A atmosfera na Academia de DevilsHills estava carregada de uma tensão insuportável. As palavras da mulher mais velha ecoavam em minha mente, e a realidade de que meus alunos não eram humanos me deixava paralisada de medo. A cada dia, a escola se tornava mais uma prisão, e eu era a única que ainda parecia se importar em desvendar a verdade.
Decidi que precisava confrontar a situação. Não poderia continuar vivendo em um estado de negação, e sabia que a única maneira de me proteger era entender o que realmente estava acontecendo. Se aqueles alunos eram entidades que se alimentavam do medo, eu precisaria enfrentar meu próprio terror.
A aula estava prestes a começar, e, ao entrar na sala, percebi que os alunos estavam mais inquietos do que nunca. O menino de olhos negros me observava com um sorriso enigmático, enquanto as outras crianças sussurravam entre si, como se estivessem tramando algo. Eu precisava saber o que eles estavam planejando.
"Hoje, vamos fazer um exercício diferente," anunciei, tentando manter a voz firme. "Quero que vocês compartilhem seus medos mais profundos. O que realmente os assusta?"
Os olhares se encontraram, e um silêncio pesado tomou conta da sala. Uma menina com cabelos curtos e um sorriso pertubador foi a primeira a levantar a mão. "Eu tenho medo da escuridão, professora. Do que pode estar escondido nela."
"E você?" perguntei, apontando para o menino de olhos negros. Ele sorriu, uma expressão que misturava diversão e desafio. "Eu tenho medo de não conseguir me lembrar de quem eu sou. E você, professora? O que te assusta?"
Meu coração disparou. Eu não poderia me deixar levar por essa dinâmica. "Eu tenho medo de perder o controle," respondi, tentando não deixar transparecer a inquietação. "De não conseguir proteger aqueles que amo."
As crianças começaram a rir, um riso que reverberava nas paredes da sala, como se estivessem se divertindo com meu desconforto. O menino de olhos negros se levantou, sua figura se projetando sobre a turma. "Você acha que você pode nos proteger, professora? O que você realmente sabe sobre nós?"
A pergunta pairou no ar, e a sala ficou em silêncio. Eu sabia que estava me aproximando de um ponto de não retorno. "Se vocês não são humanos, o que são vocês?" eu perguntei, a voz trêmula, mas determinada.
"Somos o que você teme," ele disse, sua voz baixa e ameaçadora. "Nós somos a escuridão que você tenta evitar. E estamos aqui para brincar."
O riso das crianças se intensificou, e eu senti meu estômago revirar. Elas estavam se divertindo com meu medo, e a ideia de que eram seres das sombras, manipuladores e cruéis, se firmava em minha mente. Eu precisava agir, e rápido.
"Se vocês realmente são o que eu temo, então vou enfrentar isso," declarei, tentando manter a voz firme. "Não vou deixar que vocês me manipulem. Se querem brincar, então vamos brincar."
O menino de olhos negros inclinou a cabeça, surpreso. "Você está disposta a jogar nosso jogo?" ele perguntou, um brilho maligno em seus olhos. "Então prove que você tem coragem."
Com um movimento rápido, ele apontou para a porta, e os outros alunos começaram a se afastar. "Siga-nos," ele disse, e antes que eu pudesse protestar, os alunos estavam se movendo, arrastando-me para fora da sala.
A sensação de desespero tomou conta de mim enquanto seguíamos pelos corredores. Estávamos nos afastando da sala de aula, e à medida que avançávamos, as paredes pareciam se fechar ao nosso redor. O riso das crianças ressoava como um eco distante, e a escuridão parecia se concentrar em torno de nós.
Finalmente, chegamos a uma sala que eu não reconhecia. As paredes eram cobertas de desenhos estranhos, figuras distorcidas que pareciam se mover na luz fraca. No centro, havia um círculo marcado no chão, e uma sensação de perigo iminente me envolveu.
"Este é o nosso lugar de jogo," disse o menino de olhos negros, seu sorriso se alargando. "Aqui, a verdadeira natureza do medo será revelada. Entre e enfrente a escuridão que você teme."
"Não vou entrar sozinha," eu disse, a determinação crescendo dentro de mim. "Se vocês querem brincar, então todos nós estaremos juntos."
As crianças riram novamente, mas havia algo diferente em suas risadas, uma tensão subjacente que não conseguia ignorar. "Se você tem coragem, então venha!" elas gritaram em uníssono, e a pressão para me juntar a elas era esmagadora.
Com um último olhar ao redor, respirei fundo e entrei no círculo marcado. A sala parecia vibrar, como se uma energia desconhecida estivesse despertando. As crianças se juntaram a mim, formando um semicírculo, suas expressões misturando curiosidade e excitação.
"Agora, você vai enfrentar seus medos, professora," disse o menino de olhos negros. "Vamos ver o que realmente está escondido dentro de você."
A escuridão começou a se fechar ao nosso redor, e eu sabia que estava prestes a entrar em um confronto com algo que não compreendia. Mas uma coisa era certa: eu não iria desistir sem lutar. Se aqueles alunos eram realmente criaturas das sombras, eu precisaria encontrar uma maneira de enfrentá-los e descobrir a verdade que se escondia por trás de seus sorrisos enigmáticos.
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Portal Obscuro
HorrorUma professora aceita um emprego na enigmática Ademia DevilsHills, uma escola famosa por sua excelência, mas que esconde segredos terríveis. Ao encontrar um manual com regras macabras, ela descobre que seus alunos na verdade não são humanos.