Capítulo 7: O Guardião

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A escuridão envolvia o labirinto como um manto pesado, e a sensação de que estava sendo observada aumentava. Eu sabia que precisava ser forte. As palavras do guardião ainda ressoavam em minha mente, e a determinação crescia dentro de mim. Eu havia enfrentado meus medos, mas agora estava prestes a descobrir a verdade mais sombria sobre a Academia de DevilsHills e seus alunos.

Enquanto caminhava pelo labirinto, o ambiente começou a mudar novamente. As paredes pareciam se contorcer, e, em vez de corredores intermináveis, agora havia portas que se abriam para salas diferentes. Cada porta pulsava com uma energia própria, uma aura de malícia que me fazia hesitar. Mas eu precisava saber o que estava por trás daquelas portas.

Decidi abrir a primeira porta à minha direita. Ao atravessar a entrada, encontrei-me em um espaço que parecia um auditório, mas não era como nada que eu conhecia. As cadeiras estavam dispostas em um círculo, e, no centro, havia uma figura encapuzada, envolta em sombras. A luz parecia se dissipar ao seu redor, criando um espaço de escuridão.

"Bem-vinda, professora," a figura disse, sua voz suave, mas cheia de uma autoridade inquietante. "Você finalmente chegou até aqui. O que você busca?"

"Quem é você?" eu perguntei, a voz firme, mas o medo estava presente em meu coração. "O que você tem a ver com os alunos?"

"Eu sou o guardião deste lugar," a figura respondeu, levantando a cabeça para revelar um rosto que parecia uma máscara de sombras. "Eu sou o que alimenta a escuridão que reside em cada um deles. Eles não são apenas crianças; são demônios, perdidos entre os mundos."

As palavras dela me atingiram como um soco no estômago. "Demônios? O que você quer dizer com isso?" eu disse, a indignação crescendo. "Por que eles estão aqui?"

"Este lugar, a cidade de DevilsHills, é um portal para o inferno," a figura respondeu, sua voz ecoando na sala. "As almas que aqui entram são atraídas por seus medos e traumas, e as crianças são os portadores dessa escuridão. Elas se alimentam do desespero e da dor dos humanos, e você, professora, foi escolhida para ajudar a guiá-las."

Uma onda de compaixão e tristeza me invadiu. Essas crianças, essas entidades, eram presas de seus próprios medos e traumas. Se eu quisesse realmente ajudá-las, precisaria entender cada uma delas.

"Como posso ajudá-las?" eu perguntei, a determinação se fortalecendo. "Como posso libertá-las dessa escuridão?"

"Você precisa enfrentar a essência do que os mantém cativos," o guardião disse, sua voz profunda e ressonante. "Você deve se tornar o farol que ilumina a escuridão. Enfrente a verdade que elas temem mais do que tudo."

Antes que eu pudesse perguntar mais, a sala começou a girar, e a figura se desfez em sombras. Eu estava novamente diante de uma porta, e, sem hesitar, abri-a. O que encontrei do outro lado fez meu coração disparar.

Era um espaço amplo, repleto de espelhos. Cada espelho refletia uma versão diferente de mim mesma - algumas eram felizes, outras tristes, algumas cheias de dor. Eu estava cercada por todas as partes de mim que haviam sido reprimidas.

Cautelosamente, me aproximei do primeiro espelho. A imagem refletida era a de uma jovem sorridente, cheia de esperança. Mas, à medida que olhei mais de perto, percebi que havia uma sombra atrás dela, sugando sua luz. "Você nunca será suficiente," a sombra sussurrou. "Você sempre falhará."

"Não! Isso não é verdade!" eu gritei, e a sombra hesitou, mas continuou a sussurrar seus venenosas palavras. "Você não pode escapar de quem você é."

Sentindo uma onda de coragem, avancei em direção ao espelho e, em vez de fugir, toquei a superfície. A imagem começou a se distorcer, e a jovem na reflexão se virou para mim. "Você pode me libertar," ela disse, a voz cheia de desespero. "Você precisa enfrentar a verdade que eu carrego."

"Qual verdade?" perguntei, o medo começando a se infiltrar novamente.

"Que você é digna de amor e felicidade. Que a dor não define quem você é," a jovem respondeu, e, em um instante, a sombra foi engolida pela luz. A imagem se iluminou, e a jovem sorriu, cheia de vida.

O espelho se quebrou em mil pedaços, e, à medida que os fragmentos caíam, eu percebi que cada pedaço representava um medo que eu já havia enfrentado. Com isso, a luz da verdade começou a brilhar, e a escuridão ao meu redor começou a se dissipar.

Mas ainda havia mais espelhos. Eu sabia que precisava continuar. Cada um deles continha uma parte da verdade que poderia libertar não apenas a mim, mas também aqueles alunos perdidos.

"Eu não vou desistir," declarei, avançando para o próximo espelho. Cada passo que eu dava era uma afirmação de que a luz venceria a escuridão, e que eu poderia ser o farol que aqueles alunos precisavam.

No entanto, ao olhar para o próximo espelho, percebi que a imagem era diferente. Era uma sala de aula, e os alunos estavam lá, mas eles não eram mais crianças. Suas formas estavam distorcidas e demoníacas, com olhos vazios e sorrisos malignos. Eles me observavam, e o riso ecoava na sala, penetrando em minha mente.

"Você não pode nos salvar, professora," um deles disse, sua voz uma mistura de desdém e malícia. "Nós somos o que você teme. O que você não consegue enfrentar."

"Vocês são demônios!" eu gritei, mas a verdade era que eu também os temia. A ideia de que aquelas crianças, que antes pareciam inocentes, eram agora criaturas das sombras me aterrorizava.

"E você está presa aqui, como nós," outro aluno afirmou, sua forma se contorcendo em uma dança macabra. "A cidade de DevilsHills é nossa, e você nunca poderá escapar."

A sala começou a girar, e eu me vi cercada pela escuridão novamente. A pressão aumentava, e o medo tentava me consumir. Mas, em vez de sucumbir, lembrei-me do que o guardião havia dito: eu precisava ser o farol.

"Eu não vou deixar que vocês me dominem!" declarei, a voz firme. "Eu sou mais forte do que vocês pensam!"

Fechei os olhos por um instante e, em seguida, concentrei-me na luz que havia encontrado nos espelhos anteriores. A luz que representava minha força, meu amor e minha determinação. Quando abri os olhos novamente, um brilho intenso emanava de mim, iluminando a escuridão ao meu redor.

Os alunos recuaram, suas formas distorcidas começando a desvanecer à medida que a luz se espalhava. "Não! O que você está fazendo?" um deles gritou, a voz cheia de pânico.

"Eu estou libertando vocês!" eu gritei de volta, avançando em direção a eles. "Vocês não são apenas demônios; vocês são almas perdidas que precisam de ajuda!"

À medida que a luz se expandia, os alunos começaram a se transformar. As sombras que os envolviam estavam se dissipando, revelando as verdadeiras essências delas - crianças que estavam perdidas, que haviam sido corrompidas pelo medo e pela dor. Eu sabia que ainda havia esperança.

"Venham comigo!" eu os chamei, estendendo a mão. "Vocês podem encontrar a paz! Não precisam mais viver na escuridão!"

Um a um, eles começaram a se aproximar, suas formas se tornando mais humanas à medida que se afastavam da escuridão. Com cada passo que davam em direção à luz, eu sentia que estava cumprindo meu propósito. A cidade de DevilsHills, que antes era um portal para o inferno, poderia se tornar um caminho para a redenção.

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