Capítulo 08 - Fraqueza

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|Pov Kaya|

- Levanta. - Jason praticamente ordena e eu só me levanto vendo ele me puxar pelo braço.

Eu gritei para ele vir aqui porque eu precisava ir no banheiro e surpreendentemente o mesmo veio. Sem reclamar eu deixo ele me arrastar de novo para aquele banheiro horrível onde tenho feito minhas necessidades.

Enquanto andamos pelo corredor eu o olho e ele olha pra mim de volta me fazendo desviar o olhar rapidamente. Toda vez que ele olha pra mim eu fico envergonhada, porque lembro daqueles pensamentos que tive em relação a ele.

- Não demora. - Ele fala antes de abrir a porta do banheiro pra mim e praticamente me empurrar lá dentro. Apesar da fala dele eu sei que ele não vai invadir o banheiro se eu demorar e isso me alivia bastante.

Eu faço minhas necessidades, aproveito pra escovar o dente, não me pergunte com que escova, e me lavar. Depois disso eu saio do banheiro e o vejo encostado na parede do outro lado do corredor, paralelo à porta.

Ele me olha e percebo sua irritação por ter me esperado em pé. - Eu nem demorei. - Digo quase em um susurro mas vejo que ele escutou.

Andamos até a porta do porão e Jason me puxa pelo braço pra entrar lá mas eu tento o impedir. - E-espera...-Falo e me afasto levemente de seu aperto para não entrar.

Ele me olha estranho e eu continuo, tentando arrumar uma desculpa para não entrar de novo naquele ambiente horrível. - Preciso de um pouco da luz do sol, sabe...ou eu posso morrer por falta de vitamina D.

O mesmo bufa um riso irônico e me puxa para mais perto dele para que eu não tente me afastar de novo. Seu aperto aumenta em meu braço enquanto ele fala. - Você não vai morrer. - sua voz rouca me dá arrepios e eu engulo em seco.

- Por favor...-Falo quase implorando e faço minha melhor cara de coitada, tentando convencer ele. Mesmo ele sendo um psicopata que não se importa com o meu sofrimento, acho que não custa tentar.

- Apenas dez minutos e não tente fugir, entendeu? - Jason diz com firmeza, me dando aquele olhar ameaçador de sempre. Eu só assinto de cabeça baixa e ele me empurra pela cintura guiando-me até uma porta que penso ser a saída.

Ele abre a porta esperando eu passar por ela primeiro, eu dou passos lentos pra fora como se estivesse pisando em ovos e sinto sua presença atrás de mim. Seu olhar queimando minhas costas enquanto eu finalmente saio daquela casa.

Posso sentir que se eu der um passo em falso ele vai me segurar de novo e me arrastar de volta ao cativeiro.

Sentir a brisa do vento em meu rosto e a luz do sol é revigorante, depois do que eu acho que foram anos, mas na verdade foram apenas alguns dias, dentro de um cômodo fechado e abafado. É como se eu estivesse finalmente livre mas não estou realmente.

Eu me sento na grama verdinha, posso ouvir o som de alguns insetos e possivelmente animais não muito longe de mim na floresta mas ignoro solenemente. Só quero aproveitar meus míseros minutos de liberdade.

Eu posso sentir ele me observando, observando a cada gesto que eu faço. Ele não desvia o olhar e é quase como só existisse eu nesse lugar. Eu deveria ficar agoniada com isso mas de alguma forma não me incomoda.

Eu não vou mentir, ele me surpreendeu ao aceitar me deixar sair. Sei que isso não é grande coisa considerando a maldade que ele tem feito comigo me deixando presa mas...ele não é do tipo de cara que faz essas coisas, certo?

Ele é um assassino em série perverso que mata tão facilmente, sem sentir nenhum remorso então essa atitude dele foi surpreendentemente...boa.

Talvez, só talvez exista alguma parte dele que posso sentir empatia pelas pessoas. Talvez ele possa ter uma parte humana.

Sei que não posso deixar pequenas atitudes interferirem no meu julgamento sobre ele no entanto... talvez ele não seja tão ruim.

Sorrio levemente ao pensar na possibilidade de que ele possa se apaixonar ou amar alguém.

-

|Pov Narrador|

Jason observa Kaya sentada na grama, com um olhar quase de admiração, seus olhos vagando de seu rosto angelical na luz do sol a seu corpo esbelto. Ele observa com atenção cada movimento dela, como se estivesse gravando em sua memória a imagem de Kaya ali.

Ele se pega pensando em como ela é bonita mesmo estando desarrumada, em como ela traz uma suavidade consigo. Ele não pode negar que sente algo diferente por essa garota em particular.

Ele nota seu leve sorriso, um sorriso tão bonito que o faz pensar em se aproximar mais dela e a tocar, acariciar seu lindo rosto e quem sabe beijar seus lábios, mas repreende rapidamente esse pensamento. "Que porra estou pensando?" Jason pensa antes de espantar esses pensamentos.

Ele vai até ela e a puxa sem nenhuma delicadeza fazendo a mesma se levantar bruscamente. Sua mão forte machucando o braço fino de Kaya enquanto ele a arrasta de volta para dentro da casa.

- Espera, só mais um tempinho por favor-. - Kaya protesta mas ele a interrompe com raiva. - Eu disse dez minutos! - Diz ele enquanto a leva de volta ao cativeiro. Ela resolve apenas ficar em silêncio e não o irritar mais, mesmo frustada por não poder aproveitar o suficiente.

Dentro do cativeiro Jason a empurra na cama, fazendo Kaya se sentar assustada. Ele aperta firmemente o pescoço dela com sua mão e grita. - Você não vai sair daqui nunca mais!

A garota tenta afastar-se do aperto dele mas não consegue, ela estava tão assustada pela ação repentina dele que nem viu as lágrimas começarem a cair de seus olhos.

Quando Jason vê as lágrimas no rosto dela ele tira rapidamente a mão do pescoço dela, desfazendo o aperto. Ele a olha e por um momento um vislumbre de arrependimento brota em seu olhar.

No entanto ele não fica o suficiente para que Kaya veja sua expressão e se apressa indo embora. Ele fecha a porta com força atrás de si e a tranca, deixando para trás uma Kaya assustada.

A garota observa em silêncio ele partindo, suas lágrimas caindo aos montes agora que ele se foi. Suas mãos segurando seu pescoço dolorido.

Ela está confusa e assustada, logo agora que Jason parecia menos assustador ele a mostra aquele lado dele pelo qual ela tem tanto medo.

Ela quase se esqueceu que ele era um monstro insensível e por um momento ela pensou que ele pudesse ter empatia por ela. "Que tola eu fui. Vou mesmo ficar presa pra sempre" Kaya pensa antes de deitar na cama, chorando.

A verdade é que Kaya fazia Jason sentir algo que nunca sentiu antes e isso o irritava porque pra ele, ter sentimentos como esse o deixava fraco.

Nesses momentos como agora em que ele ficava confuso e vulnerável a mãe dele sempre conseguia o manipular facilmente.

"Você vê? Ela te deixa fraco", "Você está fraco por causa dela", "Mate-a antes que ela te arruine", "Eu sou a única que importa pra você, Jason. Eu sou a sua mãe".

- Talvez a senhora tenha razão...- Jason murmura pra si mesmo, se afundando novamente na parte mais sombria de seu ser.

Continua...

Nota da autora: Eu percebi que tenho mudado minha forma de escrever no decorrer dos capítulos, mas acho que isso é normal. Enfim, me digam, isso incomoda vocês?

Noite Sombria - Jason VoorheesOnde histórias criam vida. Descubra agora