O medo é mudo; os aterrorizados falam pouco, parece que o horror diz: silêncio! Nesse abismo de trevas, onde a luz se atreve a hesitar, as sombras se estendem como dedos gélidos, envolvendo tudo em um manto de desespero. Os corações pulsando descompassados ecoam como tambores de guerra, anunciando a iminente chegada do que se esconde nas profundezas da noite.
Cada sussurro é um convite ao pânico; cada movimento, um alerta ao desconhecido. O ar, pesado e opressivo, carrega o cheiro da morte, e os ecos de risadas distantes reverberam, como se espíritos malignos se divertissem com a desolação dos vivos. Os olhares, arregalados e perdidos, buscam refúgio em lugares onde não há abrigo, e as vozes, antes cheias de vida, se transformam em murmúrios quase inaudíveis, como se temessem despertar a criatura que espreita.
Os rostos se tornam máscaras de terror, onde o suor escorre como lágrimas de desespero. A cada crepitar de uma folha, a cada rangido de madeira, uma onda de pavor percorre a sala, como se o próprio ambiente estivesse ciente do horror que se aproxima. Um frio intenso invade os corpos, e a sensação de estar sendo observado se torna palpável, como se olhos invisíveis seguissem cada respiração.
A tensão em DevilsHills estava se acumulando como uma tempestade prestes a eclodir. As palavras da mulher mais velha ecoavam em minha mente, e eu sabia que precisava agir. Aqueles alunos não eram apenas diferentes; eles eram perigosos. Eu precisava encontrar uma maneira de ajudá-los, de entender o que estava acontecendo. Com isso em mente, decidi procurar as fichas dos alunos, na esperança de que houvesse alguma informação sobre suas famílias que pudesse me dar uma pista.
Dirigi-me à sala dos registros, onde os arquivos da escola eram mantidos. O ambiente era sombrio, com prateleiras de madeira escura e iluminação fraca. O cheiro de papel envelhecido pairava no ar, e a atmosfera parecia carregada de segredos. Ao abrir as gavetas, meu coração começou a acelerar. O que eu encontraria ali?
Comecei a folhear as fichas, mas meu entusiasmo logo se transformou em confusão. Cada uma delas estava em branco. Não havia nomes, endereços ou informações sobre os pais. Apenas folhas em branco, desprovidas de qualquer detalhe. A sensação de desespero começou a crescer. Como era possível que uma escola mantivesse registros tão vazios sobre seus alunos?
Desesperada, procurei por mais arquivos, mas a realidade se tornava cada vez mais estranha. O vazio se espalhava como uma sombra, e a ideia de que esses alunos poderiam não ter pais ou qualquer ligação com o mundo exterior me deixou inquieta. Eu precisava de ajuda, mas de onde eu viria?
Eu já estava cansada de vasculhar quando finalmente encontrei uma pista,
um manual do professor embaixo de uma escrivaninha antiga.Parabéns, você é uma professora bem-sucedida e conseguiu um emprego na Ademia DevilsHills! O maior salário que uma escola poderia pagar. Os alunos tem uma inteligência acima da média, e são muito bem comportados. O ambiente tem a melhor estrutura que o colégio mais caro do mundo nao teria. Mas você precisa saber "eles" não são humanos.
Virei para a outra página, haviam 10 regras do que eu nunca em hipótese alguma poderia fazer.
Regra N° 1: Nunca toque nos alunos, você poderá acabar perdendo a mão.
Regra N° 2: Nunca pergunte sobre os pais deles, é um assunto delicado. Eles podem falar, mas saiba que irão devorar o seu coração.
Regra N° 3: Nunca ligue e a TV, eles tem ouvidos e olhos sensíveis podem acabar arrancando sua pele.
Regra N° 4: Nunca saia da sala durante a aula. Se você precisar de algo, envie um bilhete por um dos alunos. Eles têm a capacidade de se mover rapidamente, mas lembre-se: a curiosidade deles é insaciável.
Regra N° 5: Não mencione o mundo exterior. Temas como clima, política ou até mesmo a cultura pop podem provocar reações inesperadas e potencialmente perigosas. Eles preferem um universo isolado, onde sua imaginação possa reinar suprema.
Regra N° 6: Mantenha a luz baixa. A intensidade da iluminação pode causar desconforto e até mesmo furia. Um ambiente suave e sombrio é a chave para a harmonia.
Regra N° 7: Nunca, sob nenhuma circunstância, olhe nos olhos deles por mais de três segundos. É uma violação de um pacto silencioso que pode resultar em consequências desastrosas.
Regra N° 8: Esteja sempre preparada para a mudança de comportamento. Eles podem ser extremamente educados em um momento e, no próximo, se transformar em criaturas imprevisíveis. O que é normal para você pode ser um sinal de alerta para eles.
Regra N° 9: Fique atenta ao relógio. Às 3 da tarde, um silêncio profundo toma conta da sala. É o momento em que eles se reúnem e tornam-se um só. Não interfira nesse ritual.
Regra N° 10: Se você ouvir risadas vindas do corredor, é melhor permanecer em silêncio e não investigar. O que acontece fora da sala é um mistério que deve permanecer assim.
Enquanto eu lia essas regras, uma sensação de inquietação começou a tomar conta de mim. O que exatamente eram essas criaturas? O que eu havia me metido? A ideia de lecionar em um lugar tão peculiar agora parecia mais um pesadelo do que uma oportunidade. Ouvindo um leve sussurro atrás de mim, virei rapidamente e percebi que um dos alunos, com um olhar inquisitivo, me observava. A tensão no ar era palpável, e a única coisa que eu conseguia pensar era: eu precisava me adaptar a esse novo mundo ou arriscar perder muito mais do que meu emprego.
Saí da sala dos registros, a cabeça girando com perguntas sem resposta. O corredor estava silencioso, e a sensação de que eu estava sendo observada retornou com força total. Enquanto caminhava, ouvi um som suave, um soluço vindo de um canto escuro. Meus instintos me alertaram, mas minha curiosidade me levou a seguir o som.
Ao me aproximar, encontrei uma garotinha sentada no chão, com as mãos cobrindo o rosto. Ela estava chorando. Meu coração se apertou. "Ei, tudo bem?" perguntei, inclinando-me para ver seu rosto. Quando ela levantou a cabeça, um grito irrompeu da minha garganta.
A menina não tinha olhos. Apenas orbes vazios e sem vida, como se a escuridão tivesse tomado seu olhar. Ela me encarava com um sorriso que não se correspondia com sua aparência, e, para minha horror, começou a rir. O som era agudo e perturbador, ressoando nos corredores vazios. O riso ecoou em minha mente, uma sinfonia de loucura que me deixou paralisada.
"Não... não, o que é isso?" eu gaguejei, recuando lentamente. O riso da menina se intensificava, e, de repente, ela simplesmente desapareceu diante de mim, como se nunca tivesse estado ali. Meu coração disparou, e eu me afastei, lutando para recuperar a compostura.
Desesperada, olhei para a parede ao meu lado, buscando alguma coisa que pudesse me ancorar na realidade. E então, vi. Uma foto emoldurada da garotinha, sorrindo, com olhos brilhantes e vivos. Era a mesma menina, mas essa imagem refletia uma inocência que a presença dela havia negado. Como isso era possível? O que tinha acontecido com ela?
O riso ainda ecoava em minha mente enquanto eu tentava processar o que acabara de acontecer. A ideia de que essas crianças eram visitantes de um mundo sombrio, ou até mesmo criaturas que haviam perdido suas próprias almas, começou a tomar forma em minha mente.
Eu precisava entender mais sobre a Academia de DevilsHills e o que acontecera com seus alunos. As respostas estavam dentro daquela escola, mas a cada descoberta, a escuridão parecia se aprofundar. E eu estava cada vez mais convencida de que, para descobrir a verdade, eu teria que enfrentar os horrores que aguardavam nas sombras.
Sem saber o que mais poderia acontecer, saí do corredor, determinada a desvendar o mistério que cercava aqueles alunos e a própria escola. Mas a sensação de que a escuridão estava me seguindo nunca desapareceu. A luta pela verdade e pela segurança estava apenas começando, e eu não sabia onde isso me levaria.
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Portal Obscuro
HorrorUma professora aceita um emprego na enigmática Ademia DevilsHills, uma escola famosa por sua excelência, mas que esconde segredos terríveis. Ao encontrar um manual com regras macabras, ela descobre que seus alunos na verdade não são humanos.