Ele, Dele

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   10 dias depois...

   Depois de uma semana saindo com Eduardo, eu parecia o conhecer pela vida toda. Ele era espontâneo e natural, quando estava comigo era só meu, como se eu fosse o mundo dele. E eu tentava ficar com ele sem lembrar de Edgar. Missão quase impossível. Eles eram tão opostos, mas tão parecidos! O cheiro, o beijo, tudo. Mas Eduardo era diferente. Não tinha aquela alegria natural, era meio anti-social e não tinha muitos amigos. Não era do tipo pegador, embora sua aparência afirmasse o contrário. Eu estava me esforçando ao máximo para amá-lo, mas por mais tempo que ficassemos juntos, o sentimento não rolava, não fluía. Não era amor, era desejo. E desejos sempre passam. Eu tinha medo e me fechava dentro de mim todas as vezes que ele me olhava nos olhos e eu via claramente a paixão em seu olhar.
   Doía ter que o enganar, mas era melhor assim. Eu precisava esquecer Edgar, e eu o esqueceria. Seria mais fácil se tudo ao meu redor não me fizesse lembrar dele. Eu saía com Eduardo frequentemente, cozinhava, lia, ia a cinemas e shoppings, aumentei meu estoque de livros e baixei músicas suficientes para fazer dez playlists, até à novelas eu assistia; tudo isso só pra esquecer de Edgar, tentar pensar em outras coisas. Tudo isso em vão. Estava enlouquecendo, me tornando bipolar. Ao mesmo tempo que queria amar Eduardo, tinha vontade de jogar tudo pro alto e correr atrás de Edgar. Eu o queria mais que tudo, e era difícil ter que matar esse sentimento. Era como se tentasse matar uma parte de mim.
  
   Já era noite de sábado quando ouvi o carro de Eduardo estacionar na frente de casa. Tínhamos combinado de sair... Na verdade, ele havia insistido para que saíssemos, e eu não consegui negar. Estava me arrumando desde as sete da noite, ele não havia me dito onde iríamos e eu tinha medo de que fossemos à sua casa e Edgar me visse pior que ele. Não queria deixar transparecer que estava com saudades e que ainda não o tinha esquecido. Coloquei um vestido preto, longo e colado. Não muito decotado, mas que valorizava meu corpo. O famoso corpo de violão. Cacheei levemente o cabelo com o babyliss, e agora ele caía em cachos loiros e angelicais até pouco depois dos seios.
   O barulho do motor cessou, então me olhei no espelho uma última vez, apaguei a luz e segui até o portão. Do outro lado da rua seu carro estava estacionado, e Eduardo encostado nele. Felizmente não havia vestido nada vulgar, pois ele me esperava vestindo um terno de caimento perfeito, que o deixava com um ar masculino e fino. Sua barba rala delineava perfeitamente seu rosto, e a luz da lua parecia o deixar ainda mais bonito. Me aproximei e deixei que ele beijasse meu rosto, pois meu batom cor de vinho não permitia que eu o beijasse.
   _Aonde vamos? - eu perguntei, entre a dúvida e a curiosidade.
   _Nada especial, só a um restaurante. - ele segurou em minha mão e disse, me levando até o outro lado do carro. - O especial não é o lugar, é minha companhia. - beijou minha mão, abriu a porta do carona e eu entrei, envergonhada.
   Era um cavalheiro, educado e perfeito; mas isso me incomodava, envergonhava e me consumia por dentro. Ligou o carro e começou a dirigir, mas sem soltar minha mão. Dirigia sem pressa pelas ruas de São Paulo, em direção à parte mais nobre da cidade. Proximo à casa dele. Depois de alguns minutos dirigindo, chegamos à um restaurante chique e grande, bem frequentado e luxuoso. Saímos do carro e ele entregou as chaves à um manobrista, entramos e ele deu nossos nomes ao recepcionista. Fomos conduzidos à uma mesa reservada, bem decorada e aquecida, pois era próxima a lareira. Não era a melhor parte do restaurante, mas era a mais escurecida, e a luz da lareira e das velas deixava um clima romântico e clichê no ar.
   Era realmente um restaurante fino. Pegamos os cardápios e eu mal sabia do que se tratavam aqueles nomes. Provavelmente ele percebeu minha confusão, pois quando o garçom chegou ele pediu um prato de nome estranho e disse que eu também iria querer a mesma coisa. Esperamos por alguns instantes sem que houvesse assunto, apenas conversas casuais onde ambos tentavam disfarçar a vergonha.
   _Hoje o céu tá bonito, né? - comentei em determinado instante em que o silêncio se tornou sufocante.
   Ele dei um sorriso angelical e me respondeu sem hesitar:
   _Nada é tão bonito, se for comparado à você, Julya.
   Sorri, verdadeiramente sem graça e mil vezes mais envergonhada. Outro garçom veio até nós perguntar o que íamos beber. Eduardo me olhou, e eu senti o pavor gelar minhas veias. Não entendia nada, absolutamente nada, de bebidas caras. E Eduardo não parecia ser do tipo de cara que bebia cerveja skol ou cachaça de alambique rural.
   _Um vinho, por favor. - respondi com ar de quem conhece muito do ramo.
   _De qual gostaria, senhora? - garçom filho da puta. Eu sei la de qual! Olhei para Eduardo quase desesperada, e ele assumiu o controle da situação.
   _Perdão, não entendemos muito de vinhos. Traga um bom, que você nos indicaria, e ficaremos gratos, ok? - disse de modo extremamente desinibido e um tanto arrogante, porém a educação ainda era presente e notável.
   Permanecemos em silêncio por alguns instantes, nos quais eu fiquei observando o fogo queimar e crepitar na lareira. Fugia de seus olhos, me recusava a mostrar à ele todas as verdades que meu coração escondia. Felizmente o garçom logo chegou com uma garrafa grande de um vinho de boa aparência, aparentemente caro. Não disse nada, somente deu um sorriso amigável, serviu o vinho, deixou a garrafa em cima da mesa e se retirou. Bebi um pequeno gole. Doce, mas levemente amargo, com um cheiro agradável e um sabor esplêndido.
   Depois da terceira taça eu já estava bem alterada, enquanto Eduardo ainda bebia sua primeira taça e me observava contar casos de minha infância e adolescência. Parecia interessado e não me interrompia, mas no fundo acho que ele só não me interrompeu para que eu acabasse logo e calasse a boca. Logo o jantar chegou, um prato estranho, um tipo de purê com umas folhinhas em cima. Nem se comparava com um hambúrguer no McDonald's. Mas não era totalmente ruim. Dava pra engolir sem ter que vomitar. Comemos e depois veio a sobremesa. Um pequeno doce, parecido com um pudim. Talvez fosse um pudim, não sabia dizer com exatidão. Quando resolvemos ir embora eu já havia consumido quase toda a garrafa de vinho, e estava quase bêbada. Tá legal, eu estava bem bêbada. Ele pagou toda a conta e eu nem me preocupei em impedir.
   Saímos do restaurante e eu coloquei meus braços ao redor de seu pescoço, enquanto ele chamava o manobrista. O beijei de modo intenso, quente, e ele retribuiu ao meu beijo. Quando ouvi o manobrista chegar com seu carro parei de beijá-lo e fiquei na ponta dos pés. Sussurei em seu ouvido "gostoso" e dei um beijo em sua bochecha, seguido por um sorriso malicioso. Entramos no carro e enquanto ele começava a dirigir minha mão percorria seu corpo, sem que o sorriso malicioso saísse de meus lábios. Ele estava gostando, mas estava tenso. Passei a massagear levemente seu corpo. Todo seu corpo. Ele diminuiu a velocidade, olhou pra mim e sorrindo disse, maliciosamente:
   _Você quer jogar, Julya. Tá jogando comigo. E eu sou um ótimo jogador.

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   Olá peoples, tudo bem?
   Domingo tem capítulo bônus, hein! Só lembrando que será um capítulo hot, privado para os meus seguidores. Não é pra obrigar vces a me seguirem, nem nada do tipo; é só tentando evitar que o wattpad censure o livro. Daqui a pouco vou dedicar à Keh, só estou esperando o pc ter a boa vontade de funcionar -_- Talvez ele volte a funcionar antes que o mundo acabe -_- Beijos, com mt stress -_- <3 '

Sweet SeductionOnde histórias criam vida. Descubra agora