Capítulo 3: Professores Insanos

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A manhã seguinte chegou como um eco de inquietação. O sol brilhava, mas sua luz não conseguia dissipar a sombra que pairava sobre minha mente. A experiência anterior na sala de aula ainda estava fresca na memória, e a sensação de desconforto em relação aos meus alunos só aumentava. Como poderia ser que crianças tão jovens carregassem um peso tão sombrio? A dúvida me acompanhava enquanto eu dirigia para a Academia de DevilsHills, onde o desconhecido me aguardava.

Assim que cheguei, a atmosfera da escola parecia palpável, quase elétrica. O saguão estava cheio de alunos, mas havia uma tensão no ar que me deixava alerta. Enquanto caminhava em direção à sala dos professores, os olhares de algumas crianças pareciam penetrar em minha alma. Eu não conseguia me livrar da sensação de que eles estavam sempre um passo à frente, como se soubessem algo que eu não sabia.

Ao entrar na sala dos professores, fui recebida por uma visão peculiar. Os educadores estavam reunidos em pequenos grupos, discutindo animadamente, mas a conversa parecia fragmentada e desconexa. Um professor de ciências gesticulava exageradamente, enquanto uma professora de artes parecia estar em um estado de transe, desenhando freneticamente em seu caderno. Havia um ar de frenesi que tornava o ambiente quase insuportável.

Tentei me enturmar com alguns dos colegas, mas percebi que eles estavam tão absortos em suas próprias preocupações que mal notaram minha presença. A mulher mais velha, que havia me advertido sobre os alunos, estava sentada em um canto, com um olhar distante e preocupado. Fui até ela, ansiosa para entender mais sobre a escola.

“Você tem que se preparar, Nancy,” ela disse, sua voz baixa e urgente. “Os alunos aqui não são normais, e a pressão que eles exercem sobre nós pode ser… devastadora.”

“Devastadora?” perguntei, sentindo um frio na espinha. “O que você quer dizer com isso?”

Ela hesitou, olhando ao redor como se quisesse se certificar de que ninguém estava ouvindo. “Alguns dos professores já foram… perdidos. Eles deixaram de ser quem eram. A influência dessas crianças é poderosa. Elas sabem como manipular e controlar aqueles que estão ao seu redor. Você precisa se proteger.”

As palavras dela ecoaram em minha mente enquanto voltei para minha sala de aula. O que seria essa “influência poderosa”? E como essas crianças poderiam ter tanto controle sobre adultos? Eu me sentia cada vez mais perdida em um mundo que parecia estar se desmoronando ao meu redor.

Na aula, a situação não melhorou. Os alunos estavam ainda mais inquietos. O menino de olhos negros, que parecia ser o líder do grupo, começou a fazer perguntas cada vez mais perturbadoras. “Professora, o que você faria se tivesse que escolher entre salvar alguém que ama ou proteger a si mesma?” Ele dizia isso com um sorriso que não chegava aos olhos, e a sala parecia esperar ansiosamente pela minha resposta.

Tentei desviar a conversa, mas a tensão aumentava. As outras crianças começaram a compartilhar suas próprias “teorias” sobre moralidade e escolhas. Uma menina disse que a dor era necessária para entender a verdadeira beleza da vida. Outro aluno, com um olhar vazio, afirmou que o sofrimento era apenas uma forma de diversão. Eu me sentia presa em um pesadelo, cercada por mentes que pareciam ser mais sombrias do que qualquer coisa que eu já havia encontrado.

Ao final da aula, minha mente estava girando. Precisava de respostas, e não sabia onde encontrá-las. Decidi que precisava conversar com a mulher mais velha novamente. Fui até a sala dos professores, mas quando cheguei, encontrei a sala vazia. Uma sensação de desespero começou a me consumir. Onde estavam todos?

Enquanto caminhava pelos corredores, percebi que a escola estava estranhamente silenciosa. As paredes pareciam se fechar ao meu redor, e a sensação de estar sendo observada se intensificava. Ao passar por uma porta entreaberta, ouvi risadas baixas e sussurros. Curiosa, me aproximei.

Dentro da sala, encontrei um grupo de professores reunidos em torno de uma mesa, todos com expressões de excitação e nervosismo. Eles estavam jogando algum tipo de jogo de cartas, e a atmosfera era quase elétrica. “Você não vai acreditar no que aconteceu com a última professora,” um deles disse, e uma onda de risadas seguiu. “Ela simplesmente… desapareceu.”

O riso se tornou um eco distante em meus ouvidos. Meu coração disparou. Era isso que a mulher mais velha queria dizer? O que significava “desaparecer”? A ideia de que algo tão sombrio pudesse ocorrer dentro da escola me deixou paralisada. Eu precisava sair dali.

Voltei para minha sala, o desejo de escapar crescendo a cada passo. Mas, ao entrar, encontrei o menino de olhos negros me esperando. Ele estava sentado à minha mesa, com um sorriso que me fez sentir um frio na espinha. “Você está se sentindo bem, professora? Parece um pouco… assustada.”

Tentei manter a compostura, mas a verdade era que eu estava aterrorizada. Esses alunos eram psicopatas, manipuladores, e eu estava presa em um jogo que não compreendia. A cada dia que passava, a Academia de DevilsHills se tornava mais uma prisão do que um lugar de aprendizado. E se não tivesse cuidado, eu poderia ser a próxima a desaparecer.

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