As crianças se agrupavam ao meu redor, seus rostos iluminados por um brilho sobrenatural que refletia a escuridão que se aproximava. O círculo no chão pulsava com uma energia estranha, e eu sabia que estava prestes a entrar em um jogo muito mais perigoso do que eu poderia imaginar.
“Então, professora, o que você teme mais?” perguntou o menino de olhos negros, sua voz ecoando na sala. “Vamos ver se você consegue encarar isso.”
Respirei fundo, tentando manter a calma. “Eu temo a perda,” eu disse, minha voz firme. “Perder aqueles que amo e ser incapaz de protegê-los.”
As crianças riram, um riso que fazia ecoar na sala, e o menino sorriu de forma perturbadora. “Perda, você diz? Então, vamos começar por aí. Entre no seu medo, e veja o que você encontra.”
Com um gesto, ele acenou para o círculo, e a escuridão começou a se concentrar em torno de mim. Sentí a pressão aumentar, como se as sombras estivessem tentando me envolver. Fechei os olhos por um momento, e quando os abri novamente, me vi em um lugar diferente.
Estava em um corredor familiar, mas a iluminação era fraca e as paredes pareciam se contorcer. O ar estava pesado, e eu sabia que aquele lugar era uma representação de meus medos. O eco da risada das crianças ainda ressoava na distância, e eu estava sozinha.
Caminhei pelo corredor, o coração acelerado. Lembranças começaram a surgir – momentos de felicidade, mas também de dor. Lembrei-me de meu pai, de como ele sempre esteve lá para me proteger, e de como eu temia que um dia ele poderia me deixar. A ideia de perder alguém que amava era como uma faca cortando minha alma.
“Você teme a perda, mas ela já aconteceu,” uma voz sussurrou, e eu me virei para ver uma figura se aproximando. Era uma versão de mim mesma, mas mais velha e marcada pela dor. “Você não pode escapar do que já se foi.”
“Não! Isso não é verdade!” eu gritei, mas a figura apenas sorriu, uma expressão de tristeza e resignação. “Você está presa em suas memórias, e a escuridão se alimenta disso. Você precisa enfrentar isso.”
A figura estendeu a mão, e uma onda de desespero me invadiu. Eu sabia que precisava confrontar esse medo, mas era insuportável. Com um grito, corri para o fundo do corredor, tentando escapar da visão aterradora.
Mas a escuridão estava lá, e não havia como fugir. As sombras começaram a se fechar ao meu redor, e eu percebi que não podia continuar correndo. Era hora de enfrentar o que realmente temia.
“Eu não sou fraca!” eu gritei, voltando-me para a figura. “Eu não vou deixar você me controlar!”
A figura sorriu, e a escuridão começou a se dissipar. “Então, mostre-me sua força. Enfrente a dor e transforme-a em algo mais.”
Concentrei-me e, em vez de fugir, comecei a recordar as memórias felizes que compartilhara com meu pai. O amor que sentia por ele era uma luz que brilhava intensamente, e, à medida que a escuridão recuava, percebi que poderia usar essa luz para dissipar a sombra.
Quando finalmente a escuridão se dissipou, me vi de volta na sala, cercada pelos alunos. O menino de olhos negros observava com um sorriso de satisfação. “Você realmente enfrentou seu medo, professora. Mas agora, vamos ver o que mais você pode suportar.”
Antes que eu pudesse reagir, a sala começou a se transformar novamente, e eu fui puxada para outro cenário, mais obscuro que o anterior. Agora, estava em um lugar que parecia um labirinto, com corredores intermináveis e portas que se fechavam atrás de mim.
“Você está presa aqui, professora,” a voz do menino ecoou. “Enfrente seus piores pesadelos, e talvez, apenas talvez, você encontre a saída.”
Caminhei pelo labirinto, o desespero começando a se infiltrar em meu coração. As vozes das crianças sussurravam ao meu redor, e a sensação de estar sendo observada aumentava. Olhei para as portas, cada uma delas representando um medo diferente, e percebi que precisava escolher.
Uma porta se destacou, feita de madeira escura e desgastada. Hesitei antes de abri-la. Atravessei a entrada e encontrei um cenário que me paralisou: era a sala de aula, mas estava vazia, exceto por uma mesa solitária onde havia uma foto de minhas memórias mais dolorosas.
A imagem mostrava meu pai, sorrindo, mas ao lado dele havia uma sombra, uma figura indistinta que parecia se alimentar da luz ao redor. “Você não pode salvá-lo,” a figura sussurrou, sua voz uma mistura de dor e desespero. “Ele sempre estará perdido na escuridão.”
“Não! Eu não vou deixar que você me controle!” eu gritei. Com a força que eu tinha, agarrei a foto e a destruí, deixando que as memórias felizes de meu pai fluíssem em mim como uma onda de luz.
Assim que fiz isso, a figura começou a se desvanecer, e a sala se iluminou. “Você é mais forte do que pensa, professora,” a voz do menino de olhos negros ecoou novamente, mas agora com uma nota de respeito. “Mas ainda há mais a enfrentar.”
Com determinação renovada, sabia que precisava continuar. Os alunos de DevilsHills eram entidades que se alimentavam do medo, e, se eu quisesse salvar aquelas almas perdidas, precisava descobrir a verdade por trás de sua existência.
“A próxima fase do jogo começa agora,” eu declarei, determinada a enfrentar o que quer que estivesse escondido nas profundezas daquela escola. E, enquanto a escuridão se concentrava ao meu redor, preparei-me para o que estava por vir.

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Portal Obscuro
HorrorUma professora aceita um emprego na enigmática Ademia DevilsHills, uma escola famosa por sua excelência, mas que esconde segredos terríveis. Ao encontrar um manual com regras macabras, ela descobre que seus alunos na verdade não são humanos.