Reencontros

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Acordei zonza, deitada ao lado de Eduardo, num quarto desconhecido que talvez fosse o dele. Era tudo muito confuso, e me lembrava vagamente do que havia acontecido na noite anterior. Após alguns goles de vinho, ele me levou para sua casa e acabou acontecendo o inevitável. Ao meu lado Eduardo dormia, seu corpo nu banhado pelas luzes matinais que entravam pela janela. Minha cabeça doía, e ao meu lado Eduardo dormia um sono profundo. Minha garganta estava seca e parecia queimar em brasa, então decidi me levantar o mais silenciosamente possível e ir até a cozinha, pegar um copo de água, ou algo do tipo.
Me levantei e fui até o banheiro, me olhei no espelho e fiz o melhor que pude para melhorar minha aparência. Peguei um pequeno pente e prendi os cabelos ensopados de suor em um coque desarrumado, lavei o rosto e coloquei uma pequena porção de pasta no dedo, passando nos dentes numa vã tentativa de escová-los sem uma escova. Analisei meu corpo nu no grande espelho atrás da porta. Chupões roxos, grandes e pequenos, se revezavam entre o pescoço, o colo e os seios; onde se encontravam os piores. Peguei um roupão branco que estava dobrado sobre a bancada e o vesti, tentando esconder as piores marcas em meu corpo. Quando terminei saí na ponta dos pés até a porta, na tentativa de não acordar Eduardo. Não queria encará-lo, não agora. Não estava pronta para isso. Mais parecia uma garota de 14 anos emvergonhada após a sua primeira vez. Passar a noite com Eduardo fez com que nosso pequeno lance ficasse algo mais sério, alimentou mais esperanças em seu pobre coração. E a cada dia eu me sentia menos disposta a quebrá-lo.
Respirei aliviada quando saí no corredor e já avistei a escada. Pelo menos eu não teria que procurar o caminho naquele emaranhado de portas. Não estava tarde, mas o céu já estava claro. Provavelmente umas cinco da manhã. A casa estava imersa em silêncio, e agradeci imensamente por isso. Porém, antes que terminasse de descer as escadas, ouvi uma voz familiar chamar por meu nome. Meu coração gelou, senti borboletas voarem em meu estômago e minha pele perder a cor. Me virei e vi a última pessoa que queria ver naquele momento.
Encostado no corrimão da escada, Edgar me olhava com um sorriso zombeteiro. Mas seus olhos não sorriam. Por mais que escondesse e disfarçasse muito bem, ele sofria tanto quanto eu. Éramos dois adolescentes idiotas e ridículos, sofrendo separados e nos negando a sermos felizes juntos, separados por diferenças e orgulhos, unidos pela maldade do destino, que injustamente insiste em juntar duas pessoas que obviamente não nasceram para ficarem juntas; e ao mesmo tempo nos impedia de superar e seguir em frente, pois a dor da saudade era dura, cortante e sufocante.
_Ann... Oi, Edgar. - disse, envergonhada e ruborizada.
_Olá, Julya. Já fez o Eduardo de brinquedinho sexual? Parabéns... Rápida você, né? - ele disse de modo sarcástico e irritante.
_Não venha me falar de rapidez, nem de brinquedinhos. O mestre nisso é você, e não quero roubar seu posto.
_Sabe, Julya... - ele disse, descendo as escadas, um degrau a cada palavra dita. - Acabei de chegar frustrado por ter comido uma mulher maravilhosa por uma noite inteira, e mesmo assim não conseguir tirar você da cabeça. - nesse ponto, ele já estava em minha frente, então andei para trás até sentir minhas costas irem de encontro a parede. - E quando eu chego aqui, o que eu descubro? Que meu irmão estava servindo de brinquedo nas suas mãos.
Abri a boca para me defender, tentar dizer que Eduardo não era um brinquedo. Mas Edgar evitou minha mentira, colocando um braço na parede e o dedo em minha boca.
_Não me diga que ele não é um brinquedo, Julya. Eu sei que mesmo com ele, é a mim que você quer. Mas não vai me ter, Julya. Não mais. - ele me olhou nos olhos, e disse com voz rouca e extremamente baixa, um cochicho. - Você não vale nada, meu amor.
O encarei por longos instantes, e coloquei as mãos em seu rosto.
_E você gosta. Mesmo eu não valendo nada, você gosta. E eu sei... - abaixei a voz e aproximei meu rosto ao dele. - Eu sei que você me quer, e que quando eu quiser vou te ter.
Dei um selinho em sua boca, e reprimi meus desejos que atraíam meu corpo ao dele. Me virei, mas ele me puxou pelo braço e me beijou violentanente, do modo suave e intenso que só ele saberia fazer. A situação de perigo, o medo de que Eduardo nos visse, tudo conspirava para que fosse mais gostoso e que a vontade fosse maior.
_Você não pode me provocar e sair ilesa, menina. Você me quer e eu sei disso. Porque ele não faz isso. - disse, apertando minha bunda. - E ele não causa isso. - colocou a mão em meu seio, sentindo meu coração bater descompassado e acelerado. - Talvez, ele te ame, mas amor não é tudo. Não é o suficiente.
Me desvenciliei de seu abraço e voltei para o quarto. Esqueci da água, esqueci de tudo. Só queria fugir de Edgar e do efeito que ele causava em mim. Sim, ele tinha razão. Amor não é tudo. Por mais que amasse Eduardo por dez anos e transasse com ele mil vezes, não sentiria metade do que sinto em dez minutos ao lado de Edgar. Ele me desestabiliza de um modo incrível, incoerente e assustador. Exerce uma força, um poder sobre mim... Algo inexplicável. Amar é um dom, algo do destino. A gente não pode amar quem quiser, a gente não pode ignorar um amor. Eu precisava de Edgar assim como o ar, mas seria doído sentir esse ar passar por minhas narinas enquanto via Eduardo morrer sufocado. Amar não é fácil. Amar dói. Amar é colocar uma corda ao redor do coração e entregar para que outra pessoa puxe, aperte, estoure. Mas a gente sempre espera que ela vá soltar a corda.
Meu coração estava despedaçado, talvez morrendo. Impossível descrever o quanto eu me sentia uma idiota. Com um cara perfeito do lado e me derramando por seu irmão babaca. Me sentei na beira da cama de Eduardo. Dormia como um anjo, sua respiração suave, seu corpo marcado. Marcas que eu deixei. Era boa aquela sensação de posse. Edgar era do mundo, era de todas e não era de ninguém. Eduardo era meu. Arrogante, superior, mas era meu. Mesmo quando eu me negava a ser dele, mesmo quando ele se entregava a mim sem esperar resposta ou algo em troca. Minha companhia parecia ser o que ele precisava. Aquilo me confundia, me atrapalhava. Mas ali, com o sol nascendo e vendo ele dormir, decidi que daria a ele a chance que precisava.
Me deitei ao seu lado, o abraçando contra meu peito. Eu tinha que aprender a amar aquele homem. Dei beijos em seu rosto, oscilando entre o medo de acordá-lo e minha necessidade de um ombro masculino naquele momento.
_Ei, Edu? Bom dia, ah... - empurrei a palavra garganta acima. - Bom dia, amor.
Se espreguiçou e sorriu para mim, ainda com os olhos fechados.
_Já tá na hora?
_Não, Edu... Mas vou embora, e não queria te deixar sem me despedir. Desculpa por te acordar.
_Na verdade, esse é o melhor bom dia que eu já recebi. Espera eu me levantar, e eu te levo, tá bom?
_Não precisa, de verdade. Eu só não queria... Eu não quero te fazer sentir culpado por ontem, e eu quero te pedir desculpas. Não sei o que deu em mim, eu não sou assim, Edu. Me desculpa.
_Então você está preocupada com ontem? - ele disse, e me beijando próximo a orelha, cochichou. - Foi a melhor noite de todas.
Sorri envergonhada. Ele se levantou e foi ao banheiro se arrumar. Seu corpo nu na luz do amanhecer era uma pintura divina. Procurei minha roupa no chão do quarto, mas não adiantou muita coisa ter encontrado. Estava quase toda coberta de porra, talvez numa tentativa de Edu de não gozar dentro. Me desesperei, penando no que faria. Abri o armário de Edu e peguei uma camisa social qualquer. Era bem grande, então dobrei as mangas e esperei que ele não ficasse bravo. E nem com tesão. Minhas expectativas não foram atendidas, assim que ele saiu do banheiro e me viu com aquela roupa, vi uma leve ereção sobre sua calça cáqui.
_Peguei sua blusa, espero que não tenha problema. - disse, verdadeiramente constrangida.
Ele não me deu resposta. Caminhou até mim e começou a me beijar intensamente, de modo safado e instigante. Senti que estava ficando molhada e interrompi.
_Não, Edu... Por favor. Não aqui, amor.
Falei do modo mais carinhoso possível, como se não quisesse. No fundo, eu queria mais que tudo, queria ele em mim, me preenchendo por completo, me arrancando suspiros involuntários e inevitáveis. Mas não queria ali, não com o pensamento em Edgar. O beijei e segurei em sua mão, ele me conduziu, como em uma dança, até a garagem onde o Fusion nos aguardava.
Chegamos em minha casa, ele desceu do carro para abrir a porta para mim e o que deveria ter sido um simples beijo de despedida acabou sendo um convite para ficar mais. Beijos quentes, ardentes. Eduardo era meu, e eu seria dele.

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Mores, postei o capítulo bônus e quase instantaneamente o livro foi censurado. Estou revoltada. Existem livros com contos eróticos que não foram censurados, e meu livro com apenas um capítulo hot foi censurado em menos de uma hora. ME CENSURA AGORA, PORRA! CADÊ A INFELIZ DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO? Merda. Exclui o capítulo bônus que havia postado, pois esse livro não é proibido para menores. Ele retrata o ponto de vista de uma mulher dividida, o objetivo dele é fazer com que as mulheres se identifiquem com a Julya, com suas contradições e seus desejos. Não quero que seja censurado, então não haverá mais cenas tão detalhadas nas partes que são hot. Postei esse capítulo que já estava adiantado, estou frustrada, derrotada e revoltada. Dois dias escrevendo o capítulo bônus, dando meu máximo, para depois ter o livro censurado. Estou tentando resolver, espero que consiga. Controlando minha raiva incontrolável. Este capítulo foi postado improvisado, não está revisado, não sei se está bom. Espero que compreendam. Estou muito frustrada, muito mesmo. Espero que não se sintam decepcionados comigo, por favor me compreendam. Sem beijos, com muito stress, eu.

Sweet SeductionOnde histórias criam vida. Descubra agora