeiro agora, era para esperar, e você pegou quem? Miguel Bustamante.

Inês começou a andar de um lado para o outro, sua mente fervilhando.

— Vinte e cinco anos de casados e eu ainda preciso justificar minhas escolhas. Daqui a poucos meses, vamos completar bodas de prata e parece que nada mudou. A ideia de viajar para comemorar deveria ser um momento especial, mas você prefere acreditar que estou interessada em outro? O que aconteceu com a confiança que construímos? — ela parou e olhou para o reflexo no vidro, percebendo a própria tristeza em seu olhar. — Victoriano, você sempre foi tão forte, tão seguro de si. O que aconteceu com aquele homem que me fez apaixonar? Este ciúme só está nos afastando. Eu só queria um tempo a sós, longe de tudo, para nós dois, e você prefere se prender a essas inseguranças.

Inês virou-se, encarando a mesa desorganizada, lembrando-se das noites em que conversavam sobre tudo.

— Eu pensei que, com o tempo, as coisas se tornaram mais fáceis, que poderíamos nos abrir um para o outro sem medo. Mas agora, ao invés de carinho, recebi acusações. Ele me faz sentir como se estivesse fazendo algo errado por simplesmente querer um pouco de espaço, uma nova perspectiva.

Ela respirou fundo, sentindo a frustração crescendo. Tentando colocar sua mente em ordem e voltar para o trabalho.

— Miguel não tem culpa nisso. Ele só está fazendo seu trabalho, e eu não posso controlar como ele se sente em relação a isso. Eu só queria que o Victoriano visse que eu não sou uma ameaça, que meu amor por ele não diminui por causa da presença de outras pessoas. Inês fechou os olhos novamente, buscando clareza. Eu não sei como reverter essa situação, mas quero que você saiba que eu ainda acredito em nós. Na nossa história. Eu só preciso que você confie em mim. Estou disposta a lutar, mas você precisa lutar também. Será que vamos conseguir deixar essa crise nos derrubar ou vamos vencê-la?

Ela olhou pela janela mais uma vez, buscando no horizonte uma resposta que não estava ali. Um silêncio pairava na sala, enquanto ela refletia sobre tudo o que haviam construído juntos e o que ainda podiam conquistar, se apenas encontrassem um caminho para se reconectar.

[...]

De volta a fazenda, Victoriano pede para Amélia mandar fazer o jantar, a comida preferida de Inês e mandou arrumar tudo na varanda onde ela amava jantar nos dias de verão.

— Senhor, avisei as meninas da cozinha, devo servir para dois ou para todos? — Amélia perguntou e viu ele sorrir.

— Dois somente eu e Inês jantamos lá, as crianças jantam aqui dentro.

— Ok, vou providenciar. O vinho já está separado como o senhor pediu.

Victoriano assentiu e a jovem saiu da sala, ele então subiu para o quarto, entrou , separou a roupa dele e foi tomar um banho. Se barbeou e logo entrou na ducha fria. Não demorou muito, e logo saiu pronto do quarto.

Ecos de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora