NA CAMA DO INIMIGO (Bônus)

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No salão escuro, James permanecia ao lado de Liz, que já havia parado de chorar. O silêncio se instalava entre eles, mas ele continuava ali, presente, mesmo sem dizer nada. Após alguns minutos, Liz se afastou levemente, os olhos inchados, mas curiosos, e perguntou com uma voz fraca:

— Por que você ainda está aqui?

Houve um longo silêncio antes que ele respondesse, a voz baixa e hesitante.

— Talvez... porque eu me importo com você.

Liz arqueou as sobrancelhas, surpresa com a resposta. — Você disse que riria de mim se eu acabasse assim.

James suspirou e, balançando a cabeça, murmurou:

— Eu nunca faria isso.

— Você tinha razão... fui patética. Uma verdadeira idiota.

— Para sua sorte, estamos no mesmo barco — ele disse com um sorriso tímido. — Dois idiotas.

Apesar das lágrimas que ainda umedeciam seu rosto, Liz soltou uma breve risada.

— Dois emocionados feitos de besta.

James sorriu de volta, mas o olhar dele era profundo, cheio de uma sinceridade que Liz não conseguia ignorar.

— Sabe, por mais que às vezes doa, eu nunca me arrependi de ser assim... De sentir tudo tão intensamente. A vida é curta demais para não demonstrar o que sente.

As palavras dele a atingiram de uma maneira diferente dessa vez. Liz sempre achou que o jeito transparente e emocional de James era uma fraqueza, uma ingenuidade, mas, olhando para ele agora, sob a luz da vulnerabilidade de quem ama sem ser correspondido, ela viu nele uma força que antes não enxergava. Ele era corajoso por se permitir sentir, por se expor, por continuar ali, mesmo quando as coisas doíam.

Sem perceber, ela se aproximou mais dele, os olhos fixos nos dele, e algo entre eles mudou naquele momento. Talvez fosse a compreensão de que, por mais diferentes que fossem, partilhavam a mesma necessidade de serem verdadeiros consigo mesmos e com os outros.

— E o que você está sentindo agora? — Liz perguntou, a voz mais suave, como se estivesse testando a profundidade daquele momento.

James respirou fundo antes de responder, os olhos fixos nos dela.

— Paz. Uma paz inexplicável. O que é meio contraditório, considerando que estou bem na frente de um furacão como você, Kauffman.

Ela riu, o som leve, quase incrédulo. — Não acredito que você está me fazendo rir numa situação dessas.

— Se soubesse o quanto seu sorriso é lindo, você nunca mais choraria — disse ele, sem hesitar, os olhos brilhando. Liz ficou surpresa com a sinceridade do elogio, sem saber como responder. — Quando você sorri, quase dá pra acreditar que é boazinha.

— Ah, Merlin, sabia que estava bom demais pra ser verdade! — ela respondeu, rolando os olhos, mas com um leve sorriso nos lábios.

— Estou falando sério. Mas, pra ser honesto, ser boazinha não combina com você. Assim como chorar. Você é a Rainha de Hogwarts, Liz. Esquece o Snape, esquece as fofocas. Foque no que realmente importa. Não é você quem sempre consegue tudo o que quer?

Liz hesitou, mas assentiu. — Sim...

— Então, não vai deixar Lilian ou o Gossip Day te derrubarem, vai?

Ela ergueu a cabeça, mais firme agora. — Não.

— Então não chore mais — disse ele, a voz baixa, quase como uma ordem, mas com ternura. Eles ficaram em silêncio por alguns momentos, o peso das emoções flutuando no ar.

A FADA DO SNAPE| Severo Snape Onde histórias criam vida. Descubra agora