Capítulo 6: O Labirinto

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As crianças se agrupavam ao meu redor, seus rostos iluminados por um brilho sobrenatural que refletia a escuridão que se aproximava. O círculo no chão pulsava com uma energia estranha, e eu sabia que estava prestes a entrar em um jogo muito mais perigoso do que eu poderia imaginar.

“Então, professora, o que você teme mais?” perguntou o menino de olhos negros, sua voz ecoando na sala. “Vamos ver se você consegue encarar isso.”

Respirei fundo, tentando manter a calma. “Eu temo a perda,” eu disse, minha voz firme. “Perder aqueles que amo e ser incapaz de protegê-los.”

As crianças riram, um riso que fazia ecoar na sala, e o menino sorriu de forma perturbadora. “Perda, você diz? Então, vamos começar por aí. Entre no seu medo, e veja o que você encontra.”

Com um gesto, ele acenou para o círculo, e a escuridão começou a se concentrar em torno de mim. Sentí a pressão aumentar, como se as sombras estivessem tentando me envolver. Fechei os olhos por um momento, e quando os abri novamente, me vi em um lugar diferente.

Estava em um corredor familiar, mas a iluminação era fraca e as paredes pareciam se contorcer. O ar estava pesado, e eu sabia que aquele lugar era uma representação de meus medos. O eco da risada das crianças ainda ressoava na distância, e eu estava sozinha.

Caminhei pelo corredor, o coração acelerado. Lembranças começaram a surgir – momentos de felicidade, mas também de dor. Lembrei-me de meu pai, de como ele sempre esteve lá para me proteger, e de como eu temia que um dia ele poderia me deixar. A ideia de perder alguém que amava era como uma faca cortando minha alma.

“Você teme a perda, mas ela já aconteceu,” uma voz sussurrou, e eu me virei para ver uma figura se aproximando. Era uma versão de mim mesma, mas mais velha e marcada pela dor. “Você não pode escapar do que já se foi.”

“Não! Isso não é verdade!” eu gritei, mas a figura apenas sorriu, uma expressão de tristeza e resignação. “Você está presa em suas memórias, e a escuridão se alimenta disso. Você precisa enfrentar isso.”

A figura estendeu a mão, e uma onda de desespero me invadiu. Eu sabia que precisava confrontar esse medo, mas era insuportável. Com um grito, corri para o fundo do corredor, tentando escapar da visão aterradora.

Mas a escuridão estava lá, e não havia como fugir. As sombras começaram a se fechar ao meu redor, e eu percebi que não podia continuar correndo. Era hora de enfrentar o que realmente temia.

“Eu não sou fraca!” eu gritei, voltando-me para a figura. “Eu não vou deixar você me controlar!”

A figura sorriu, e a escuridão começou a se dissipar. “Então, mostre-me sua força. Enfrente a dor e transforme-a em algo mais.”

Concentrei-me e, em vez de fugir, comecei a recordar as memórias felizes que compartilhara com meu pai. O amor que sentia por ele era uma luz que brilhava intensamente, e, à medida que a escuridão recuava, percebi que poderia usar essa luz para dissipar a sombra.

Quando finalmente a escuridão se dissipou, me vi de volta na sala, cercada pelos alunos. O menino de olhos negros observava com um sorriso de satisfação. “Você realmente enfrentou seu medo, professora. Mas agora, vamos ver o que mais você pode suportar.”

Antes que eu pudesse reagir, a sala começou a se transformar novamente, e eu fui puxada para outro cenário, mais obscuro que o anterior. Agora, estava em um lugar que parecia um labirinto, com corredores intermináveis e portas que se fechavam atrás de mim.

“Você está presa aqui, professora,” a voz do menino ecoou. “Enfrente seus piores pesadelos, e talvez, apenas talvez, você encontre a saída.”

Caminhei pelo labirinto, o desespero começando a se infiltrar em meu coração. As vozes das crianças sussurravam ao meu redor, e a sensação de estar sendo observada aumentava. Olhei para as portas, cada uma delas representando um medo diferente, e percebi que precisava escolher.

Uma porta se destacou, feita de madeira escura e desgastada. Hesitei antes de abri-la. Atravessei a entrada e encontrei um cenário que me paralisou: era a sala de aula, mas estava vazia, exceto por uma mesa solitária onde havia uma foto de minhas memórias mais dolorosas.

A imagem mostrava meu pai, sorrindo, mas ao lado dele havia uma sombra, uma figura indistinta que parecia se alimentar da luz ao redor. “Você não pode salvá-lo,” a figura sussurrou, sua voz uma mistura de dor e desespero. “Ele sempre estará perdido na escuridão.”

“Não! Eu não vou deixar que você me controle!” eu gritei. Com a força que eu tinha, agarrei a foto e a destruí, deixando que as memórias felizes de meu pai fluíssem em mim como uma onda de luz.

Assim que fiz isso, a figura começou a se desvanecer, e a sala se iluminou. “Você é mais forte do que pensa, professora,” a voz do menino de olhos negros ecoou novamente, mas agora com uma nota de respeito. “Mas ainda há mais a enfrentar.”

Com determinação renovada, sabia que precisava continuar. Os alunos de DevilsHills eram entidades que se alimentavam do medo, e, se eu quisesse salvar aquelas almas perdidas, precisava descobrir a verdade por trás de sua existência.

“A próxima fase do jogo começa agora,” eu declarei, determinada a enfrentar o que quer que estivesse escondido nas profundezas daquela escola. E, enquanto a escuridão se concentrava ao meu redor, preparei-me para o que estava por vir.

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