O Fim Do Começo

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   Me sentei numa poltrona do outro lado da mesa. Como num filme de mistério, daqueles bem clichês. Esperei, impaciente. Até agora eu não sabia o que eu estava fazendo ali. Afinal, o que eu tinha haver com o fato dele ser ou não filho de quem é? E seu pai. Maldito pai, que não me saía da cabeça...
   Tentei ouvir alguma coisa, mas não consegui. Nem passos, nem vozes, nada. Talvez ele tivesse fugido. Homens são, em sua maioria, fortes mas incrivelmente covardes. Capazes de matar e morrer, mas sem coragem de encarar um problema de frente.
   _Ham, ham.
   Olhei para cima, assustada. Estava tão imersa em meus pensamentos que nem percebi quando ele chegou. Me olhava fixamente, com aqueles olhos cor de paraíso. Me arrependi de ter ido naquele momento, eu sabia que não ia tirar aqueles olhos do meu pensamento, pelo menos pelo resto do dia. Ou talvez, pelo resto da vida. Ele era lindo. Um perfeito cafajeste. E me olhava fixamente. Acho que esperava eu dizer alguma coisa, mas eu não sabia o que dizer. Eu não estava preparada para aquilo, eu não sabia o que queria. Mas já estava lá e não podia fugir.
   _Olá, Austin. Ou melhor, Edgar. Achei que você tinha morrido. - Disse, de modo sarcástico.
   _Olá, Julya. Como você me achou?
   _Não é muito difícil encontrar o filho do maior traficante de São Paulo, não é mesmo?
   Ele se fechou. É, acho que cheguei ao ponto que queria. Ali, sentada; ele em pé diante de mim com uma expressão de medo e confusão. Ele teve medo. Ele me temia. Saber disso me deu um gosto inexplicável. Um prazer comparável com poucas coisas na vida.
   _Como você sabe do meu pai? Como você sabe disso? De que você sabe? - falava entre palavras cortadas, o medo expresso em sua voz. - Vamos conversar fora daqui. Aqui não é lugar pra isso.
   Disse de um modo inexplicável. Aquilo mexeu com ele, é óbvio. Mas por que? Achei que ele se orgulhava do dinheiro sujo e da falsa honra que possuía. Um misto de medo e insegurança corria por suas veias, e qualquer um podia ver. Se virou e saiu pisando alto, sem dizer uma só palavra. O segui entre as portas e corredores daquela casa enorme. Era uma casa grande e luxuosa, mas não me agradava em nada. Tinha um ambiente pesado, como se forças negativas a cercassem. Saí dali logo, e agradeci muito quando chegamos à garagem.
   Depois de alguns minutos de um silêncio cortante, eu me coloquei ao seu lado. Na garagem, seis carros se revezavam entre carros esportivos, de luxo e cotidianos, de várias marcas e estilos. Edgar caminhou rapidamente entre eles, só parou quando chegou em uma ferrari vermelha. A mesma com que tinha chegado mais cedo. Provavelmente era sua. Desligou o alarme e entrou, abrindo o teto solar. Sentei ao seu lado e ele começou a dirigir. Corria rápido pelas ruas que iam na direção do litoral. Praia, que legal. Não se ouvia nada além das rodas correndo no asfalto e nossa respiração. Não me disse uma palavra, e do mesmo modo eu fiz. Às vezes, o silêncio preenche tudo. Fica impregnado dentro da gente. E chega uma hora que não tem mais nada, só silêncio. Só o vazio. Um vazio que escraviza e aprisiona. Eu não queria que fosse assim, eu não tinha planejado assim; mas assim foi e eu nada podia fazer. Fiquei quieta com meus pensamentos, fugindo daquilo tudo, até que em algum momento dormi. Dormi e sonhei com ele. Do sonho não me lembro, só sei que era com ele. A gente sente quando sonha com quem quer, ou com quem não quer. E eu queria fugir daquilo tudo, mesmo assim estava dentro do mesmo carro que ele, indo para onde ele quisesse, fazer qualquer coisa, ou não fazer nada. O importante é que era com ele. Sim, eu me fudi. Me apaixonei. E hoje em dia, se apaixonar é sinônimo de se fuder. O mundo era uma orquestra, onde eu não tinha autononia sobre mim mesma; era uma banda onde não tinha mais espaço para mim. Queria mandar em mim, sem conseguir mandar sequer em meus sonhos.
   Não sabia onde estava. Meus pensamentos me conduziam, e só. Em alguma praia vazia. Bonita, como tantas outras. O céu azul e o sol brilhante, que era refletido no mar calmo. A brisa leve, tão diferente daquela casa! Ele parou o carro e descemos. Ele caminhou até a praia e se sentou, eu fui atrás, como um fiel escudeiro. Se sentou na areia e me disse com uma voz suave, doce; como nunca havia visto antes.
   _Eu não sei como você sabe disso, e nem me interessa, na verdade. Todos tem um ponto fraco, e se você queria encontrar o meu, parabéns. Você conseguiu. Eu não sou um traficante júnior, nem nada do tipo. Minha mãe, bem... Ela era bem rebelde, se é que essa é a palavra. Na verdade, ela era uma puta. E não me olhe assim, Julya. Não sinto mágoa em falar assim. Ela era casada com um traficante, um cara babaca, desses que o mundo tá cheio. Os dois usavam muitas drogas, bebiam e tinha muita, muita prostituição. Chegou um ponto em que minha mãe se tornou viciada e foi pras ruas, foi aí que ela conheceu meu pai, o pai de verdade, aquele que você conheceu. Ele é um empresário muito reconhecido, e minha mãe era muito bonita. Ele a viu largada nas ruas e quis ajudar, levou pra casa, comprou roupas e tudo mais. Ela se recuperou por um tempo e me fez. - ele sorriu, entre as lágrimas que rolavam - Mas antes que eu nascesse ela voltou pra vida dela, e para aquele infeliz. Quando eu nasci meu pai me buscou, e foi isso. Não tive mãe, não sei dela e nem quero saber. Eu choro quando falo nisso, é meio idiota, eu sei. Mas tem 23 anos que isso tava guardado aqui no meu peito, e chega uma hora que pesa. Eu nunca falei disso pra ninguém, mulher nenhuma se interessou, ou teve coragem de perguntar. Mas você é diferente, Julya. Eu não sei porque, mas você é diferente. E gente diferente me encanta.
   Ele disse tudo aquilo olhando nos meus olhos. E, sei lá. Aquilo me deu uma força.
   _Edgar... Sabe, eu te entendo. Meus pais eram um casal lindo, super feliz. Até que um dia, há uns anos atrás, os dois morreram num acidente de carro. E aí eu fiquei me perguntando o que fazer, mas não tinha nada que eu pudesse fazer. Às vezes a vida se desmonta inteira, e fica esperando a gente montar tudo de novo, talvez com novas peças, talvez não. Mas a vida não vem com manual de como a montar quando ela se desfaz. Até hoje eu não descobri. Quando a vida se desmonta eu me desmonto junto, e só. Mas eu olho você e tenho vontade de fazer mais do que isso. Às vezes a gente conhece pessoas que são tão iguais pra todo mundo, mas pra gente ela é o mundo. E sabe, cara, eu não entendo. Ultimamente não entendo nada, nem a mim mesma.
   Depois disso foi um silêncio brutal. Parecia cena de filme. Sentados na areia, abraçados, olhando as ondas do mar que se quebravam. Talvez paixões sejam como a brisa do mar... Leves, mas caso se fortaleçam podem virar ventania e destruir muitas coisas. Ou muitas pessoas. Aquilo era um jogo, e eu não ia perder. Não de novo.

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   Cooé peeessoal, suave? Hahah ' Espero que estejam gostando, e se estiverem, não esqueçam de votar/comentar! O capítulo foi postado um dia antes pqe já estava pronto e se eu ficasse mais um dia sem publicar ia escrever mais e o texto ia ficar do tamanho da Ásia! Hahah ' Bom, as visualizações do livro tem aumentado muito, e eu quero agradecer à vces, os melhores leirores do mundo ♥ Nos próximos capítulos vou começar a dedicar, então vce, leitor assíduo, que vota e comenta, deixando sua opinião, crítica ou sugestão em todos os capítulos; ou seja, vce que tem participado da história.. Em breve entrarei em contatos com vces, leitores mais "participativos", para pedir a permissão pra fzer a dedicação nos capítulos futuros ♥ E não deixem de acompanhar, em breve tem novidade! Hahah ' ♥ beeeeijos de luz ♥

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